quinta-feira, 14 de julho de 2016
Ao longo dos últimos 31 anos, ele visitou 21 países e em todos eles deixou a sua marca.
Plantar uma árvore é simples. Dez também é tranquilo. Cem já fica um
pouco mais complicado, mas, e plantar 2.381.00? O número é tão grande
que fica até difícil imaginar, mas o brasileiro Alexandre Chut garante
que já plantou esses mais de dois milhões de árvores e elas estão
espalhadas por terras brasileiras e internacionais.
A missão do plantador começou em 1985. Era um dia comum e Alexandre
estava trabalhando com algodão em uma comunidade agrícola em Israel. Um
percalço em meio a essa atividade o levou a reparar melhor a paisagem ao
seu redor e o brasileiro mudou seu olhar sobre a quantidade de árvores
presentes à sua volta mesmo estando praticamente em meio ao deserto.
Essa foi apenas a sementinha de uma missão muito maior que ainda estava
por vir. Desde então, por onde passa, ele tenta deixar um rastro verde.
Além da paixão por árvores, Alexandre é formado em psicologia,
pós-graduado em biodinâmica e biossíntese, doutor em acupuntura e
astrólogo profissional. Com uma carreira sólida e tendo como principal
atividade profissional o atendimento clínico, ele precisa administrar o
tempo dedicado à carreira, que inclui também palestras em congressos
internacionais, à educação ambiental e ao plantio de novas árvores. Para
ele, sua missão neste mundo é “atender, educar e trazer o verde de
volta”.
Após o episódio em Israel, Alexandre passou a ter o propósito de plantar, pelo menos, uma árvore em cada local por onde passasse. Ao longo dos últimos 31 anos, ele visitou 21 países e em todos eles deixou a sua marca. “Não tem nenhum país que eu fui que eu não plantei”, diz.
O resultado disso é um saldo impressionante de 2.381.000 árvores no
currículo. Mas, o plantador garante que não basta plantar e abandonar.
“Se plantar e não cuidar, é como ter uma criança e não educar”,
explicou. Por isso, em todos os plantios, ele faz questão de manter ele
mesmo o acompanhamento da muda ou deixar alguém incumbido dessa missão,
são pequenos guardiões. Além de plantar, ele aproveita as ocasiões para
falar sobre educação ambiental e sobre a importância de resgatar a
vegetação, principalmente nos centros urbanos.
Os plantios
Japão, Nepal, Índia, Egito, Israel, Itália, França, Inglaterra,
Portugal, Suíça, Estados Unidos, México, Colômbia, Equador, Peru,
Bolívia, Chile, Argentina, Paraguai e Uruguai estão na lista de países
que tem, ao menos, uma árvore plantada por Alexandre. Mas, ele garante
que a maior parte está mesmo no Brasil, onde ele plantou em quase todos
os estados.
Apesar de plantar em área urbana e rural, o plantador lembra que a maior
parte das árvores está em florestas. Ele mesmo tem duas reservas
particulares no estado de Minas Gerais, que preserva sozinho. “Meu
dinheiro foi todo para isso. Minha energia foi toda para isso”, comenta.
Durante 30 anos o Dr. Acupunturista teve uma ONG, o Instituto PLANT +
AR. Através da organização ele realizou diversos mutirões de plantio na
cidade de São Paulo. Ele mesmo produzia as mudas ou conseguia doações,
corria atrás da liberação da prefeitura e ia nas rádios convidar a
população para plantar novas árvores.
“Nas florestas são usadas mudas pequenas. Nas cidades nós usamos árvores
maiores já, são mudas específicas”, informa o plantador, acrescentando o
fato de que para plantar nas cidades é sempre necessário seguir os
padrões estabelecidos no Manual de Arborização Urbana, que dá diretrizes
para o plantio, estabelecendo padrões e indicando as espécies mais
adequadas para cada tipo de espaço.
Mas, como nem tudo é alegria, Alexandre lembra também que nessas três
décadas já tiveram momentos tristes. “Participei de um plantio de 280
mil árvores na Rodovia Castelo Branco, patrocinado pelo Banco Real. Eram
mais de 80 espécies nativas, que foram perdidas anos depois em apenas
duas noites por causa dos projetos do trem bala”, lamenta.
Pelo lado positivo, todo o seu envolvimento com a causa da arborização
urbana lhe rendeu abertura com a prefeitura de São Paulo em diversas
gestões e permitiu que ele mesmo participasse da criação de projetos de
resgate do verde na cidade de São Paulo, de mudanças de lei sobre
reservas florestais e arborização urbana e muito mais.
Novos desafios
Mesmo tendo um ritmo menos intenso de mutirões, Alexandre continua
plantando e passando o seu conhecimento aos grupos que trabalham
plantando árvores pela cidade.
“Quando eu faço isso eu sinto a luz, eu sinto Deus comigo, eu sinto as
funções do mundo acontecendo. A minha função é ativar os líderes para
fazer isso. Eu me sinto vivo quanto eu estou plantando. Se eu tivesse
apoio, eu já teria plantado cinco vezes mais. Porque tem muito lugar
para plantar. A floresta dá vida para o ser humano.”
O próximo desafio de Alexandre é tentar entrar no Guinness, ele já está
juntando as evidências de seus plantios para solicitar o reconhecimento
do livro dos recordes.
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