- quinta-feira, 28 julho 2016 00:04
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Manaus, AM -- Fugir da água para acasalar é bem
mais seguro, como já imaginavam os biólogos. O que eles ainda não tinham
se dado conta é que os antepassados de anfíbios que vivem hoje fugiam
dos principais cursos d'água também para escapar da concorrência de
outros machos e garantir que os descendentes carregassem o seu DNA. A
descoberta foi publicada na revista The American Naturalist, por
pesquisadores brasileiros e americanos, esta semana (26 de julho).
A conclusão veio depois dos pesquisadores analisarem o tamanho dos testículos de espécie tropicais de rãs de dois grupos diferentes, Hylidae e Leptodactylidae. Eles imaginaram, e depois confirmaram, que machos sujeitos a uma concorrência mais feroz devem ter testículos maiores e de tamanhos mais variáveis, a exemplo do que acontece com outros animais cujos machos enfrentam grande disputa para encontrar uma companheira.
Algumas espécies de rãs, por exemplo, acasalam na água guardada em folhas de bromélias. Há casos até em que machos constroem ninhos de barro, em forma de vulcão. Rayna Bell e colaboradores acreditavam que, se a busca por segurança de ovos e girinos era o principal fator de evolução para a reprodução terrestre, eles deveriam encontrar também outras estratégias para proteger os futuros filhotes. Ele descobriram que não essa isso o que acontecia.
Conforme as pesquisas demonstraram, a maior parte da diversidade de estratégias de reprodução envolve a fase de ovo, que mesmo em terra estão susceptíveis a predadores. Além disso, os girinos rapidamente buscam águas perigosas. Esse padrão, na visão dos responsáveis pelo artigo, indica que a seleção natural age de forma diferente quando se trata de proteger os ovos ou os girinos.
"Os trópicos têm a maior diversidade de espécies de anfíbios, bem como a maior diversidade e complexidade nos modos reprodutivos das rãs", destaca Rayna Bell, "Mas nós sabemos o mínimo sobre a biologia, comportamento e diversidade destas espécies tropicais, embora muitas estejam ameaçados e só agora algumas estejam sendo descobertas”, completa.
A pesquisa foi financiada por doações e bolsas da National Science Foundation, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e Universidade da Califórnia.
Saiba Mais
Artigo: Polyandry, Predation, and the Evolution of Frog Reproductive Modes. Kelly R. Zamudio, Rayna C. Bell, Renato C. Nali, Célio F. B. Haddad, Cynthia P. A. Prado, and Symposium.
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