Pensando nisso, a aluna de doutorado Lígia Bueno do Instituto de Química da USP desenvolveu sob supervisão do orientador um dispositivo de detecção desses microorganismos que é incorporado em embalagens plásticas e que pode mostrar seus resultados diretamente no smartphone do consumidor. Lígia conta que ao colonizarem o alimento, os microorganismos emitem compostos orgânicos voláteis. “Isso é característico para cada microorganismo, é meio que uma ‘impressão digital’ dele”, explica.
A cientista idealizou um dispositivo composto de cinco membranas em formato redondo feitas de acetato de celulose. Cada uma das “bolinhas” recebe um corante diferente, que vão reagir de formas diferentes de acordo com o composto volátil liberado pelos microorganismos. Esse dispositivo, já que é compatível com o material que embala o alimento, seria colocado no canto da embalagem. Depois do contato com o corante, os compostos voláteis irão reagir emitindo uma determinada coloração. Um aplicativo para smartphone, irá detectar dentro do padrão RGB (do inglês red (vemelho), green (verde), blue (azul)) a quantidade de cada cor presente nas “bolinhas”.
A princípio, o dispositivo foi pensado com o foco na embalagem de carnes. Mas, o projeto vai além disso. A doutoranda explica que será possível usar o dispositivo de uma outra maneira até na parte de produção, porque nela você tem os alimentos in natura então dá para fazer esse controle e evitar que o alimento chegue estragado nas prateleiras. O projeto recebe auxílio da FAPESP.
Japoneses tiveram ideia parecida
Um ano depois da divulgação do estudo da USP, cientistas japoneses também divulgaram um “material inteligente” que consegue detectar o estado de conservação de produtos como a carne ou o peixe. O sensor é capaz de detectar a histamina, uma substância gerada quando as bactérias começam a decompor os aminoácidos dos alimentos, e que é responsável por sintomas de intoxicação alimentar, mesmo em pequenas quantidades.Diferente do projeto do Brasil, os japoneses utilizam um microcircuito (tinha que ter um “robozinho” no meio, não é?) impresso num material semicondutor em película aderente e, no futuro, poderá ser instalado em embalagens de modo a fornecer informação automática sobre o estado de conservação dos alimentos. A leitura também utilizará um aplicativo para smatphones.
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