Revista Radis editorial
Megaeventos esportivos são usados
como pretexto para impor modelos de reordenamento urbano desde 1992, na
Olimpíada de Barcelona, na Espanha. Foi assim em 2014, durante a Copa da
Fifa em várias capitais do Brasil. E o mesmo ocorre agora, com a
Olimpíada do Rio de Janeiro.
As alardeadas transformações e modernizações para os jogos olímpicos legaram ao carioca uma cidade ainda mais excludente, desigual e entregue à especulação imobiliária. O modelo de ocupação e mobilidade implantado é voltado para os negócios, em detrimento do interesse e da qualidade de vida da maioria da população, dos transportes de massa e de soluções socioambientais sustentáveis, atestam pesquisadores, movimentos sociais e moradores ouvidos pelas repórteres Ana Cláudia Peres e Liseane Morosini.
Moradias, empregos e vidas estão em risco ou foram perdidas num processo truculento de segregação, que o urbanista Carlos Vainer caracteriza como “cidade de exceção”, numa referência à suspensão de direitos e garantias constitucionais. O pesquisador Orlando dos Santos Junior evoca o direito à cidade e lembra que o número de habitações vazias nas metrópoles brasileiras equivale ao número de pessoas sem teto. Em desvantagem na disputa pelo espaço urbano, há um outro projeto de cidade, mais humana, saudável e solidária, destinada às pessoas, em que o interesse público fala mais alto, registra a matéria de capa.
Às
vésperas da Olimpíada, o editor Adriano De Lavor entrevistou grandes
desportistas e profissionais de Educação Física sobre os impactos à
saúde provocados por treinamentos exaustivos, lesões, dedicação extrema e
pressão psicológica a que estão submetidos os atletas de alto
rendimento. Outrora amadores movidos por aptidão genética e
perseverança, os atletas atuais são profissionais de carreira
extremamente desgastante e frequentemente curta, a serviço de um
espetáculo bilionário, que nem sempre lhes recompensa.
Nos
esportes olímpicos ou no futebol profissional, a maioria permanece mal
remunerada ou fica pelo caminho com suas frustrações e sequelas. A
cultura da superação de limites a qualquer custo, além dos danos que
causa no ambiente olímpico, dissocia a atividade física da saúde, quando
reproduzida nas práticas esportivas de pessoas comuns.
A
comunidade da saúde pública está indignada com as ameaças do governo
interino contra o SUS e demais serviços públicos. Da mesma forma, enxerga na subtração de direitos trabalhistas e
previdenciários — ver matéria sobre o mito do déficit na previdência —
um ataque à saúde dos trabalhadores.
Pesquisadores
alertam para os riscos do benzeno, substância cancerígena presente na
extração e no refino do petróleo e na produção de aço. Ele entra em
contato com o corpo via respiração, como na inalação pela manipulação de
gasolina e solventes, ou por contato direto com a pele.
O
ex-presidente da Fiocruz e atual presidente do Conselho Político e
Estratégico de Bio-Manguinhos, Akira Homma, relembra, em entrevista, a
epidemia de meningite ocultada pela ditadura na década de 1970 e analisa
as tendências na produção de imunobiológicos e vacinas.
Autor:
Rogério Lannes Rocha
Editor-chefe e coordenador do programa Radis
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