sábado, 15 de outubro de 2016

Estamos pisando mais leve sobre o planeta

Por Vandré Fonseca
Foto: Oscar Vender.
Foto: Oscar Vender




Manaus, AM -- Os impactos das atividades humanas sobre o planeta continuam se expandindo, mas num ritmo bem menor do que o crescimento econômico e o aumento da população. Este é o resultado do mapa divulgado hoje, no jornal científico Nature Comunications, por uma equipe de pesquisadores da Wildlife Conservation Society (WCS) e de oito universidades estrangeiras. O mapa está disponível na internet.



Enquanto a economia global cresceu 153%, entre 1993 e 2009, a população mundial teve um acréscimo de 23%, números acima da pegada ecológica que deixamos, que aumentou 9% durante este período, de acordo com o estudo. O resultado é encorajador, de acordo com o líder do estudo, Oscar Venter, da Universidade de Northern British Columbia. “Isto significa que nós estamos ficando mais eficientes quanto ao uso de recursos naturais”, afirma o professor.



No Brasil, a tendência é um pouco diferente, a pegada ecológica aumenta mais do que a população, mas o crescimento da economia supera ambas de longe. Durante o período analisado, a economia do país praticamente quadruplicou (aumento de 280%), mas a população cresceu bem menos (24,64%). Porém, a pegada ecológica brasileira acelerou em relação ao número de habitantes, e cresceu 32,29%.



Em nível global, conforme indica o estudo, boa governança e urbanização têm contribuído para reduzir os impactos do homem sobre o planeta. Para os pesquisadores, concentrar a população em vilas ou cidades, onde as pessoas possam ter acesso a necessidades básicas como alimentação e infraestrutura em vez de estarem espalhadas por uma região maior, contribuir para reduzir a pegada ecológica. Eles destacam também o papel de governantes na redução dos danos à natureza.



O diretor da WCS no Brasil, Carlos Durigan, chama a atenção para os impactos que já foram causados até aqui e o esgotamento dos recursos naturais. Ele cita o exemplo da agricultura que tem aumentado a produtividade, mas a custo de grandes desmatamentos, de uso de agrotóxicos e esgotamento da água. “Há outras questões que precisam ser consideradas, com a questão do clima”, lembra Durigan.



O próprio estudo deixa claro que, mesmo em ritmo mais lento, ainda estamos provocando grandes impactos sobre a natureza, considerados “terrivelmente extensos” pelos autores do estudo. “Nossos mapas mostram que ¾ do planeta estão significantemente alterados e 97% de todos os locais com espécies em risco na Terra têm sido seriamente alterados”, afirma James Watson, que participou da elaboração do estado. “Não é de se admirar que há uma crise de biodiversidade”, conclui.

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