As áreas de proteção ambiental cobrem quase 20 milhões de quilômetros
quadrados, ou cerca de 15% do planeta, número que está pouco abaixo das
Metas de Aichi de Biodiversidade, adotadas por mais de 190 países em
2010, que prevê 17% de cobertura em 2020.
Com 14,7% da superfície da Terra e 12% de suas águas territoriais
protegidas, o mundo está a caminho de cumprir um importante objetivo
global de conservação, de acordo com novo relatório apresentado no
início deste mês pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA) e pela União Internacional para a Conservação da Natureza
(UICN).
No entanto, o relatório “Planeja Protegido 2016” mostrou que áreas
cruciais de biodiversidade permanecem desprotegidas, enquanto espécies e
habitats estão subrepresentados e uma gestão inadequada limita a
efetividade dessas áreas.
“As grandes conquistas em número e tamanho das áreas protegidas das
últimas décadas têm que ser acompanhadas de melhoras em sua qualidade”,
disse o diretor-executivo do PNUMA, Erik Solheim.
“O mundo deve fazer mais para proteger de forma efetiva os lugares com
maior diversidade biológica. As áreas protegidas devem estar mais bem
conectadas, para permitir que as populações de animais e plantas se
mesclem e se disseminem. Também é importante assegurar que as
comunidades locais estejam envolvidas nos esforços de proteção. Seu
apoio é crucial para a conservação no longo prazo”, completou.
“Hoje, o mundo enfrenta desafios ambientais e sociais críticos, como a
mudança climática e a segurança alimentar e da água”, disse, por sua
vez, Inger Andersen, diretor-geral da UICN. “As áreas protegidas têm um
importante papel na conservação das espécies e nos ecossistemas que nos
ajudam a fazer frente a esses desafios. Assegurar que sejam
cuidadosamente mapeados e eficientemente administrados é crucial se
quisermos continuar prosperando neste planeta”.
Segundo os cientistas da UICN e do Centro Mundial de Monitoramento da
Conservação do PNUMA, atualmente há 202.467 áreas protegidas que cobrem
quase 20 milhões de quilômetros quadrados, ou 14,7% do planeta, com
exceção da Antártida. Esse número está pouco abaixo das Metas de Aichi
de Biodiversidade, adotadas por mais de 190 países em 2010, que preveem
17% de cobertura em 2020.
A cobertura de áreas protegidas caiu 0,7% desde o último relatório
Planeta Protegido. Os cientistas acreditam que não se trata de uma
diminuição real da cobertura de solos, mas uma consequência de fatores
relacionados a fluxos de dados, tais como mudanças nas fronteiras,
eliminação de alguns sítios de grande porte da Base de Dados Mundial de
Áreas Protegidas ou de uma melhora na qualidade das informações.
A região da América Latina e do Caribe possui a maior área protegida do
mundo, quase 5 milhões de quilômetros quadrados. Cerca da metade está no
Brasil, país com o maior sistema de terras protegidas do mundo, com
2,47 milhões de quilômetros quadrados.
O Oriente Médio, por outro lado, tem o índice mais baixo de proteção de
terras, com cerca de 3%, que equivale a cerca de 119 mil quilômetros
quadrados.
A última década viu um progresso notável na proteção dos oceanos no
mundo. O tamanho das áreas marinhas protegidas aumentou de pouco mais de
4 milhões em 2006 para quase 17 milhões de quilômetros quadrados
atualmente, o que cobre 4% dos oceanos da Terra, quase o tamanho da
Rússia. No entanto, apesar do crescimento, ainda resta muito a fazer
para melhorar a qualidade das áreas protegidas, segundo o PNUMA.
Áreas de importância para a biodiversidade
Atualmente, menos de 20% das áreas-chave de biodiversidade do mundo
estão completamente cobertas por áreas protegidas, enquanto menos de 20%
dos países cumpriram seus compromissos para avaliar a gestão de suas
áreas protegidas, o que levanta dúvidas sobre a qualidade e a eficácia
das medidas de conservação existentes.
O relatório recomenda investir em áreas protegidas para fortalecer a
gestão sustentável da pesca, controlar as espécies invasoras, fazer
frente à mudança climática e reduzir os incentivos prejudiciais, como os
subsídios, que ameaçam a biodiversidade.
A adoção dessas recomendações ajudaria a deter a perda de
biodiversidade, melhorar a
segurança alimentar e da água, permitir às
comunidades vulneráveis fazer frente aos desastres naturais e conservar o
conhecimento tradicional.
Novos dados
Desde que os dados do relatório foram coletados, foram declaradas novas
áreas marinhas protegidas, como a recente expansão ordenada pelo
presidente norte-americano, Barack Obama, do Monumento Nacional Marinho
Papahanaumokuakea no Havaí, oito novos sítios protegidos em Malta e
grandes áreas marinhas protegidas no Chile e em Palau. Isso fez com que a
taxa das águas territoriais protegidas aumentasse para 11,95%, ante
10,2% citado no documento.
O relatório Planeta Protegido 2016 avalia a forma com a qual as áreas
protegidas contribuem para a realização do Plano Estratégico para a
Diversidade Biológica e as metas pertinentes dos Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável. Nele se destacam estudos de pesquisa e
casos atuais sobre o papel que as áreas protegidas desempenham na
conservação da biodiversidade e do patrimônio cultural.
Fonte: EcoDebate
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