Vítima da ação humana, golfinho pode desaparecer em 10 anos
Na Lista da Fauna Brasileira de Espécies Ameaçadas de
Extinção (Portaria MMA 44417/2014), o boto-cinza sente, a cada dia, o
cerco se fechando.
Os cerca de 800 exemplares que ainda existem na Baía
de Sepetiba (RJ) – local que concentra a maior população de botos-cinza
do mundo – estão encurralados de um lado pelo desenvolvimento portuário,
industrial e urbano e do outro pela pesca predatória que avança e acaba
com os peixes dos quais eles se alimentam.
Como não têm o hábito de migrar, os animais dependem,
exclusivamente, do equilíbrio do local onde vivem, e um dos grandes
riscos para a sobrevivência do golfinho é a poluição. Com a chegada de
grandes indústrias na região portuária da baía – cerca de 450 , os botos
sofrem com as concentrações de metais pesados, que afetam seus sistemas
imunológicos e hormonais, deixando os animais mais suscetíveis a
doenças de pele, ossos.
O rápido crescimento da região também fez com que os
botos-cinza e os pescadores artesanais tivessem que disputar espaços de
pesca. A baía, que tem 536 Km², abriga três terminais portuários e um
estaleiro da Marinha. Os empreendimentos têm direito às chamadas áreas
de exclusão, locais onde a atividade pesqueira é proibida.
Com isso, os
pescadores artesanais são empurrados para a área que os botos-cinza
costumam habitar. Em alguns casos, o boto fica preso nas redes de emalhe
e não consegue subir à superfície para respirar, quando não se machuca
em equipamentos, como anzóis.
Como se não bastassem esses problemas, o boto também
disputa comida com os grandes barcos ilegais que cometem pesca
predatória na região. Os grandes pesqueiros buscam peixes da cadeia
alimentar do boto-cinza, que acabam morrendo por desnutrição. A pesca
ilegal também não respeita o período de defeso (quando a pesca é
proibida) dos peixes consumidos pelo golfinho.
Campanha – De 18 setembro a 8 de outubro, o
MPF promove a campanha #SalveoBoto, nas redes sociais do órgão, com
vídeos, posts e matérias sobre o tema. Realizada em parceria com a
Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e o Instituto
Boto Cinza, a campanha estimula o uso da hashtag #SalveoBoto com
objetivo de mobilizar internautas e organizações a derem visibilidade ao
risco de extinção do boto-cinza.
Saiba mais em www.salveoboto.mpf.mp.br.
Do MPF, in EcoDebate, 03/10/2016
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