quarta-feira, 28 de setembro de 2016
Um grupo de 36 organizações se uniu para defender a preservação da água
no Cerrado em mobilização lançada ontem (27), em Brasília. A Campanha
Nacional em Defesa do Cerrado busca conscientizar a sociedade dos
problemas que a falta de água tem provocado na biodiversidade da região e
na vida de comunidades indígenas e povos tradicionais.
“O Cerrado é fundamental para essas comunidades. Essa campanha está
sendo lançada hoje, na expectativa de atingir toda a sociedade
brasileira para chamar atenção dessa realidade que o Cerrado está
vivendo”, disse Isolete Wichinieski, integrante da Comissão Pastoral da
Terra (CPT), uma das entidades envolvidas na campanha. Além da CPT,
outras organizações religiosas e de defesa da agricultura familiar e dos
e direitos humanos integram a campanha.
Segundo Isolete, os povos tradicionais e comunidades indígenas têm um
papel importante “na defesa desse território, no uso que eles fazem e na
maneira como foram se adaptando e convivendo com esse bioma”.
A campanha pretende mostrar que um dos grandes responsáveis pelo
processo de escassez da água e empobrecimento do solo do Cerrado é a
monocultura ligada ao agronegócio.
“Nosso Cerrado está totalmente destruído. O agronegócio está avançando. A
produção de soja, milho, cana-de-açúcar e eucalipto no território
Guarani-Kaiowá trouxe prejuízo para a nossa comunidade”, disse o
indígena Elson Guarani-Kaiowá durante o lançamento da campanha.
“Sofremos também vários ataques de agrotóxicos que foram despejados na
comunidade indígena. Quando chove, esse agrotóxico cai nos rios, matando
os peixes e os animais que ainda restam nas matas. Isso para a gente é
uma grande preocupação”, acrescentou.
PEC do Cerrado
Entre as ações da campanha, estão a defesa da aprovação da Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) 504/2010, que torna o Cerrado patrimônio
nacional. Outra medida é estudar e cobrar políticas para frear o
desmatamento na região. “Hoje o cerrado tem menos de 48% de vegetação
[original]. A gente precisa conservar esse Cerrado em pé e pensar
políticas que possam realmente recuperar o que a gente ainda consegue
recuperar. Porque nem tudo a gente vai conseguir recuperar desse
território, da vegetação e da sua biodiversidade”, lamentou.
Outra preocupação das entidades envolvidas na campanha é a inclusão do
bioma no Plano de Desenvolvimento Agropecuário do Matopiba (sigla para a
região de Cerrado nos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia,
considerada a grande fronteira agrícola do país atualmente). “Esse plano
vai impactar muito mais o Cerrado. Se a gente não tiver um processo de
discutir com as comunidades, de ver como barrar esse plano de
desenvolvimento, teremos graves consequências para o Cerrado”, disse
Isolete Wichinieski, da CPT.
Fonte: EcoDebate
Nenhum comentário:
Postar um comentário