sexta-feira, 30 de setembro de 2016
O primata está classificado como “criticamente em perigo” na Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.
Os muriquis-do-norte ou muriquis-de-minas (Brachyteles hypoxanthus) –
que são os primatas mais ameaçados de extinção das Américas – ganham uma
nova esperança para sua preservação. Trata-se do lançamento do Programa
de Conservação Muriquis de Minas, idealizado por especialistas da
organização não governamental Muriqui Instituto de Biodiversidade (MIB),
e agora executado pela Fundação Biodiversitas, com apoio da Fundação
Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
O macaco muriqui-do-norte – que existe apenas na Mata Atlântica – é uma
das espécies de primatas mais raras e ameaçadas do mundo. Atualmente,
são identificados apenas mil indivíduos que vivem todos no Brasil, sendo
que 800 estão localizados em Minas Gerais.
Além do estado mineiro, o muriqui-do-norte já povoou Bahia, Rio de
Janeiro e Espírito Santo e existe registro de mais de um milhão de
indivíduos na época do Descobrimento do país. Porém, a fragmentação de
seu habitat natural resultou no confinamento da espécie em pequenas
porções de floresta, que atualmente correspondem a oito localidades em
Minas Gerais, uma no Rio de Janeiro e três no Espírito Santo.
Devido a essas ameaças, o primata está classificado como “criticamente
em perigo” na Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do
Ministério do Meio Ambiente e pela avaliação da União Internacional para
Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). Por isso,
muriqui-do-norte é uma das espécies ameaçadas da fauna brasileira que
possui um Plano de Ação Nacional (PAN) para sua conservação, coordenado
pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e
elaborado por especialistas de diversas instituições brasileiras.
Contudo, segundo o Dr. Fabiano Melo, biólogo, professor e pesquisador
responsável pelo Programa de Conservação Muriquis de Minas, até o
momento, grande parte das ações elaboradas para proteger os muriquis não
foi implementada ou apresenta entraves de execução, especialmente por
falta de financiamento. “Esse Programa pretende preencher essa lacuna,
contemplando a implementação das ações prioritárias para a conservação
da espécie já previstas no PAN Muriquis”, explica Fabiano. Para isso, o
Programa contará com uma equipe multidisciplinar, formada por
cientistas, estudantes, educadores, e envolve três vertentes de
trabalho: pesquisa, manejo e educação.
Para Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, o apoio
a um programa como esse dos muriquis é um bom exemplo do que a Fundação
tem feito nestes 26 anos de existência: parcerias com instituições que
possam trazer ações efetivas e auxiliar o poder público e as comunidades
locais a manterem a biodiversidade dos locais em que estão inseridos.
“O Programa dos Muriquis envolve não apenas a conservação do primata,
mas também de todo o ecossistema em que ele ocorre. Dessa forma, serão
beneficiadas outras espécies e também as populações que vivem na Mata
Atlântica, um dos ecossistemas mais devastados do Brasil e do mundo”,
afirma Malu Nunes.
A ideia é utilizar o potencial guarda-chuva da espécie para a
conservação de áreas florestais prioritárias. “Esperamos promover a
conservação dos muriquis por meio da estruturação de modelos de
sustentabilidade, visando a inclusão social das comunidades e a
manutenção de processos ecológicos básicos para a melhoria da qualidade
ambiental”, afirma Gláucia Drummond, bióloga, presidente e
superintendente geral da Fundação Biodiversitas.
A expectativa dos pesquisadores é que nos próximos anos já possam ser
gerados resultados, como o nascimento de filhotes nas regiões estudadas,
pois cada fêmea de muriqui engravida de três em três anos. “Um fato
positivo é que elas podem acasalar com diversos machos no mesmo período,
o que aumenta a possibilidade de fertilização”, explica o professor
Fabiano.
Além da ONG MIB, da Fundação Biodiversitas e da Fundação Grupo
Boticário, também são parceiras institucionais nesta iniciativa a
Reserva do Ibitipoca, Storm Security, as Universidades Federais de
Goiás, Regional Jataí (UFG/REJ) e de Viçosa (UFV).
Fonte: Ciclo Vivo
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