segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Programa de conservação traz esperança para recuperar muriquis

sexta-feira, 30 de setembro de 2016


 
 
O primata está classificado como “criticamente em perigo” na Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção.

 
 
 
 
Os muriquis-do-norte ou muriquis-de-minas (Brachyteles hypoxanthus) – que são os primatas mais ameaçados de extinção das Américas – ganham uma nova esperança para sua preservação. Trata-se do lançamento do Programa de Conservação Muriquis de Minas, idealizado por especialistas da organização não governamental Muriqui Instituto de Biodiversidade (MIB), e agora executado pela Fundação Biodiversitas, com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
 
 
 
 
O macaco muriqui-do-norte – que existe apenas na Mata Atlântica – é uma das espécies de primatas mais raras e ameaçadas do mundo. Atualmente, são identificados apenas mil indivíduos que vivem todos no Brasil, sendo que 800 estão localizados em Minas Gerais.
 
 
 
 
Além do estado mineiro, o muriqui-do-norte já povoou Bahia, Rio de Janeiro e Espírito Santo e existe registro de mais de um milhão de indivíduos na época do Descobrimento do país. Porém, a fragmentação de seu habitat natural resultou no confinamento da espécie em pequenas porções de floresta, que atualmente correspondem a oito localidades em Minas Gerais, uma no Rio de Janeiro e três no Espírito Santo.
 
 
 
 
Devido a essas ameaças, o primata está classificado como “criticamente em perigo” na Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Ministério do Meio Ambiente e pela avaliação da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). Por isso, muriqui-do-norte é uma das espécies ameaçadas da fauna brasileira que possui um Plano de Ação Nacional (PAN) para sua conservação, coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e elaborado por especialistas de diversas instituições brasileiras.
 
 
 
 
Contudo, segundo o Dr. Fabiano Melo, biólogo, professor e pesquisador responsável pelo Programa de Conservação Muriquis de Minas, até o momento, grande parte das ações elaboradas para proteger os muriquis não foi implementada ou apresenta entraves de execução, especialmente por falta de financiamento. “Esse Programa pretende preencher essa lacuna, contemplando a implementação das ações prioritárias para a conservação da espécie já previstas no PAN Muriquis”, explica Fabiano. Para isso, o Programa contará com uma equipe multidisciplinar, formada por cientistas, estudantes, educadores, e envolve três vertentes de trabalho: pesquisa, manejo e educação.
 
 
 
 
Para Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário, o apoio a um programa como esse dos muriquis é um bom exemplo do que a Fundação tem feito nestes 26 anos de existência: parcerias com instituições que possam trazer ações efetivas e auxiliar o poder público e as comunidades locais a manterem a biodiversidade dos locais em que estão inseridos. “O Programa dos Muriquis envolve não apenas a conservação do primata, mas também de todo o ecossistema em que ele ocorre. Dessa forma, serão beneficiadas outras espécies e também as populações que vivem na Mata Atlântica, um dos ecossistemas mais devastados do Brasil e do mundo”, afirma Malu Nunes.
 
 
 
 
A ideia é utilizar o potencial guarda-chuva da espécie para a conservação de áreas florestais prioritárias. “Esperamos promover a conservação dos muriquis por meio da estruturação de modelos de sustentabilidade, visando a inclusão social das comunidades e a manutenção de processos ecológicos básicos para a melhoria da qualidade ambiental”, afirma Gláucia Drummond, bióloga, presidente e superintendente geral da Fundação Biodiversitas.
 
 
 
 
A expectativa dos pesquisadores é que nos próximos anos já possam ser gerados resultados, como o nascimento de filhotes nas regiões estudadas, pois cada fêmea de muriqui engravida de três em três anos. “Um fato positivo é que elas podem acasalar com diversos machos no mesmo período, o que aumenta a possibilidade de fertilização”, explica o professor Fabiano.
 
 
 
 
Além da ONG MIB, da Fundação Biodiversitas e da Fundação Grupo Boticário, também são parceiras institucionais nesta iniciativa a Reserva do Ibitipoca, Storm Security, as Universidades Federais de Goiás, Regional Jataí (UFG/REJ) e de Viçosa (UFV).
Fonte: Ciclo Vivo

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