Brasília, 02 de dezembro de 2016
À Presidente do IBAMA
C/C: Sociedade Brasileira, Imprensa especializada
Considerando
a divulgação pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
apresentado no dia 30/11/2016 sobre o aumento, em um ano, da taxa de
desmatamento da Amazônia em 29%, nós, chefes, gestores de núcleos e responsáveis pela Fiscalização do IBAMA nos Estados, reunidos em Brasília, vimos por meio desta Carta Aberta, alertar que:
Após
4 quatro anos de luta no controle das taxas de desmatamento na
Amazônia, avaliamos que o aumento nos dois últimos anos é um reflexo da
falta de prioridade que a agenda ambiental tem no Brasil com os
sucessivos cortes de investimentos, enfraquecimentos legais, e ausência
de concursos para recomposição do quadro de servidores do IBAMA, bem
como nomeações de Gestores Estaduais cuja experiência não se fez na
carreira ambiental, tampouco possuem qualquer comprometimento com a
causa.
Como
gestores responsáveis diretamente pela execução das atividades de
combate ao desmatamento, alertamos que sem a adoção de medidas
governamentais concretas, o quadro que se desenha para o próximo ano é o
de continuidade do aumento do índice, situação que tira do Brasil o seu
protagonismo no controle da emissão de gases de efeito estufa.
Anualmente,
o contingente operacional empregado na Amazônia é reforçado por equipes
de outros Estados e com isto há um prejuízo no funcionamento das
Superintendências em matérias de fauna, pesca, qualidade ambiental,
comércio exterior e as ações de proteção dos demais Biomas que têm
índices de degradação ainda piores.
Ademais,
lamentavelmente o contingenciamento orçamentário destinado ao órgão
interrompeu o planejamento de 2016 e comprometeu as ações de
fiscalização, resultando na retirada das equipes que atuam no combate
aos crimes ambientais in loco, e permitindo assim o avanço do
desmatamento.
Entendemos
que muitas medidas são necessárias para a manutenção do controle do
desmatamento na Amazônia, mas as principais fogem a governança da
direção do IBAMA, que mesmo com todos os esforços ainda concorre com
pressões advindas de outros setores que objetivam seus respectivos
interesses econômicos e privados em detrimento do bem de uso comum de um
povo e ainda um bem fundamental à sadia qualidade de vida, maculando a
Constituição Federal de 1988.
Dentre as medidas necessárias destacamos as seguintes:
1)
Reforço do orçamento para as atividades de fiscalização que vem
sofrendo redução nos últimos anos: no ano de 2016 o IBAMA já arrecadou
com taxas e multas mais de 436 milhões tendo de despesas discricionárias
em torno de 250 milhões/ano, ou seja, o IBAMA é um órgão superavitário
não justificando a redução e contingenciamento do seu orçamento.
2)
Recomposição do quadro de fiscais por meio da realização de concurso
público: o último concurso foi realizado em 2009 e houve uma redução
significativa de fiscais sendo que atualmente 36% dos fiscais já
atingiram o tempo de serviço necessário para aposentadoria.
3)
Valorização do servidor que atua na fiscalização com atendimento dos
pleitos estruturantes: atualmente, os agentes de fiscalização são
designados por uma Portaria e não possuem quaisquer direitos
diferenciados ou mesmo uma carreira específica regulamentada, dentre
outros.
Alertamos
que tais medidas são necessárias, mas não suficientes, a preservação da
Floresta Amazônica depende ainda do envolvimento de toda a sociedade,
que pode contribuir com o consumo responsável, buscando informações do
mercado produtor e evitando os grandes fornecedores de produtos de
origem vegetal e animal que são responsáveis direta e indiretamente por
grandes áreas desmatadas na Amazônia.
Lembramos
que escolhemos defender o meio ambiente por amor à causa e conscientes
da importância para as presentes e futuras gerações brasileiras e
mundiais. Todavia, não venceremos esta luta sem instrumentos,
infraestrutura e valorização. Continuaremos nossa luta dentro de nossas
capacidades.
CHEFIAS
DE FISCALIZAÇÃO DO INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS
NATURAIS RENOVÁVEIS DOS ESTADOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
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