- terça-feira, 14 fevereiro 2017 22:39
O fogo teria sido causado por raios e atingiu a vegetação nativa se alastrando por pelo menos 20 propriedades rurais. O combate foi feito por membros da Polícia Militar Ambiental, Guarda Municipal, funcionários e proprietários das propriedades atingidas, guias de turismo e voluntários, tendo apoio de um helicóptero particular, um caminhão-pipa da prefeitura de Bonito e bombeiros da cidade vizinha de Jardim.
O secretário de Meio Ambiente de Bonito, Alexandre Ferro, publicou nota no sábado (11) dizendo que “a natureza nos mandou dois ou mais raios, que caíram no banhado do Rio Formoso, e o fogo se alastrou”. Segundo ele, devido ao terreno brejoso, característica do local, “o acesso é muito difícil e isso não permitiu um controle rápido e efetivo”.
O comandante da PMA de Bonito, sub-tenente Rebechi, disse que na segunda-feira a situação ficou controlada, devido a chuva e aos esforços: “Há 99% de chances do fogo ter causas naturais pois o lugar onde começou é inacessível, é brejo. Os fazendeiros gradearam ao redor das plantações e pastagens para protegê-las. O fogo pegou somente no banhado”.
Os prejuízos ainda não foram calculados. Um vídeo divulgado nas redes sociais mostra dois rapazes tentando capturar um tamanduá-mirim que fugia do fogo e se lançava no rio Formoso.
“A
cidade não tem Corpo de Bombeiros, exceto no aeroporto. Ainda mais com a
infelicidade de ter acontecido em um período do ano em que as brigadas
de incêndios florestais estão desmobilizadas”.
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A brigada do Parque Nacional da Serra da Bodoquena é formada pelo ICMBio e Ibama somente nos meses da estação de seca, entre maio e setembro. O banhado é caracterizado pelo capim-navalha, que chega a alcançar dois metros de altura e o solo encharcado, que acumula matéria orgânica, atuando como fonte primária de alimento e abrigo para diversas espécies, inclusive algumas em extinção.
“O acúmulo dessa matéria orgânica funciona como estoque de água, como uma esponja que armazena água para o ano inteiro. Essa água flui limpa e é a razão da perenização dos rios”, explica o botânico Arnildo Pott.
O Banhado do Rio Formoso é uma das três áreas que o Conselho Municipal de Meio Ambiente (Condema) pretendia transformar em unidade de conservação na categoria Refúgio de Vida Silvestre, mas que tiveram o processo interrompido judicialmente pelo Sindicato Rural de Bonito.
O superintendente da Fundação Neotrópica do Brasil, Nicholas Kaminski, entidade favorável à criação da unidade de conservação, lembra que o banhado não é área de preservação permanente (APP), portanto não está protegido legalmente.
“A presença de um maior número de UCs no entorno do Parque Nacional da Serra da Bodoquena pode dar um maior respaldo para manutenção de equipes de combate a incêndios como o Prevfogo de maneira permanente, e não apenas durante seis meses do ano”, diz ele.
“Embora natural, o fogo acaba por impactar o banhado, visto que o entorno está severamente modificado por práticas agrícolas. Dessa forma, com o incêndio, o ambiente não possui a mesma resiliência para se recuperar. A fauna não tem ambientes que dão suporte a ela enquanto a vegetação se recupera e há um comprometimento, mesmo que temporário, das funções que o banhado realizava, pois não há mata o entorno. É um ambiente bem peculiar que foi danificado”, diz Kaminski.
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