quarta-feira, 3 de maio de 2017
O dia 28 de abril de 2017, foi o dia da fumaça preta. No Rio de Janeiro,
São Paulo, Vitória, São Luiz e várias outras cidades brasileiras,
manifestantes e black blocs do evento chamado “Greve Geral” queimaram
dezenas de pneus e vários ônibus inteiros e colocaram ruas e bairros em
nuvens de fumaça preta. Isto foi um ato não somente contra a saúde das
populações dos lugares afetados, mas também contra os próprios
manifestantes.
O resultado desta orgia de chamas pode ser fatal para as pessoas que involuntariamente inalaram este ar pesado da fumaça preta.
Pneus não são fabricados apenas com borracha natural dos seringueiros do
Acre. Eles são um produto industrial bastante complexo e contém um
verdadeiro cocktail de químicos: vários tipos de borracha natural e
borracha sintética à base de petróleo, o elemento químico negro de fumo,
poliéster e nylon, fios de aço, óxido de zinco e ácido esteárico,
enxofre e vários antidegradantes, aceleradores e retardadores.
Concretamente um pneu comum contem 27% borracha sintética, 14% borracha
natural, 28 % negro de fumo, 17 % de derivados de petróleo e produtos
químicos, 10 % aço e 4 % têxtil, que também são produtos químicos.
Por isto, quando se queima um pneu vários gases tóxicos são liberados e
tantos outros nascem das chamas, como por exemplo: monóxido de carbono,
ácido benzeno, óxido de enxofre, oxidos de metais pesados, furanos e
várias dioxinas.
Especialmente as dioxinas e furanos são substâncias perigosíssimas,
porque elas são teratógenas (causam má formação fetal), mutagênicas
(causam mutações genéticas) e carcinogênicas (causam vários tipos de
câncer no corpo). Sem dúvida, as dioxinas estão no top da lista das
químicas mais tóxicas da humanidade e podem criar deformações
embrionárias horríveis. A dioxina TCDD, por exemplo, é conhecida como a
grande vilã dentro do famoso agrotóxico chamado Agente Laranja (Agent
Orange), usado pelos Estados Unidos na guerra do Vietnã, que criou
sofrimento inexplicável aos milhões de vietnamitas afetados.
“Para que tenhamos uma ideia: a queima de pneus a céu aberto é 13 mil
vezes mais mutagênica que a queima de carvão”, escreveu o Deputado
Marcos Mullerem, em 2016, na justificativa do seu projeto de lei Nº
2176/2016 para proibir a queima de pneus.
E a diretora do Departamento de Qualidade Ambiental e Gestão de Resíduos do Ministério do Meio Ambiente, Zilda Maria Faria Veloso, disse: “Se queimado, o produto (pneu) libera componentes químicos pesados e poluentes classificados pelas organizações internacionais como os mais tóxicos já produzidos pelo homem. Esses elementos não são degradados nem pela atmosfera, nem pelo corpo humano, que desenvolve doenças como o câncer e a infertilidade.”
E a diretora do Departamento de Qualidade Ambiental e Gestão de Resíduos do Ministério do Meio Ambiente, Zilda Maria Faria Veloso, disse: “Se queimado, o produto (pneu) libera componentes químicos pesados e poluentes classificados pelas organizações internacionais como os mais tóxicos já produzidos pelo homem. Esses elementos não são degradados nem pela atmosfera, nem pelo corpo humano, que desenvolve doenças como o câncer e a infertilidade.”
Uma substância altamente perigosa da fumaça dos pneus também é o
benzeno. “Há relação causal comprovada entre exposição ao benzeno e
ocorrência de todos os tipos de Leucemia”, disse Danilo Costa, médico da
Delegacia Regional do Trabalho de São Paulo na sua publicação “A luta
contra a intoxicação pelo Benzeno no Brasil”.
Em conjunto, qualquer pessoa que esteja inalando a fumaça tóxica dos
pneus queimados pode ter alergia respiratória, como rinite, tosses e
espirros. Mais vulneráveis são ainda crianças, idosos, grávidas e
asmáticos. “As pessoas nem imaginam o quanto é tóxico à saúde. Quem tem
tendência à insuficiência respiratória fica mais suscetível a ter
infecções, a exemplo de gripes, viroses e até a pneumonia”, alerta a
pneumologista Fátima Alécio.
Mas dentro deste cocktail de tóxicos da fumaça preta da queima de pneus
ou de transportes coletivos cheio de produtos plásticos, tem uma
substância ainda mais perigosa e mortal. Um veneno extraordinário
chamado cianureto de hidrogênio ou ácido cianídrico ou ácido prússico.
Este gás cianídrico é um verdadeiro assassino e já causou o morte de
milhares de vítimas envolvidas em incêndios com produtos plásticos. Este
tóxico também é a base de um gás conhecido como Zyklon B (Ciclone B)
produzido pela empresa alemã “Degussa AG” e usado nas “câmaras de gás”
dos campos de extermínio do regime do Hitler, durante a Segunda Guerra
Mundial.
Por isto: Queimar pneus ou ônibus para bloquear ruas ou para mostrar
presença não é uma boa ideia, é uma violência contra o meu ambiente,
contra o povo brasileiro – e para o próprio manifestante é uma forma de
suicídio mais ou menos lento e doloroso.
Norbert Suchanek, Rio de Janeiro, Correspondente e Jornalista de Ciência
e Ecologia, é colaborador internacional do EcoDebate.
www.norbertsuchanek.org
Fonte: EcoDebate
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