27.06.2017 • Artigos
O anúncio na semana passada pelo governo da
Noruega de que cortaria uma parte dos recursos que doa para o Fundo
Amazônia não pegou o setor ambientalista de surpresa.
Quem acompanha as
flutuações do desmatamento da Amazônia sabe que, sendo o valor do
repasse um reflexo direto da capacidade de o Brasil controlar a
derrubada, a decisão seria tomada mais cedo ou mais tarde, mas ainda
neste ano.
Isso porque, de acordo com as últimas medições do próprio
governo, a taxa de desmatamento cresceu quase 30%. Entre agosto de 2015 e
julho de 2016, perdeu-se cerca de 8 mil quilômetros quadrados de
floresta.
A situação é preocupante independente do prisma usado para
analisá-la. É a maior alta dos últimos anos, após um esforço nacional
hercúleo de se reduzir o desmate. Coloca-se em risco a capacidade de o
país cumprir acordos internacionais de clima. Traz risco climático à
própria produção no campo. Põe em xeque investimentos voltados a
práticas sustentáveis. Faz mercados baseados em cadeias livres de
desmatamento olharem com dúvidas para nossos produtos.
Mas, acima de tudo, a alta do desmatamento mostra que, a
despeito do partido ou inclinação política que ocupa a Presidência, esse
é um desafio que precisa ser tratado com prioridade para ser debelado –
o que não tem acontecido.
Este não é campo para selvagerias partidárias. Cuidar das
florestas, tratar bem o solo do país e respeitar acordos são, ou
deveriam ser, uma questão nacional. Trata-se, em última instância, de um
bem comum a todos os brasileiros, independente de sua ascendência,
credo, posição social ou ideologia. Qualquer debate fora dessa esfera é
infrutífero.
Precisamos, enquanto sociedade, manter os planos de
combate ao desmatamento em alta em nossas consciências e preocupações.
Turbilhões políticos e econômicos não ajudam neste intuito, mas em tais
momentos as informações qualificadas e o debate sério servem como farol
entre mares revoltos.
O IPAM, organização de pesquisa não governamental,
apartidária e sem fins lucrativos, acredita e trabalha baseado em
argumentos científicos, para que a Amazônia livre-se totalmente do
desmatamento e que, dessa forma, o Brasil tenha condições de se
posicionar como líder mundial de um novo tempo, em que os recursos
naturais são considerados ativos e sua conservação, elemento fundamental
do desenvolvimento.
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