Em 2016, quando o Rio sediou o maior evento esportivo do mundo – a Rio
2016 – uma das expectativas era que a Baía de Guanabara ganhasse a
chance de ser despoluída. Na época, o governo fluminense contraiu um
empréstimo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) de R$ 1,2
bilhão para colocar o projeto em prática. Um ano após a Olimpíada,
ambientalistas afirmam que o programa não avançou como esperado.
“Foram construídas ou reformadas sete grandes estações de tratamento de
esgoto. No entanto, elas tratam hoje um volume irrisório, extremamente
limitado, de esgoto”, disse o fundador do Movimento Baía Viva, Sérgio
Ricardo.
Neste sábado (5), o grupo fez um ato na Praça Tiradentes, região central
do Rio de Janeiro, para pedir a retomada da despoluição da baía e a
conclusão dos troncos coletores e das ligações domiciliares construídas a
partir de 1995.
De acordo com Ricardo, se as sete estações estivessem em pleno
funcionamento, reduziriam significativamente a quantidade de dejetos
lançados na baía. A estação do Caju (Alegria), por exemplo, que trata
mais esgoto, não está operando com 20% da capacidade.
O grupo também pediu proteção dos mananciais no lado leste da Baía de
Guanabara. Alguns rios na área, como os que abastecem São Gonçalo,
Niterói e Paquetá, ainda estão limpos e têm água de boa qualidade.
Sérgio Ricardo informou também que a baía perdeu cerca de 80 quilômetros
quadrados de água. Com assoreamentos. Quando chove, os sedimentos são
carreados pelos rios, canais e valões para dentro da baía, elevando o
risco de inundações e outros acidentes ambientais, porque o fundo da
região – situada entre o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro-Tom
Jobim e o município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense – é
cortada por uma malha de dutos.
O presidente do Instituto Rumo Náutico – Projeto Grael, Axel Grael, da
família de veleadores campeões brasileiros olímpicos e mundiais de
iatismo, também lamenta que a baía não tenha sido completamente
despoluída.
“Isso é muito frustrante, porque perdemos uma grande oportunidade. É um
momento que podia ter trazido novas tecnologias, novas parcerias de
investimento, uma série de benefícios para a Baía de Guanabara, que
acabaram não acontecendo”, disse Grael.
Ele cita como avanço o processo de despoluição da enseada de Jurujuba,
em Niterói, que constituirá a primeira parte da Baía de Guanabara que
poderá ser considerada despoluída.
Programa de despoluição – A Secretaria Estadual do Ambiente informou que
duas obras, integrantes do Plano de Saneamento Ambiental dos Municípios
do Entorno da Baía de Guanabara, estão em andamento e levarão
saneamento básico a São Gonçalo e Cidade Nova.
“As obras em Alcântara e na Cidade Nova estão 48% e 41%,
respectivamente, executadas. Porém, as mesmas correm o risco de serem
interrompidas e serem, literalmente, desperdiçados cerca de US$ 100
milhões já investidos, caso o Tesouro Nacional não aprove o aditivo de
prazo e de redução do financiamento com o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), de US$ 451 milhões para US$ 167 milhões”,
informou a secretaria em nota.
Com as obras, 120 milhões de litros de esgoto deixarão de ser jogados na baía diariamente.
A secretaria destaca que o Instituto Estadual do Ambiente teve orçamento
reduzido e só foi possível implantar e operar o sistema de 17
ecobarreiras, que custa cerca de R$ 500 mil por mês, e conseguiu retirar
8 mil toneladas de resíduos sólidos.
O órgão espera que se conseguir concluir as obras do programa de
despoluição “e com o bom andamento da operação das ecobarreiras, teremos
deixado um legado da olimpíada significativo, diante da crise que o
estado vem enfrentando”.
Fonte: Agência Brasil
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