quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Despoluição da Baía de Guanabara ainda é desafio após um ano da Olimpíada


Em 2016, quando o Rio sediou o maior evento esportivo do mundo – a Rio 2016 – uma das expectativas era que a Baía de Guanabara ganhasse a chance de ser despoluída. Na época, o governo fluminense contraiu um empréstimo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) de R$ 1,2 bilhão para colocar o projeto em prática. Um ano após a Olimpíada, ambientalistas afirmam que o programa não avançou como esperado.

“Foram construídas ou reformadas sete grandes estações de tratamento de esgoto. No entanto, elas tratam hoje um volume irrisório, extremamente limitado, de esgoto”, disse o fundador do Movimento Baía Viva, Sérgio Ricardo.
 
 
 
 
Neste sábado (5), o grupo fez um ato na Praça Tiradentes, região central do Rio de Janeiro, para pedir a retomada da despoluição da baía e a conclusão dos troncos coletores e das ligações domiciliares construídas a partir de 1995.
De acordo com Ricardo, se as sete estações estivessem em pleno funcionamento, reduziriam significativamente a quantidade de dejetos lançados na baía. A estação do Caju (Alegria), por exemplo, que trata mais esgoto, não está operando com 20% da capacidade.
O grupo também pediu proteção dos mananciais no lado leste da Baía de Guanabara. Alguns rios na área, como os que abastecem São Gonçalo, Niterói e Paquetá, ainda estão limpos e têm água de boa qualidade.
 
 
 
 
Sérgio Ricardo informou também que a baía perdeu cerca de 80 quilômetros quadrados de água. Com assoreamentos. Quando chove, os sedimentos são carreados pelos rios, canais e valões para dentro da baía, elevando o risco de inundações e outros acidentes ambientais, porque o fundo da região – situada entre o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro-Tom Jobim e o município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense – é cortada por uma malha de dutos.
O presidente do Instituto Rumo Náutico – Projeto Grael, Axel Grael, da família de veleadores campeões brasileiros olímpicos e mundiais de iatismo, também lamenta que a baía não tenha sido completamente despoluída.
 
 
 
 
“Isso é muito frustrante, porque perdemos uma grande oportunidade. É um momento que podia ter trazido novas tecnologias, novas parcerias de investimento, uma série de benefícios para a Baía de Guanabara, que acabaram não acontecendo”, disse Grael.
Ele cita como avanço o processo de despoluição da enseada de Jurujuba, em Niterói, que constituirá a primeira parte da Baía de Guanabara que poderá ser considerada despoluída.
 
 
 
 
Programa de despoluição – A Secretaria Estadual do Ambiente informou que duas obras, integrantes do Plano de Saneamento Ambiental dos Municípios do Entorno da Baía de Guanabara, estão em andamento e levarão saneamento básico a São Gonçalo e Cidade Nova.
 
 
 
 
“As obras em Alcântara e na Cidade Nova estão 48% e 41%, respectivamente, executadas. Porém, as mesmas correm o risco de serem interrompidas e serem, literalmente, desperdiçados cerca de US$ 100 milhões já investidos, caso o Tesouro Nacional não aprove o aditivo de prazo e de redução do financiamento com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), de US$ 451 milhões para US$ 167 milhões”, informou a secretaria em nota.
 
 
 
 
Com as obras, 120 milhões de litros de esgoto deixarão de ser jogados na baía diariamente.
 
 
 
 
A secretaria destaca que o Instituto Estadual do Ambiente teve orçamento reduzido e só foi possível implantar e operar o sistema de 17 ecobarreiras, que custa cerca de R$ 500 mil por mês, e conseguiu retirar 8 mil toneladas de resíduos sólidos.
 
 
 
 
O órgão espera que se conseguir concluir as obras do programa de despoluição “e com o bom andamento da operação das ecobarreiras, teremos deixado um legado da olimpíada significativo, diante da crise que o estado vem enfrentando”. 
Fonte: Agência Brasil
 
 
 
 

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