Objetivo é preservar água armazenada nos reservatórios, por causa do período de pouca chuva
-BRASÍLIA- - O governo decidiu ontem aumentar o volume de importação de energia elétrica da Argentina e Uruguai. O objetivo é preservar a água armazenada nos reservatórios usados para gerar eletricidade no Brasil. A meteorologia prevê chuvas abaixo da média histórica, nos próximos meses, nas bacias hidrográficas que abastecem as barragens das principais hidrelétricas do país. A falta de chuvas pode levar ao acionamento das térmicas, o que se refletiria na tarifa de energia elétrica.
Apesar da importação, o governo informou que “não há risco de desabastecimento de energia no país”. O Brasil já está importando energia do Uruguai. Em agosto, foram comprados, em média, 253 megawatts (MW) por dia do país vizinho, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Este mês, em alguns dias, a importação chegou a 548MW. O Brasil ainda não está importando da Argentina, mas isso ocorrerá.
O aumento na importação será feito “na medida em que for possível”, segundo o Ministério de Minas e Energia. Por isso, não foi informado o montante a ser comprado, o que dependerá da necessidade verificada pelo ONS. O contrato com o Uruguai prevê a compra de energia a curto prazo: o Brasil importa dependendo dos preços cobrados pelo país vizinho e da necessidade de consumo nacional.
No caso da Argentina, a transação não envolve dinheiro e é feita com um sistema de créditos e débitos de energia. Ou seja, quando o Brasil importa eletricidade, fica um “saldo devedor”, que depois é compensado com o envio de energia para o país vizinho.
A decisão de aumentar a importação evita, por exemplo, que seja necessário acionar mais usinas térmicas, que são mais caras e poluentes. Por isso, ficou decidido não aumentar o uso dessas usinas. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) avalia que a medida pode reduzir as chances de aumento na cobrança extra na conta de luz por meio da bandeira tarifária nos próximos meses.
NORDESTE EM SITUAÇÃO CRÍTICA O acionamento das térmicas é um dos fatores usados para definir a bandeira. Este mês está em vigor a bandeira tarifária amarela, que implica a cobrança extra de R$ 2 para cada 100 quilowatts (kWh) hora de energia consumidos. Com a falta de chuvas, porém, existe a chance de que a bandeira volte a ser vermelha.
A decisão de importar energia foi tomada para preservar os reservatórios das hidrelétricas. Dados do ONS apontam um baixo nível dos reservatórios no país. Na Região Sul, está atualmente em 43%. No Norte, em 42%. No sistema Sudeste/ Centro-Oeste, o nível de armazenamento é de 28%.
A situação mais crítica é no Nordeste, onde os reservatórios operam apenas com 10,51% da capacidade. Os casos mais graves são dos reservatórios do Rio São Francisco. A barragem de Sobradinho, maior reservatório artificial do planeta, está com apenas 6,15% da capacidade de armazenamento, enquanto a de Três Marias está com 15,39%.
O governo também decidiu não usar térmicas mais caras e vai procurar usinas mais baratas, que estão atualmente indisponíveis.
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