Ampliação do racionamento deve sair do papel nas próximas semanas
O prolongamento da estiagem tem levado a diários recordes negativos nos níveis dos dois principais reservatórios de água do DF. Adasa trabalha com novas medidas de racionamento
postado em 11/10/2017 06:41
/ atualizado em 11/10/2017 08:10
Com
o nível dos reservatórios que abastecem o Distrito Federal batendo
recordes negativos diariamente, a ampliação do racionamento pode sair do
papel ainda nas próximas semanas. Ontem, Descoberto e Santa Maria
chegaram a 14% e 27,5%, respectivamente, os piores índices da história,
no mesmo dia em que foi registrada a temperatura mais alta do ano,
34,1ºC.
Caso
a vazão de água do Descoberto siga a média apresentada nos primeiros
dias de outubro, o reservatório deve fechar o mês abaixo do previsto
pela curva de acompanhamento estipulada pela Agência Reguladora de
Águas, Energia e Saneamento Básico (Adasa), 9%. Por isso, o órgão afirma
que, se houver percepção de que a meta será batida, medidas mais
rígidas, como ampliação do racionamento e redução na retirada de água
das propriedades rurais, podem ser antecipadas e tomadas ainda neste
mês.
A ampliação
do racionamento é prevista desde novembro. Na resolução da Adasa que
autorizava o início do rodízio de água, um artigo decretava que o
período de interrupção poderia ser ampliado, progressivamente, caso
sobrevenha agravamento na situação de escassez hídrica dos
reservatórios. Só neste mês, o Descoberto caiu 2,9 pontos percentuais.
Para deixar a situação mais crítica, o Instituto Nacional de
Meteorologia (Inmet) prevê menos chuvas no último trimestre de 2017 que o
registrado na média histórica.
Área rural
Nos
últimos 10 dias, choveu 19,7 milímetros, menos de 11% da média história
para o mês –166.6 milímetros. A Adasa anunciou que vai intensificar a
medição do volume de vazão dos afluentes do Descoberto, para identificar
se menos água, subterrânea ou não, está chegando ao reservatório. A
fiscalização, que antes era semanal, será feita três vezes por semana. A
lei federal nº 9.433, de 1997, prevê que em situações de escassez, o
uso prioritário dos recursos hídricos é o consumo humano e a
dessedentação de animais. Por isso, os primeiros cortes devem ocorrer no
meio rural do DF.
A captação de água bruta por
produtores, que antes era feita 24 horas por dia, foi restringida neste
ano em 75%, podendo ocorrer apenas entre 6h e 9h e três vezes por
semana. A possibilidade de mais restrições preocupa quem vive de
agricultura. A presidente da Associação de Produtores Rurais
Pró-Descoberto, Rosany Jakubowski, afirma que alguns agricultores
diminuíram o cultivo em até 70%. De acordo com ela, uma nova redução do
tempo de captação ameaça o futuro do setor. “Nossas irrigações estão
limitadas desde o início do ano e sofremos restrição na área em que
podemos plantar. O número de demissões por parte dos empregadores também
cresceu, pois não temos garantia de renda nem de faturamento”, conta.
Rosany
trabalha com a produção de frutas e flores em uma área rural localizada
no Incra 6, em Brazlândia. De acordo com ela, a produção este ano caiu
cerca de 60%. A mulher vem de uma família de produtores agrícolas e está
na terceira geração deles, porém, acredita que esta pode ser a última.
“O DF deve ficar atento quanto aos produtores rurais. Se o mercado
decretar falência, nossa saída será vender as terras. Com isso, teremos a
presença de grileiros e futuramente mais ocupações irregulares”,
alerta.
* Estagiário sob supervisão de Renato Alves
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