Debate no Rio discute políticas públicas para conter desperdício de alimentos e obesidade
Melhorar cultivo, acesso e consumo dos alimentos, reinventando a forma com a qual a população brasileira enxerga a alimentação, é um dos focos no combate ao desperdício e à má nutrição, disse o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, em mensagem por vídeo transmitida na segunda-feira (13) durante debate no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.“Hoje, estima-se que a obesidade tenha um custo global de cerca de 1 trilhão de dólares, impactando os sistemas de saúde, mas, sobretudo, reduzindo a vida útil e a capacidade motora das pessoas. O problema de enfrentar isso começa em tratar a alimentação como um bem público. Não podemos acreditar que a alimentação é um problema das famílias, das mães. É uma questão de saúde pública”, alertou Graziano durante o debate sobre a Plataforma “2018: Brasil do Amanhã”.
Em 2006, de acordo com dados do Ministério da Saúde, a prevalência de obesidade na população brasileira era de 11,8%. Em 2016, esse número subiu para 18,9%. Enquanto os números crescem a uma velocidade alarmante em todo o mundo, a questão segue mal compreendida. “Fome e obesidade são dois pontos de uma longa linha do ‘comer mal’. E a diferença fundamental é que, em relação a obesidade, nós não sabemos bem onde ela se localiza. Nós não temos evidência suficiente de como combatê-la”, lamentou Graziano.
Para o diretor da divisão de água e solos da FAO, Eduardo Mansur, é hora de encarar a agricultura — tanto no contexto da obesidade, quanto no contexto do desperdício — com um novo olhar. Enquanto a alimentação é um assunto que interessa novas gerações, a agricultura continua com estigmas que a afasta dos debates da juventude.
“É tempo de ter inovação na agricultura, de ter mais juventude na agricultura. De ter uma agricultura que seja atrativa e revolucionária. Isso vai acontecer no momento em que valorizarmos esse produto”, disse Mansur, lembrando que, em países desenvolvidos, é cada vez mais comum que as hortas urbanas, ou mesmo o cultivo de hortaliças dentro de casa, já é uma tendência entre as novas gerações.
Desperdício de alimentos
O evento, que tem como objetivo aprimorar o nível de informação, engajamento e mobilização social com relação a alimentação no Brasil, aconteceu no Museu do Amanhã e contou com a participação da apresentadora Bela Gil, do diretor de sustentabilidade e responsabilidade social do Carrefour, Paulo Pianez, e da idealizadora da ONG Comida Invisível, Daniela Leite. O debate reforçou a importância da criação de políticas eficazes contra a fome e o desperdício de alimentos.“A fome, na verdade, não é um problema de falta de alimentos. O mundo, globalmente, tem alimentos mais do que suficientes para alimentar todos de maneira adequada. Jogamos fora cerca de um terço do que produzimos. A fome é um problema de acesso aos alimentos, seja porque eles não estão bem distribuídos geograficamente falando, seja porque as pessoas mais pobres não têm acesso à quantidade e à qualidade dos alimentos produzidos”, explicou Graziano.
Plataforma “2018: Brasil do Amanhã”
A Plataforma “2018: Brasil do Amanhã” é uma iniciativa do Museu do Amanhã, apoiada por Fundação Roberto Marinho, Rede Globo, GloboNews, Instituto Clima e Sociedade (ICS) e Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).A ação foi criada para tratar da pauta política de 2018 com debates e ações que possam ajudar a esclarecer a sociedade sobre temas de relevância, aproximando a população do processo político.
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