O Estado de S. Paulo – Falta de chuva afeta produção recorde de energia de Itaipu
Denise Luna / RIO
No entanto, a produção do 1º semestre ajuda a manter uma alta de 16,4% em relação ao ano passado
A falta de chuvas acima do esperado na Região Sul no segundo semestre deixou para trás o que poderia ser mais um recorde de produção de energia na usina binacional de Itaipu, informou ao Estadão/Broadcast o superintendente de Operação de Itaipu, Celso Torino.
Depois de um primeiro trimestre “extraordinário”, segundo Torino, com recorde de produção de energia elétrica, a hidrelétrica reduziu sua capacidade nos últimos dois meses e deve ficar no máximo entre os cinco melhores anos. “A fotografia deste início do segundo semestre é mais difícil em termos de produção, por escassez de água, do que foi o primeiro semestre”, disse Torino.
Segundo o superintendente, o mês de maio foi a pior afluência de água da história de 34 anos de Itaipu, mas a produção do primeiro semestre ajuda a manter ainda uma alta de 1,64% em relação ao ano passado, ou 55,4 milhões o megawatt-hora até domingo. O volume no entanto é 6% inferior ao último recorde, registrado em 2016, de 103 milhões de MWh.
Comparação. “O nosso primeiro semestre foi fantástico e inclusive contribuiu para preservar os reservatórios nacionais, mas em maio a gente percebeu que as afluências começaram a reduzir de forma relevante”, afirmou.
Com isso, a produção deve encerrar o ano em torno dos 95 milhões de MWh, o que ainda garantirá a marca entre as cinco melhores da história da usina. No ano passado, foram produzidos 96,4 milhões de MWh, a quarta melhor performance. A quinta maior produção foi registrada em 2008, de 94,7 milhões de MWh. “Queremos colocar 2018 pelo menos como a quinta melhor produção”, avaliou.
Período seco. Apesar de todo ano as hidrelétricas registrarem queda por conta do período seco, que vai de abril a outubro, Torino classifica a seca deste ano com uma intensidade acima da média. Além disso, observa, o Operador Nacional do Sistema (ONS) vem administrando as afluências no País para poupar alguns reservatórios de outras hidrelétricas. Outra causa da expectativa frustrada de um novo recorde de produção, de acordo com o Torino, foi a ausência do fenômeno El Niño este ano.
“Mesmo que agora seja uma época naturalmente de seca, estamos com uma seca mais intensa do que a média, isso é um fato. Parte disso é que não tivemos El Niño este ano, que traz mais chuvas para a Região Sul”, observou. Para o próximo ano, porém, o superintendente de Operações de Itaipu, prevê que a presença do El Niño pode ajudar a melhorar a performance da usina.
“Mensalmente fazemos uma análise de meteorologia e nossa visão é que está havendo uma tendência, tem uns critérios técnicos que já percebemos uma tendência de El Niño para o próximo verão”, previu, lembrando que a Região Sul é beneficiada pelo fenômeno com mais chuvas, mas é neutro para os reservatórios do subsistema Sudeste/CentroOeste considerado a “caixa d’água” do Brasil.
Nível preocupante. Segundo o boletim preliminar da operação do ONS referente a domingo passado, os reservatórios do sul do País, onde Itaipu está instalada, estavam 50,2% cheios, enquanto os do Sudeste/Centro-Oeste operavam com 34,7% de capacidade, um nível preocupante, segundo Torino, mas superior ao registrado no mesmo período do ano passado.
“Não é um valor que a gente gostaria, mas ele ficou ainda melhor do que na mesma data de 2014 e 2015, que foram bem piores”, explicou.
“O nosso primeiro semestre foi fantástico, mas em maio a gente percebeu que as afluências começaram a reduzir de forma relevante.”
“Mesmo que agora seja uma época naturalmente de seca, estamos com uma seca mais intensa do que a média, isso é um fato.” Celso Torino SUPERINTENDENTE DE OPERAÇÃO DA ITAIPU
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