Até setembro, o número de focos de incêndio florestal no Brasil
em 2017 já era 51% maior do que o registrado no mesmo período em 2016,
segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Nos
primeiros 27 dias de setembro – o de maior número de registros no país –
havia 105 mil focos, recorde desde 1998, quando o Inpe começou a
monitorá-los.
Destruidor da biodiversidade, causador de várias doenças
respiratórias e responsável pela emissão de grandes volumes de
gases-estufa, o fogo castigou todos os biomas brasileiros, com destaque
para a Amazônia (49% dos focos), o Cerrado (36%) e a Mata Atlântica
(9%). O estado líder foi o Pará, seguido por Mato Grosso e Maranhão.
O Pará também registrou o maior aumento percentual no número de focos
ante o mesmo período de 2016: 233%, bem acima de Maranhão (93%) e São
Paulo (76%). Entre os municípios mais atingidos pelas queimadas em
setembro estão Grajaú, no Maranhão (onde está Bacurizinho, terra
indígena com maior número de incêndios), e Brasileia, no Acre (local da
Reserva Extrativista Chico Mendes, a unidade de conservação mais
castigada).
Para Alberto Setzer, coordenador do Programa de Queimadas e Incêndios
do Inpe, a origem de tanta destruição não é o clima seco nem outras
causas naturais. “Raios e fenômenos espontâneos respondem por, no
máximo, 1% dos focos de incêndio registrados”, disse ele ao Observatório
do Clima. “A baixa umidade do ar apenas cria condições favoráveis aos
incêndios, mas é a ação humana que causa a queimada.”
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