quinta-feira, 27 de setembro de 2018
Economia brasileira será uma das mais impactadas pelo aquecimento global
O principal argumento do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump,
para desmantelar vários regulamentos ambientais do paísé econômico.
A explicação de Trump pode até soar extremamente egoísta — estudos
demonstraram ser benéfico para os países ricos uma economia embasada em
combustíveis fósseis, enquanto os prejuízos se acumulam dos menos
desenvolvidos. Mas, além disso, ela também não faz nenhum sentido
econômico, de acordo com uma recente pesquisa publicada na Nature
Climate Change.
Um grupo de pesquisadores dos EUA e da Itália analisaram diversas fontes
de dados, como os mais modernos modelos de projeção do clima,
estimativas de impacto gerado por mudanças climáticas, e previsões
socioeconômicas de 200 países para determinar o custo para cada um da
emissão de uma tonelada de carbono na atmosfera do planeta, que chamaram
de Custo Social do Carbono.
Os resultados mostram que a economia da Índia, quarta que mais emite
gases de efeito estufa (se for considerar a União Europeia como um país
só), é a mais vulnerável à emissão global de dióxido de carbono, com o
custo de US$ 86 por tonelada. Os EUA, segundo maior poluidor, vem logo
atrás, com o custo de US$ 48 por tonelada de CO² emitida.
Segundo os pesquisadores, locais com o clima mais ameno, como na União
Europeia e na Rússia, apesar de serem estarem na terceira e quinta
colocação do infame ranking dos maiores poluidores, a economia não deve
sofrer grandes impactos.
A China se beneficia por motivo diferente. País que mais contribui com
emissões de carbono na atmosfera, é apenas a quinta onde o custo do
carbono é mais alto, com US$ 24 por tonelada. Por outro lado, a Arábia
Saudita, 14º maior emissor de CO2, é a terceira economia mais impactada,
com US$ 47.
O Brasil, como costuma fazer em rankings negativos, não podia ficar de
fora. A economia brasileira tem um prejuízo médio de US$ 24 por tonelada
de carbono na atmosfera, o que a coloca como a quarta mais prejudicada.
Os resultados mostram que até o dado utilizado pelo governo
norte-americano para embasar suas decisões, da Agência de Proteção
Ambiental (EPA), estão incorretos. Da estimativa de US$ 12 a US$ 62 por
tonelada de COw prevista para 2020, a nova pesquisa estima um custo
global que varia de de US$ 180 a US$ 800. Com base nas emissões globais
de 2017, é um peso de mais de US$ 16 trilhões para a economia global.
“Nossa análise demonstra que o argumento de que os principais
beneficiários de reduções nas emissões de dióxido de carbono seriam
outros países é um mito total”,disse a principal autora, Kate Ricke, da
Universidade da Califórnia San Diego, se referindo aos EUA.
“Faz muito sentido, porque quanto maior a sua economia, mais você tem a
perder. Ainda assim, é surpreendente quão consistentemente os EUA são um
dos maiores perdedores, mesmo quando comparados a outras grandes
economias.”
Os autores concluem que muitos países ainda não reconheceram o risco
representado pelas mudanças climáticas. No entanto, uma compreensão mais
clara dos impactos domésticos pode desempenhar um papel no incentivo às
nações a unirem forças para agir, em seu próprio interesse, para
mitigar a mudança climática.
“Todos sabemos que o dióxido de carbono liberado pela queima de
combustíveis fósseis afeta pessoas e ecossistemas ao redor do mundo,
hoje e no futuro, mas esses impactos não são incluídos nos preços de
mercado, criando uma externalidade ambiental em que os consumidores de
energia fóssil não pagam e desconhecem os verdadeiros custos de seu
consumo “, concluiu Ricke.
Fonte: Revista Galileu
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