terça-feira, 25 de setembro de 2018
Ambientalistas tentam evitar que Belo Monte cause a seca do rio Xingu
Um estudo publicado em julho deste ano alertou para uma série de
impactos à biodiversidade no Rio Xingu em decorrência da usina
hidrelétrica de Belo Monte. Com o barramento definitivo do rio em 2015, o
fluxo do Xingu passou a ser controlado pela empresa concessionária da
usina, a Norte Energia. Com isso, a quantidade, velocidade e nível da
água diminuíram, alterando brutalmente o equilíbrio socioambiental na
região.
A situação deve piorar a partir de 2019, quando está prevista a
finalização da instalação das turbinas, quando estão previstos os
chamados testes de hidrograma, reduzirá ainda mais a vazão do rio.
Na tentativa de impedir o início dos testes sem que antes se defina uma
medida alternativa que garanta a manutenção da biodiversidade e os modos
de vida das comunidades, o Instituto Socioambiental juntamente com a
Associação Interamericana para a Defesa do Ambiente (AIDA) enviou nesta
quinta-feira, 20 de setembro, um informe que detalha a situação de grave
risco socioambiental à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
De acordo com a nota: “Ao autorizar a construção da Hidrelétrica de Belo
Monte em plena Amazônia, o governo brasileiro aprovou, como medida de
mitigação, um plano de manejo da vazão do rio Xingu que deixaria as
comunidades indígenas e ribeirinhas da região, assim como espécies de
plantas e animais sem água suficiente para sua subsistência”.
O plano da empresa, chamado hidrograma de consenso, estabelece o volume
de água que passará por uma parte do rio, denominada Volta Grande do
Xingu, e o volume que será desviado para a produção de energia.
A ideia é liberar um fluxo mínimo médio de 4,000 m3/s durante um ano e
de 8,000 m3/s para o ano seguinte, a partir de 2019, durante a época que
seria de cheia, e uma vazão mínima de 700 m3/s para a época de seca.
Apesar disso, o informe enviado à Comissão contém evidência científica e
empírica comprovando que esses níveis de água são significativamente
menores que os fluxos históricos do rio e não garantem que os peixes e
as florestas aluviais possam sobreviver à redução proposta no curto e
médio prazo.
As evidências, que incluem informações do próprio Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis e do monitoramento
feito pelas comunidades, mostra que algumas espécies aquáticas, como os
quelônios (tartarugas aquáticas), só podem se alimentar e se reproduzir
com vazões mínimas de 13,000 m³/s nos meses de cheia do rio, e, além
disso, que o volume proposto para a época seca não garante que o rio
continue sendo navegável.
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