Temporal, que provocou deslizamentos e inundações, deixou seis pessoas mortas
Não há dúvida de que o temporal da noite de quarta e madrugada de quinta, que deixou pelo menos seis mortos, foi extraordinário — algumas regiões registraram em poucas horas até o dobro da quantidade prevista para o mês inteiro. Caso da Rocinha, onde choveu 130 milímetros. Mas essa ressalva não absolve os governos. É sabido que mudanças climáticas, potencializadas pela ação do homem, têm provocado fenômenos extremos com frequência cada vez maior —o Rio teve em 2019 o janeiro mais tórrido em 97 anos, segundo o Inmet. Além disso, a capital fluminense acumula um histórico de tragédias causadas por chuvas torrenciais nesta época do ano. Portanto, não foi a primeira, e certamente não será a última. A questão é: o Rio está preparado para essas situações? A realidade mostra que não.
Ao menos desta vez, a prefeitura alerto upara achegada de uma frente fria com possibilidade de chuva forte e muito forte, e recomendou que as pessoas não saíssem de casa. Foi acionado também o protocolo de crise. Postura diferente da adotada em junho de 2017, quando o secretário de Ordem Pública de Crivella, Paulo César Amendola, não divulgou o alerta “Paranã o provocar pânico”. É óbvio que é preciso informar a população, mas há que se ir além.
As chuvas — acompanhadas por ventos de até 110 quilômetros por hora, que derrubaram quase 200 árvores — causaram deslizamentos de terra e alagamentos generalizados. Mas certamente a precária conservação dos logradouros contribuiu para agravara situação. Com galerias de águas pluviais e bueiros obstruídos e falta de dragagem de rios e canais, não surpreende que em muitos lugares a água tenha demorado a escoar.
Os deslizamentos de terra, que mais uma vez provocaram tragédias no Rio, expõem a precariedade das moradias construídas em áreas de risco geológico. E o que a prefeitura tem feito em relação a isso? Nada.
Percebe-se também a falta de um plano de contingência. A Avenida Niemeyer, por exemplo, deveria ter sido interditada antes, e não depois do deslizamento que soterrou um ônibus. Quedas de barreira na região não são fato raro. Da mesma forma, os mergulhões da Barra, que viraram “piscinões”, deveriam ter sido fechados, para não se transformar em armadilhas para motoristas. Sem falar que bairros permaneciam sem luz mais de 12 horas após o temporal. O que reflete o despreparo da Light para um evento recorrente nesta época do ano.
Embora seja possível prever esses fenômenos extremos com razoável precisão, não há como evitá-los. Portanto, o que se pode fazer é reduzir danos. Mas, diante das seis mortes causadas pela tempestade, não há dúvidas de que autoridades falharam nessa tarefa.
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