Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles diz que COP25 "não deu em nada"
Conferência do clima da Organização das Nações Unidas terminou neste domingo, com um acordo mínimo sobre a mudança climática
Após o término da conferência do clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP25, neste domingo (15), o ministro do meio ambiente, Ricardo Salles,
publicou na sua conta no Twitter que a conferência "não deu em nada". A
conferência terminou hoje com os negociadores chegando a um acordo
mínimo, longe de responder firmemente às mudanças climáticas, conforme
reivindicado por ambientalistas.
O
post é acompanhado por um vídeo em que Salles diz que "apesar de todos
os esforços do Brasil para ajudar" não foi possível encontrar um texto
que fosse consenso. "Prevaleceu, infelizmente, uma visão protecionista
de fechamento do mercado e o Brasil e outros países que poderiam
fornecer créditos de carbono em razão de suas florestas e boas práticas
ambientais saíram perdendo", afirmou.
O
encontro, que deveria terminar na sexta-feira (13), se estendeu para o
fim de semana devido a impasses nas negociações. Nos últimos dias do
encontro, o Brasil
não aceitou dois parágrafos incluídos no documento final que faziam
referências expressas sobre o papel dos oceanos e do uso da terra no
clima global.
O país tentou
retirar do texto a menção a estímulos para estudos sobre a relação entre
os oceanos e o solo com as mudanças climáticas. Em entrevista à
GloboNews, Salles disse que o intuito do Brasil é "não desviar o foco"
das emissões provocadas pela queima de combustíveis fósseis das maiores
economias do mundo.
— É
importante o Brasil deixar claro que o problema das emissões de gases
são os combustíveis fósseis. E, portanto, tem que deixar clara a
tentativa de disfarçar a discussão dos combustíveis fósseis, afastar e
logar para outros temas — declarou.
Além
disso, o ministro criticou "um protecionismo muito forte dos países
ricos" durante os debates da COP25, "para não abrir seus mercados de
carbono para os países em desenvolvimento". Também disse que, devido à
falta de acordo sobre o mercado de carbono, "o Brasil e outros países
que poderiam fornecer créditos de carbono em razão de suas boas práticas
ambientais saíram perdendo".
Resultado foi "frustrante", dizem ativistas
Carlos
Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, disse que o
resultado da conferência foi uma "frustração", já que as principais
decisões ficaram para 2020.
— É uma conferência em que o tema era a ambição, os níveis atuais (de ação)
não conseguiram entregar os objetivos do Acordo de Paris. Essa COP, que
era a COP da ambição, deixou toda a chamada para ação e toda a ambição
para o próximo ano — explicou Rittl em entrevista à GloboNews.
Nas redes sociais, a ativista Greta Thunberg
lamentou o caminho das negociações em Madri. "Parece que #cop25 em
Madri está desmoronando agora. A ciência é clara, mas a ciência está
sendo ignorada. Aconteça o que acontecer, nunca desistiremos. Nós apenas
começamos", escreveu Greta em sua conta no Twitter.
— O resultado dessa COP é totalmente inaceitável — disse a diretora-executiva do Greenpeace, Jennifer Morgan.
De acordo com a ONG ambientalista, apenas as nações mais vulneráveis mostraram empenho para reduzir as emissões.
"Durante
esse encontro, a porta foi literalmente fechada a valores e fatos,
enquanto a sociedade civil e cientistas que pediam a luta contra a
emergência climática eram excluídos da COP25" diz uma nota do
Greenpeace.
O Greenpeace
ainda chamou países como Brasil e Arábia Saudita de "bloqueadores
climáticos" e os acusou de "venderem acordos sobre carbono para
atropelar cientistas e a sociedade civil".
António
Guterres, secretário-geral da ONU, também comentou sobre o evento e
disse estar "decepcionado com os resultados". No entanto, afirmou que
"não podemos nos render" na luta contra a crise climática.
—
A comunidade internacional perdeu uma oportunidade importante de
mostrar uma maior ambição em mitigação, adaptação e finanças para
enfrentar a crise climática — declarou Gutérres.
guer-se frente aos potentados?
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