quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

CARTA ABERTA AO GOVERNADOR IBANEIS O Zoológico de Brasília merece continuar sua gestão por meritocracia



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CARTA ABERTA AO GOVERNADOR IBANEIS

O Zoológico de Brasília merece continuar sua gestão por meritocracia

Mônica Veríssimo

Secretária-Executiva do Fórum das ONGs Ambientalistas do DF e Entorno

Senhor Governador,


Choque na gestão, pessoas com experiências em suas áreas, priorização da qualidade dos serviços públicos e uma política diferente. É assim que Vossa Excelência apresenta o perfil de seu governo 2019-2022 à sociedade brasiliense. Mas política pública também necessita de visão de longo prazo.

Isso vai além de um mandato de quatro anos. Exige planejamento estratégico em diversas áreas.

Com metas claras a serem alcançadas e indicadores de monitoramento. Sem contar o diálogo permanente com os grupos da comunidade organizada. Afinal, há pleitos permanentes e cabe ao governo conhecer como os cidadãos querem o futuro de sua cidade.

Como dito pela ONU em sua Nova Agenda Urbana (NAU), o cidadão do século XXI tem maior consciência de seus direitos dentro das cidades. Se empoderou de forma exponencial a partir de
diversas redes sociais. Diferentes grupos são criados para discutir distintos temas afetos às políticas públicas urbanas. Isso os torna protagonistas na definição das agendas de governos em diversos
países, incluído o Brasil. Por isso, cabe aos gestores públicos reconhecer e tratá-los como “clientes”.

É isso que fará a diferença entre ser um político de vanguarda e eternamente lembrado ou facilmente esquecido pela população.

A proposta de Vossa Excelência para seu governo vai ao encontro do que os cidadãos brasileiros pediram nas urnas, que é a continuidade das políticas públicas, dentro de uma visão de Estado e não de Governo. Principalmente as políticas públicas aprovadas pela sociedade. Neste caso, cabe reconhecer a forma de escolha para diretor-presidente da Fundação Jardim Zoológico de Brasília do governo passado. 


O movimento ambientalista do Distrito Federal reconhece o avanço trazido. Ele precisa ser mantido, valorizado e incrementado. O processo foi inovador, ao definir a preferência a partir de pura meritocracia, com visão de longo prazo da instituição. Ambos pontos fundamentais para um efetivo choque de gestão.

Em 2016, foi conduzido um programa de seleção técnica em âmbito nacional para mobilizar um profissional que tivesse comprovada experiência na área de gestão de zoológicos. Fazia parte do edital o candidato elaborar um diagnóstico da situação administrativa, financeira, estrutural etécnico-cientifica da FJZB. Isso deveria ser o plano de ação para revitalizar o ZOO de Brasília a ser posto em prática no longo prazo. Houve dezesseis inscrições.
Foram profissionais vindo de todas as partes do Brasil. Selecionou-se o Dr. Gerson Norberto, médico veterinário, com larga experiência em zoológicos nacionais e internacionais, inclusive treinamento no Smithsonian Institution, nos Estados Unidos e no Jersey Wild Life Trust, na Inglaterra.

Em três anos, a FJZB mudou substancialmente a visão institucional arcaica que tinha com relação ao conceito de Zoológico. Abriu-se para parcerias nacionais e internacionais, dentro do que há de mais moderno com relação aos ZOOs. Houve retorno de trabalhos científicos, com publicações de artigos em periódicos reconhecidos como QUALIS pelo CNPq. Foram feitos novos contatos e parcerias com outros Zoológicos nacionais e internacionais. 

Houve regularização dos procedimentos operacionais padrão da FJZB e suas Instruções Normativas. Cabe destaque a Instrução Normativa Nº215, de 27/12/2018, que dispõe sobre as diretrizes para a criação do Plano de População de Espécies sob os cuidados do ZOO de Brasília. 

A norma regulamenta o planejamento das populações de espécies com as quais o ZOO trabalha e investe na conservação. Isso era aguardado por outras instituições no Brasil e na América do Sul. 

Assim, o ZOO de Brasília passará a ser uma referência nesse tipo de procedimento.

Nos últimos anos, o ZOO de Brasília foi redirecionado para ser um locus rumo a primeira instituição ambientalista do DF, passando a ser reconhecida como um dos principais estabelecimentos conservacionistas da América do Sul. A FJZB foi recolocada como uma das mais atuantes na educação ambiental e conservação de fauna e flora do Brasil. Para continuidade de suas ações, já propôs as previsões orçamentárias para 2019, formalizadas junto à SEPLAG. Os inúmeros resultados positivos da atual gestão do ZOO de Brasília mostram que não cabe retrocesso. Isso se
deve basicamente a forma de seleção técnica adotada.

Em entrevista ao Correio Braziliense, em 30/12/20182, Vossa Excelência afirma que um choque de gestão passa por trabalhar com pessoas com experiência na área. 

Contudo, é fato que não pode haver vazios em algumas áreas-chave do governo que inicia um mandato, o que inclui designar alguns membros de forma interina. No caso do ZOO de Brasília, foi escolhida como diretor presidente a Sra. Eleutéria Guerra Pacheco Mendes. Ela é extensionista rural da EMATER DF, com formação profissional em economia doméstica, em licenciatura. Não há indicativo que tenhaexperiência com gestão de Zoológico ou pelo menos formação na área de medicina veterinária ou algo correlato. 

Considerando os êxitos obtidos na gestão do ZOO de Brasília, a partir da escolha de um diretor presidente com experiência comprovada na área, espera-se que haja sensibilidade de Vossa
Excelência em dar continuidade a esse processo de seleção por meritocracia. Esta é a essência para se proceder o choque de gestão em todas as políticas públicas do Distrito Federal. Com certeza a população estará ao seu lado nessa empreitada. Afinal, foi para isso que o elegeram. 

Inclusive, cabe destacar que a meritocracia tem sido um ponto crucial no Governo Bolsonaro.

Semana passada foi anunciado um decreto que exigirá, para cargos de direção, assessoramento e funções comissionadas, entre diversos requisitos, a obrigatoriedade de experiência mínima na área,
que varia de três a quatro anos, além de títulos de especialista, mestre ou doutor na função.  

Como se vê, o ZOO de Brasília já havia iniciado o critério mínimo na ocupação da direção da instituição, indo ao encontro de uma diretriz a ser adotada pelo Governo Federal.

Respeitosamente

Mônica Veríssimo

Secretária-Executiva do Fórum das ONGs Ambientalistas do DF e Entorno


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