Bolsonaro premia crime ambiental na Amazônia ao desautorizar ação do Ibama contra extração ilegal de madeira
Vale lembrar que a Flona do Jamari é uma Unidade de Conservação e, portanto, a extração de madeira na área é uma atividade criminosa. “Desautorizar uma ação do Ibama que tem como objetivo combater a ilegalidade é fortalecer o crime ambiental organizado que destrói a floresta e ceifa vidas”, afirma Rômulo Batista, da campanha Amazônia do Greenpeace.
Conforme publicado pelo jornal Folha de São Paulo, desde a semana passada servidores do Ibama queimaram tratores e caminhões utilizados na atividade criminosa dentro da Flona do Jamari. A destruição de equipamentos apreendidos em fiscalização ambiental é permitida por lei e, de acordo com informações do Ibama, só é praticada em cerca de 2% dos casos, especialmente naqueles em que o material está em uma área protegida de difícil acesso ou que a sua retirada implica em risco para os agentes ou para o meio ambiente.
No vídeo, Bolsonaro, ao lado do senador Marcos Rogério (DEM-RO), afirma: “Ele [ministro Ricardo Salles] já mandou abrir um processo administrativo para apurar o responsável disso aí. Não é pra queimar nada, maquinário, trator, seja o que for, não é esse procedimento, não é essa a nossa orientação”. Após a declaração do presidente, Salles anunciou que vai criar uma instrução normativa com novas regras para a destruição de máquinas e veículos pesados em operações de fiscalização ambiental.
“É dever do Estado proteger a Amazônia e todos os seus povos. Unidades de conservação e Terras Indígenas são da União, ou seja, de todos os brasileiros. Em vez de se preocupar em preservar o patrimônio de quem comete crime ambiental, o novo governo deveria estar trabalhando para fortalecer medidas de combate ao desmatamento, à grilagem e à violência no campo – ou seja, ações como a que o Ibama estava realizando em Rondônia”, avalia Rômulo.
A mais nova ofensiva do governo Bolsonaro ao trabalho desenvolvido pelo Ibama para combater o crime veio a público logo após ele anunciar, na semana passada, novos decretos que, entre outras medidas, afrouxam multas ambientais e reduzem a participação da sociedade civil em políticas públicas importantes para o país e no controle do governo. É o caso, por exemplo, da criação de um Núcleo de Conciliação Ambiental, que terá o poder de postergar indefinidamente ou, até mesmo, anular as multas aplicadas pelo Ibama.
Em pouco mais de 100 dias no poder, o presidente empenha-se em uma agenda anti-ambiental que acarretará ainda mais desmatamento, mais violência no campo e poderá afetar também a economia do país.
*Este texto foi publicado originalmente no site do Greenpeace Brasil, em 15/4/2019
Foto: Marizilda Cruppe, Greenpeace
O
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