Crise de extinção: líderes mundiais dizem que é hora de agir
Enquanto cerca de 150 líderes globais se alinhavam – virtualmente – para falar da cúpula da biodiversidade na quarta-feira, as apostas não poderiam ser maiores.
“A casa está pegando fogo e todos nós estamos trancados, por causa de uma doença que veio da nossa má gestão da natureza”.
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Foi assim que Inger Anderson, chefe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, destacou a questão em um briefing um dia antes do evento.
“Acho que há uma percepção de que se não cuidarmos da natureza, podemos acabar em apuros”, acrescentou ela.
Com o mundo lutando com a saúde pública, a devastação social e econômica da pandemia Covid-19, os líderes estão sob pressão crescente para cumprir suas promessas de reverter o declínio no mundo natural.
Por que essa cúpula é importante?
Esta cúpula é principalmente um fórum de alto nível para líderes mundiais. Seu objetivo é “destacar a crise que a humanidade enfrenta com a degradação da biodiversidade, e a necessidade urgente de acelerar a ação sobre a biodiversidade para o desenvolvimento sustentável”.
Mas o ponto em que compromissos genuínos serão feitos – para tomar medidas para proteger a natureza – será na conferência sobre biodiversidade em 2021. Essa conferência, adiada por causa da pandemia, é onde todos os países membros devem adotar uma nova “estrutura de biodiversidade “- essencialmente um contrato global para colocar a natureza no caminho da recuperação até 2030.
Mas um relatório da ONU publicado apenas duas semanas atrás revelou que nenhuma das 20 metas de biodiversidade que os países assinaram em 2011 seria totalmente cumprida.
Essas metas eram ambiciosas, englobando todos os aspectos de como nossas vidas humanas se cruzam com o mundo natural.
Variam desde a redução da taxa de perda de habitats naturais como florestas e proteção das paisagens mais preciosas para a vida selvagem, até mudanças mais fundamentalmente econômicas, como a eliminação de subsídios para “atividades que são prejudiciais”, incluindo práticas intensivas e poluentes de agricultura e pesca.
Xi Jinping, presidente da China, país anfitrião da conferência de 2021, usou seu discurso pré-gravado para enfatizar o compromisso de seu país de virar o jogo para a biodiversidade.
“Precisamos encontrar uma maneira da humanidade viver em harmonia com a natureza”, disse ele.
O Sr. Xi também enfatizou a necessidade de recuperação econômica, dizendo que o desenvolvimento verde “aumentaria o potencial de alta qualidade da recuperação econômica pela Covid-19”.
“Precisamos reconhecer que nossas soluções estão na natureza – para alcançar um ´ganha-ganha`”.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, usou um discurso pré-gravado para destacar a situação do pangolim, criticamente ameaçado de extinção:
“Eu não acredito que qualquer um de nós escolheria deixar um planeta no qual uma criaturinha tão maravilhosamente bizarra seja tão desconhecida para as gerações futuras quanto os dinossauros e dodôs são para nós hoje”.
“No entanto, é isso que nos espera se continuarmos neste caminho. E isso não é apenas uma má notícia para os pangolins – é uma má notícia para todos nós”.
Mas, na esteira do recente anúncio do governo do Reino Unido de que protegeria mais terras para a natureza, o histórico do país na perda de biodiversidade está sendo examinado.
A professora Kate Jones, da University College London (UCL), que estuda a interação entre a natureza e a saúde humana, descreveu os “declínios históricos massivos” da biodiversidade no Reino Unido como “terríveis”.
O que é diferente desta vez?
Inger Anderson insistiu que os “trilhões de dólares investidos em pacotes de estímulo” por causa da pandemia, proporcionaram uma oportunidade ideal para investir no crescimento sustentável. “Certamente não queremos voltar aos nossos caminhos prejudiciais”, disse ela.
Elizabeth Maruma Mrema, secretária executiva da Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica, um tratado multilateral que visa conservar as espécies, acrescentou: “Empresas, bancos, a juventude – todos estão prontos para agir. Esta é nossa última chance e todos têm um papel a desempenhar”.
Ao destruir o mundo natural, explicou a professora Jones, “atualmente estamos degradando nosso patrimônio. Portanto, nossos sistemas financeiros precisam mudar”.
Ela acrescentou: “Com a mudança climática, nossa casa está em um penhasco e vai cair em breve. A perda de biodiversidade e as mudanças no uso da terra significam que ela também está pegando fogo – nossa trajetória atual não é sustentável, então temos que fazer algo.
“Há mais conversa e ação agora do que antes, e estou mais esperançosa agora do que nunca, mas as expectativas ainda são baixas”.
Fonte: BBC News / Victoria Gill
Tradução: Redação Ambientebrasil / Maria Beatriz Ayello Leite
Para ler a reportagem original em inglês acesse: https://www.bbc.com/news/science-environment-54357479
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