Pesquisadores apostam na bioeconomia para a recuperação do Pantanal
O bioma sofreu por mais de dez meses com os incêndios. Agora, atividades como o turismo de observação e a produção sustentável podem ajudar a reverter os danos.
No Pantanal, pesquisadores apostam na economia sustentável para recuperar o bioma que sofreu por mais de dez meses com os incêndios.
Em 68 quilômetros de rios, biólogas encontraram 30 ariranhas. Elas voltaram depois dos incêndios, mas um detalhe preocupou as pesquisadoras.
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“Praticamente nenhum grupo apresentou filhotes, e apesar de a gente estar na estação reprodutiva, a gente esperava que nesse momento os filhotes já estariam integrando os grupos nas atividades diárias, acompanhando o grupo nas pescarias e excursões”, disse Caroline Leuchtenberger, bióloga do Projeto Ariranhas.
Os animais estão ainda sob o efeito do estresse e da luta pela sobrevivência. As lontras disputam o que restou de peixe no lago entupido. Nos campos queimados, o cervo desolado busca comida.
Espalhar alimento ainda é necessário porque os animais agora morrem de fome no Pantanal. Os pesquisadores estão fazendo inventário para saber como está essa segunda fase: a do retorno depois do fogo.
“Vai nos ajudar a dar respostas rápidas e práticas no futuro para que consigamos manter o bioma Pantanal bem preservado, como historicamente conhecemos”, afirmou o médico veterinário Diego Viana.
Mas essa riqueza natural depende do equilíbrio. A perda de muitos animais e filhotes ainda não foi dimensionada. Um filhote de anta voltou a comer. Um macaco-prego ganhou uma rede e um bicho de pelúcia que ele adotou como mãe. Cada sobrevivente é fundamental para manter a biodiversidade que faz o Pantanal existir.
A devastação assustou o mundo e acendeu um alerta: é preciso tratar o Pantanal como uma imensa fonte de recursos naturais e um importante ativo que pode impulsionar a economia da região e do Brasil. Mas o potencial para gerar produtos sustentáveis ainda é pouco explorado. E já começa a ganhar força a discussão de que o Pantanal pode abastecer o mercado de créditos de carbono e esse dinheiro ser investido em ações de conservação.
Mas ainda não se quantificou quanto vale o Pantanal preservado. O mercado de crédito de carbono cresce no mundo. O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável estima que conservar a Amazônia poderia render, em créditos de carbono para o Brasil, mais de US$ 10 bilhões.
Hoje a base da economia pantaneira é a pecuária. Alguns pantaneiros já investem no gado orgânico seguindo regras de conservação. Em algumas fazendas o fogo não chegou neste ano. E a biodiversidade, os animais que tanto sofrem com o fogo, são o ativo mais valioso. É pelo turismo de observação de fauna que o Pantanal está se reerguendo das cinzas.
“As pessoas estão começando a entender que a biodiversidade brasileira vale dinheiro. O ecoturismo, além de movimentar a economia em nível nacional, ele também gera empregos para população local. Ainda existe o peso cientifico que a gente carrega. Muitos dados são gerados nas florestas brasileiras em função da grande biodiversidade que temos”, explicou Liliam Rampim, bióloga do Projeto Onçafari.
Fonte: G1
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