Novo prefeito do Rio afirma que “não vai ter” autódromo na Floresta do Camboatá, área de preservação ambiental
Por duas vezes, a jornalista Mônica Nunes escreveu sobre este projeto absurdo aqui no Conexão Planeta: a construção de um autódromo numa área de preservação ambiental, a Floresta de Camboatá, no bairro de Deodoro, na zona norte do Rio de Janeiro.
A área é um dos últimos remanescentes de Mata Atlântica de terras baixas da capital fluminense. Desde 1904, é administrada pelo Exército e já abrigou depósito de armamento e munição e, posteriormente, o Centro de Instrução de Operação Especial do Exército. Foi preservada nesses anos todos numa região que tem sofrido intenso processo de urbanização e adensamento e, por isso, se configura como uma ilha desse bioma.
A Floresta de Camboatá abriga mais de 200 mil árvores e é habitat para várias espécies de aves, mamíferos e répteis.
Para construir o autódromo seria necessário desmatar uma área de 160 hectares ou quase 50 campos de futebol! A Rio Motorsports, empresa que fez o planejamento para construir e operar as pistas, tinha o apoio do então governador Wilson Witzel (agora afastado) e o ex-prefeito Marcelo Crivella (também sendo investigado por corrupção).
Em outubro, a licença ambiental para o empreendimento foi bloqueada pelo Instituto Nacional do Meio Ambiente (Inea), que analisou o estudo de impacto ambiental apresentado pela prefeitura e identificou inconsistências, erros e omissões.
Ontem, o novo prefeito do Rio, Eduardo Paes, disse que “não vai ter autódromo”. Essa havia sido uma das promessas de sua campanha a ambientalistas, entre eles, o deputado estadual Carlos Minc, um dos co-autores de um projeto de lei de 2018, que previa a anexação da a Floresta do Camboatá ao Parque Estadual do Mendanha-Gericinó e a criação de áreas de lazer, pesquisa e horta de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica. Apesar da proposta ter sido aprovada, acabou engavetada por pressões políticas e empresariais.
Paes afirmou ainda que concorda com a construção de um novo autódromo, mas a prefeitura irá analisar outros lugares para a obra. Uma das possibilidades seria uma área em Guaratiba, também na zona oeste do Rio.
A polêmica sobre a construção do autódromo carioca teve repercussão internacional. O campeão Lewis Hamilton declarou que não correria numa pista que tivesse causado tamanho impacto ambiental e social.
Imagem: divulgação do Consórcio Rio Motorsports
Jornalista, já passou por rádio, TV, revista e internet. Foi editora de jornalismo da Rede Globo, em Curitiba, onde trabalhou durante 6 anos. Entre 2007 e 2011, morou na Suíça, de onde colaborou para publicações brasileiras, entre elas, Exame, Claudia, Elle, Superinteressante e Planeta Sustentável. Desde 2008 , escreve sobre temas como mudanças climáticas, energias renováveis e meio ambiente. Depois de dois anos e meio em Londres, vive agora em Washington D.C.
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