Com energias alternativas, Brasil pode gerar mais de 1 milhão de empregos e reduzir emissão de CO² até 2025
Com investimentos em
energias alternativas, Brasil pode gerar mais de 1 milhão de empregos e
reduzir em 28 toneladas a emissão de CO² até 2025, aponta estudo
World Economic Forum e Accenture ouviram mais de 25 empresas de serviços públicos globais e trazem análise específica para o País
Por Deborah Costa, Vinícius Chaves e Felipe de Paula
O Fórum Econômico Mundial,
em parceria com a Accenture, divulga uma nova análise em várias regiões,
explorando o caminho das concessionárias em meio à pandemia de Covid-19
em curso e as oportunidades para acelerar o crescimento econômico e a
transição para energia limpa.
Um Grupo de Ação da
Indústria que incluiu mais de 25 empresas de serviços públicos globais e
empresas de tecnologia de energia buscou avaliar de forma holística os
resultados econômicos, ambientais, sociais, bem como desdobramentos
técnicos de potenciais soluções de energia.
A análise revelou que no
Brasil, nos próximos cinco anos, os investimentos da indústria de
energia alternativa – como a solar e a eólica – e o impacto da
digitalização das cidades para um modelo mais inteligente e eficiente
podem gerar mais que 1,2 milhão de novos empregos e reduzir em 28
toneladas a emissão de CO².
Na análise, foram mapeados
diversos elementos da cadeia de valor do setor elétrico no País, como
emissão de gás carbônico, pegadas d’água, acesso a eletricidade,
qualidade do ar, resiliência e segurança do setor, qualidade de serviços
e flexibilidade. No entanto, foram aspectos como: impactos no emprego e
na economia, eficiência do setor e produtividade, investimento
estrangeiro, atualização de sistemas e competitividade que se destacaram
no cenário nacional.
Com o mapeamento do setor elétrico brasileiro, foi possível identificar um modelo que pode direcionar a transformação e atualização do País em termos de energia, utilizando sua grande fonte de energia hidrelétrica como alicerce para sustentar a população enquanto investimentos em fontes alternativas de energia ganham força, como a solar e a eólica, bem como o investimento em cidades integradas e inteligentes
Ampliação do setor elétrico
O relatório traz, ainda, que
a demanda por energia no País deve triplicar até 2050, o que fortalece a
necessidade de investimentos no setor. Para isso, o Brasil deve
precisar de ao menos 38 novas linhas de distribuição de energia com mais
de 5 mil quilômetros de extensão, o que significa um investimento de
mais de R﹩ 10 bilhões¹.
¹dados da Empresa de Pesquisa Energética, articulada com o Ministério de Minas e Energia e o Ministério da Economia.
Impactos do Covid-19 no setor
Apesar da necessidade de
crescimento e modernização do setor elétrico, o Brasil – assim como
todos os países do mundo – sofreu fortes impactos por conta da pandemia
da Covid-19. Isso, somado aos problemas já existentes no País, pode
dificultar a modernização do setor. Entre os principais pontos, pode-se
destacar:
Pontos negativos:
• Ao longo do período de
pandemia, o foco do País foi em manter a operação básica funcionando,
com cortes massivos em investimentos vistos como não essenciais.
• A demanda por energia caiu dois dígitos se comparado ao mês de maio do ano anterior.
• O mercado como um todo
sofreu um forte golpe, com redução do volume de operações em torno de
47% no mercado automotivo e 38% no setor de serviços.
• Com isso, o PIB do País tem estimativa de queda de aproximadamente 9%.
Pontos positivos:
• O Brasil testemunhou um aumento de 53% na geração de energia solar em abril de 2020.
• Como resultado da
Covid-19, foi observado um aumento no foco em eficiência operacional e
planejamento financeiro por parte das empresas operando no Brasil.
• Durante o período de
quarentena, foi possível notar uma queda abrupta na concentração de
gases como NO, NO² e CO na cidade de São Paulo, com quedas de 77%, 54% e
65%, respectivamente.
Como se recuperar da crise?
O estudo aponta, contudo, alternativas para uma recuperação do setor elétrico no Brasil, baseado em três fatores principais:
• Expansão de energias renováveis não hidrelétricas
Acelerar a expansão das
energias renováveis não hídricas (~ 7 GW eólica e solar) por meio de
várias iniciativas, como fomentar o mercado liberalizado (ACL) com
contratos de compra de energia inovadores (PPAs), desenvolver uma nova
solução estruturada para o Mecanismo de Realocação de Energia (MRE), e
substituição de termo-planta fóssil.
• Digitalização da Transmissão e Distribuição (T&D)
Abordar os problemas de
confiabilidade e qualidade de energia por meio de investimentos básicos
na rede de distribuição e, em seguida, digitalizar e moderniza a rede
elétrica do Brasil por meio de redes inteligentes, medidores
inteligentes, internet das coisas (IoT) e recursos de energia
distribuída (DER).
• Cidades Inteligentes e Eficientes
Investir em cidades
inteligentes por meio do desenvolvimento de uma rede digital de energia,
possibilitando eficiência energética e novos modelos de negócios de
suporte à geração distribuída, DERs e mobilidade elétrica, além de
serviços públicos como iluminação pública e manejo da vegetação.
Acesse os estudos completos com foco no Brasil e Global .
in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 22/02/2021
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