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Caatinga: rica de gente, de natureza e de poesia
Nem Amazônia, nem Cerrado. Singular mesmo é a Caatinga: único bioma exclusivamente brasileiro. Tão particular e tão imensa, compreende cerca de 11% do território nacional e 70% da região Nordeste.
Apesar do abandono secular dos governos aos sertanejos que ali fazem morada, a caatinga é rica, abundante. Segundo a Embrapa, apresenta cerca de 1.980 espécies de plantas. Está lá o mandacaru cantado Brasil afora na voz de Luíz Gonzaga.
Estão lá, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, 178 espécies de mamíferos; 591 espécies de aves; 117 espécies de répteis; 79 espécies de anfíbios; 241 espécies de peixes; 221 espécies das tão ameaçadas abelhas.
A Caatinga é exemplo de resiliência. Aguenta miúda longos períodos de seca para brotar farta e colorida ao menor sinal da chuva. Porém, se vê também vítima das mudanças do clima e do descaso do homem. Arde em fogo este ano, mais do que os biomas vizinhos.
Dados do Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais apontam que houve, até 1º de agosto, 2.130 focos incêndio nas áreas de Caatinga, o maior número em nove anos e uma alta de 164% em relação ao mesmo período de 2020.
Quem vive na região e quem estuda a região sabe que o crescimento das queimadas vem como consequência da expansão das monoculturas e da antecipação do período seco, que tende a se intensificar. E é justamente por ela perder as folhas quando a seca engole o sertão que ganhou esse nome.
Caatinga, na origem tupi-guarani, significa floresta branca.
Enquanto não se age adequadamente para protegê-la ela segue eternizada nos repentes dos sertanejos, na prosa de Ariano Suassuna, de Itamar Vieira Júnior e de tantos outros artistas que enxergam beleza nos cenários mais áridos.
A Caatinga, como sua gente, sabe retirar do solo seco a esperança para desabrochar no tempo certo, de maneira poderosa e única.
Foto (destaque): Adriano Gambarini (a ‘barriguda’ lembra o baobá de Madagascar, por isso é chamada de ‘baobá brasileiro’)
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