Espécie em risco de extinção, jacutingas nascidas em cativeiro serão soltas em área protegida da Mata Atlântica
No passado, as jacutingas (Aburria jacutinga) podiam ser vistas facilmente pela Mata Atlântica brasileira. Eram encontradas desde o sul da Bahia até o Rio Grande do Sul, norte da Argentina e Paraguai, todavia, infelizmente, aos poucos, essas lindas aves desapareceram de nossas matas por causa da caça ilegal e a perda de habitat. Atualmente a espécie é considerada em risco de extinção. Sua população é estimada em aproximadamente 2 mil indivíduos e com tendência de declínio.
Mas graças a diversos programas de reprodução em cativeiro e reintrodução, gradualmente, algumas jacutingas estão voltando a habitar nossas florestas.
Na semana passada, quatro filhotes nascidos no Parque das Aves, em Foz do Iguaçu, no Paraná, foram levados para a Serra da Mantiqueira, na região de São Francisco Xavier, em São Paulo. O objetivo é que eles sejam soltos em uma área protegida de Mata Atlântica, sob os cuidados do Projeto Jacutinga, da Sociedade para Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil).
“Estas vão ser as jacutingas 7, 8, 9 e 10 que enviamos para o projeto. Em 2017, outras seis foram enviadas, e cinco foram consideradas aptas e reintroduzidas na região, juntando-se ao bando de mais de 30 animais reintroduzidos desde 2016”, revela Paloma Bosso, diretora técnica do Parque das Aves.
Iguaçu, Tinguinha, Jurema e Atlântica – esses são os nomes dados pela equipe do parque às jacutingas -, nasceram no ano passado. Depois de passarem por diversos exames para atestarem sua boa saúde, as aves foram transportadas de avião entre Foz e a capital paulista.
As jacutingas ainda precisarão passar por uma fase de adaptação antes de serem soltas na mata. Ficarão num recinto de reabilitação. “Já durante os treinamentos observamos se vão estar aptas a viverem sozinhas na natureza, reconhecendo predadores, alimentando-se do que a mata tem para oferecer, e voando pelas copas das árvores. Após a liberação, acompanhamos os sinais emitidos por seu transmissor e checamos se está desempenhando seu importante papel ecológico como dispersora de sementes”, explica Alecsandra Tassoni, coordenadora do Projeto Jacutinga.
A especialista destaca que a soltura é gradual. Após três meses a porta do recinto é aberta. “Há um convite sutil para que os animais examinem a floresta do entorno, e podem escolher sair quando se sentirem confortáveis. Essa soltura gradativa é chamada de ‘soft release’, soltura branda em português, e é uma etapa que requer muita dedicação, monitoramento diário e uma preparação de toda a equipe”.
Em outubro do ano passado, também contamos, aqui no Conexão Planeta, que quatro casais de jacutinga foram reintroduzidos numa reserva de Mata Atlântica, na Reserva Ambiental do Ibitipoca, próximo ao município mineiro de Lima Duarte, em Minas Gerais. A soltura foi resultado do trabalho de três criatórios – o mineiro CRAX, o Tropicus de São Paulo e o Criadouro Guaratuba, do Paraná.
A jacutinga possui penas predominantemente negras com tons arroxeados, detalhes em branco nos ombros e na cabeça, bico azulado e nas barbelas as cores azul e vermelha. Outra característica que a difere dos representantes do gênero Aburria é a fronte negra e a região ao entorno dos olhos em branco. E quando fica em estado de alerta, ganha uma crista eriçada e branca.
A espécie não costuma fazer voos longos. Permanece a maior parte do tempo na copa das árvores. Quando vai ao chão, é sempre por pouco tempo. Sua dieta é muito diversificada, ingerindo sementes, frutos, folhas, flores e insetos.
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Fotos: divulgação Parque das Aves
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