sábado, 15 de julho de 2023

Animais domesticados têm cérebro menor do que ancestrais selvagens, mas uma espécie mostrou recuperação após voltar à natureza

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Animais domesticados têm cérebro menor do que ancestrais selvagens, mas uma espécie mostrou recuperação após voltar à natureza

Animais domesticados têm cérebro menor do que ancestrais selvagens, mas uma espécie mostrou recuperação após voltar à natureza

Ao longo da história da humanidade, o homem domesticou vários animais: de cavalos e cães a ovelhas e porcos. O que cientistas descobriram é que uma consequência desse processo foi a redução do tamanho do cérebro desses bichos em relação a seus antepassados selvagens. O fenômeno conhecido como “efeito domesticação” era considerado irreversível, mesmo quando ocorria a reintrodução na natureza.

“Uma vez que os animais perdem partes de seus corpos, como certas regiões do cérebro, ao longo da evolução, elas desaparecem e não podem ser simplesmente recuperadas”, diz a pesquisadora Dina Dechmann.

Todavia, um novo estudo demonstra que, pelo menos para uma espécie, isso pode não ser verdade. Cientistas do Instituto Max Planck de Comportamento Animal, na Alemanha, onde Dina trabalha, analisaram o cérebro de populações de visons (Mustela vison) selvagens da América do Norte, domesticados de fazendas de peles europeias e espécimes selvagens do mesmo continente.

“Nossos resultados mostram que a perda de tamanho do cérebro não é permanente nesses animais domesticados”, diz Ann-Kathrin Pohle, aluna de mestrado do instituto e autora principal de um artigo científico recém-publicado sobre o assunto.

Segundo o estudo, visons que retornaram à natureza tiveram um aumento da massa cerebral de 25%. Mas isso aconteceu num período gradativo, após 50 gerações (a espécie na natureza tem uma expectativa de vida de, em média, entre três a quatro anos, e em cativeiro chega aos dez anos).

Para chegar à essa conclusão não foi fácil. Os pesquisadores precisaram comparar as medidas dos crânios desses bichos. Parte da análise foi feita a partir de espécimes encontrados em coleções de museus.

Os cientistas escolheram o vison porque, nativo da América do Norte, ele foi domesticado para o comércio de peles por mais de um século. Depois de serem criados na Europa, entretanto, muitos deles conseguiram escapar e formar populações selvagens que se espalharam por todo o continente.

“Essa história natural forneceu as populações separadas de que os cientistas precisavam”, relata a equipe do Instituto Max Planck.

Dina Dechmann acredita saber porque o vison conseguiu desenvolver essa plasticidade cerebral, algo que se pensava improvável. O vison americano pertence a uma família de pequenos mamíferos com uma notável capacidade de mudar sazonalmente o tamanho do cérebro em um processo conhecido como fenômeno de Dehnel.

A pesquisadora, uma especialista neste processo, já havia documentado esse fenômeno em musaranhos, toupeiras e doninhas.

“Enquanto outros animais domesticados parecem perder o tamanho do cérebro permanentemente, é possível que o vison possa recuperá-lo de seus ancestrais porque possuem um tamanho de cérebro flexível embutido em seu sistema”, ela explica. “Se você escapar do cativeiro de volta à natureza, vai querer um cérebro totalmente capaz de lidar com os desafios de viver na natureza. Animais com cérebros flexíveis, como o vison, podem restaurar seus cérebros mesmo que eles tenham encolhido anteriormente”.

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Foto de abertura: © Karol Zub

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