Sem 'rolezão', sem-teto fazem piquenique e jogam tinta em shopping
No shopping Jardim Sul, cerca de 500 pessoas caminharam até o local, onde seguranças bloqueavam todas as entradas. Os clientes que estavam no imóvel não foram obrigados a deixar o centro comercial, mas algumas lojas também fecharam e dispensaram os funcionários.
O estoquista Alberto Santana foi um dos funcionários que deixaram o local por volta das 17h50 –mais de quatro horas do horário previsto. Ele afirmou que não houve informe sonoro, mas que os seguranças avisaram as pessoas que estavam no local que o prédio seria fechado por conta de uma manifestação.
O shopping afirmou em nota que o fechamento foi necessário como "parte do plano de ações para garantir a integridade e segurança de seus clientes, lojistas e colaboradores".
Rolezões em São Paulo
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Membros
do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto promove "rolezão" em frente ao
shopping Campo Limpo, em protesto contra os estabelecimentos que
impediram jovens da periferia de praticar o rolezinho
Os membros do MTST também fizeram o que eles chamaram de "x-rolezão", distribuindo lanches de mortadela para os manifestantes. Foram mil pães e 4 kg de mortadela distribuídos no local.
"Trouxemos os lanches para ironizar o 'x-porcaria' que vende dentro do shopping. Muitas dessas pessoas que estão aqui até trabalham no shopping, nos setores de limpeza e segurança. Hoje, por ironia, são impedido de entrar. Outros seguranças, também de periferia, estão impedindo a nossa entrada", afirmou Ana Paula Ribeiro, coordenadora do MTST.
"É um absurdo eu não poder entrar no shopping hoje. Eu sempre venho, assim como meus filhos e a gente gasta muito dinheiro. O direito de entrar no shopping é de todo mundo, não só dos 'filhinhos de papai'", afirmou a cozinheira Renilda Pereira dos Santos, 37, que estava no protesto. Ela mora na ocupação da Capadócia, na Vila Andrade (zona sul) (!!!).
O grupo também jogou tinta azul no chão, na frente do shopping, onde fez uma ciranda. Logo após o ato, os manifestantes seguiram em passeata pela avenida Giovanni Gronchi, que estava bloqueada por volta das 19h50.
No shopping Campo Limpo, cerca de 500 pessoas fecharam a estrada de Itapecerica, depois de se concentrarem na estação Campo Limpo. O ato foi pacífico, com policiais militares acompanhando o ato de longe. No final, porém, dois jovens atiraram duas latas de tinta preta contra a entrada do centro comercial. A tinta manchou o chão e respingou nas paredes.
O centro comercial fechou mesmo depois de ter conseguido uma liminar (decisão provisória) na Justiça paulista proibindo o "rolezão". A segurança também foi reforçada no shopping. Muitos vigias guardaram nas entradas e foram colocados comunicados sobre a decisão da Justiça.
Em nota, o shopping afirmou que "obteve uma liminar, concedida pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, a fim de manter a segurança de clientes, lojistas e funcionários".
"É um absurdo a gente ter de pagar pelos baderneiros", disse Sidney Vieria. Com a filha de colo, ele tentou deixar o shopping Campo Limpo pela saída que liga ao metrô, mas foi impedido pela segurança, que pediu que ele utilizasse outra porta.
A liminar concedida hoje ao shopping Campo Limpo aponta que "embora [os shoppings] sejam locais abertos ao público, são empreendimentos privados (...) Não se trata de 'via pública', não se constituindo em local próprio e apropriado ao exercício do direito de liberdade de reunião e manifestação".
O juiz Alexandre David Malfatti, da 7ª Vara Cível, determina ainda que sejam comunicados da decisão com urgência, ao comando da Polícia Militar do Estado e ao Corpo de Bombeiros e determinou pena de multa diária no valor de R$ 5.000 caso a decisão seja descumprida.
Mesmo após a decisão da Justiça, MTST afirmado em nota que manteria as mobilizações previstas para os Shoppings Jardim Sul e Campo Limpo. "Não fomos notificados de qualquer proibição judicial, apesar do que saiu na imprensa", disse a nota.
"É lamentável, caso se confirme a informação, que o judiciário se preste ao papel de proibir o direito de ir e vir e livre manifestação previstos na Constituição Federal. As ações estão mantidas e ocorrerão, com ou sem autorização judicial", acrescenta o movimento.
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