18/01/2014
Militantes gays transformam morto numa simples bandeira. E a absurda irresponsabilidade de Maria do Rosário — mais uma vez!
Todas as
profissões têm seus momentos desagradáveis, indesejados pelos
profissionais. Eis um deles. Preferiria não escrever nada do que virá,
seja em razão do que há de drama humano, de sofrimento mesmo, seja em
razão da pulhice política que acompanha o episódio. Raramente tantos
oportunistas se aproveitaram com tamanha determinação da dor alheia como
nestes tempos. Vamos lá.
No sábado,
a Polícia Militar de São Paulo encontrou o corpo de Kaique Augusto
Batista, de 17 anos, perto de um viaduto na região da Bela Vista. Estava
desfigurado em razão, tudo indica, de uma queda — as causas ainda estão
sendo apuradas.
São fortes os indícios de ele possa ter se suicidado,
jogando-se do elevado. A família acusa homicídio porque diz que seu
rosto estava desfigurado, sem os dentes, e que haveria uma perfuração na
perna com barra de ferro. Uma avaliação preliminar indica que a tal
perfuração se deve a uma fratura exposta e que os ferimentos do rosto
são compatíveis com quem sofreu a queda. Haveria ainda sinais de
tortura. A polícia informa que o corpo ficou sem refrigeração até
quarta-feira e que os sinais de suposta tortura se devem, na verdade, à
deterioração dos tecidos.
Kaique era
negro e homossexual. E pronto! Estão dados os “botões quentes” para
acionar a mobilização da militância. Sem que haja qualquer indício,
qualquer sinal, qualquer evidência, qualquer fio que possa alimentar a
suspeita — além da militância de sempre —, a morte do rapaz está sendo
atribuída por grupos gays à “homofobia”. O garoto, ficamos sabendo, não
morava com os pais, mas na casa do que a imprensa chama “casal de
homens”. Teria sido visto por amigos pela última vez numa boate gay, na
sexta passada.
Muito bem!
Nesta sexta, houve um protesto em São Paulo organizado por grupos gays,
que exigem a apuração do que de fato aconteceu — como se apurações
assim dependessem de exigências. Mais: nem é preciso dizer que, na
verdade, esses grupos militantes não querem exatamente uma investigação,
mas a confirmação oficial da conclusão a que eles já chegaram: Kaike
foi assassinado pela homofobia. Qualquer investigação que chegue a outra
conclusão será considera, também ela…, homofóbica.
Entendam:
Kaique já deixou, nesse caso, de ser uma pessoa e passou a ser uma
causa. Pouco importa, no fim das contas, o que tenha acontecido com ele.
Deixou de ser gente e passou a ser uma bandeira.
Em sua página no
Facebook, a polícia encontrou a seguinte mensagem: “Você se machuca com o
que as pessoas fazem com você e você vive pensando em não machucar as
pessoas. E aí pensa mesmo em não derrubar as pessoas da ponte enquanto
elas te jogam e vocês têm que subir ela de alguma forma”.
Que fique
claro: acho que todas as hipóteses têm de ser investigadas. O que é
inaceitável é que a militância tente impor a sua conclusão à polícia,
como se gays só pudessem morrer vítimas da homofobia; como, diga-se, se
muitos dos assassinos de gays não fossem michês — vale dizer: gays eles
também. Ou não são? Existem crimes de ódio praticados contra
homossexuais? Existem. Mas isso é a investigação que tem de definir, não
a gritaria.
E agora Maria do Rosário.
A irresponsável
Maria do Rosário, secretária nacional dos
Direitos Humanos, teve o desplante de emitir uma nota oficial chamando a
ocorrência de crime praticado pela homofobia.
Uma ministra de estado
ignora a investigação da polícia, não espera os dados técnicos sobre a
perícia e sai expelindo sentenças. Vindo de quem vem, não me surpreende.
Leiam a nota (em vermelho):
A
Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) vem a
público manifestar solidariedade à família de Kaique Augusto Batista
dos Santos, assassinado brutalmente no último sábado (11/01). Seu corpo
foi encontrado pela Polícia Militar de São Paulo próximo a um viaduto na
região da Bela Vista, na Avenida 9 de Julho.
As circunstâncias do episódio e as
condições do corpo da vítima, segundo relatos dos familiares, indicam
que se trata de mais um crime de ódio e intolerância motivado por
homofobia.
De acordo com dados do Relatório
de Violência Homofóbica, produzido pela Secretaria de Direitos Humanos,
em 2012, houve um aumento de 11% dos assassinatos motivados por
homofobia no Brasil em comparação a 2011. Diante desse grave cenário,
assim como faz em outros casos que nos são denunciados, a SDH/PR está
acompanhando o caso junto às autoridades estaduais, no intuito de
garantir a apuração rigorosa do caso e evitar a impunidade.
A ministra da SDH/PR, Maria do
Rosário, designou o coordenador-geral de Promoção dos Direitos deLGBT e
presidente do Conselho Nacional de Combate a Discriminação LGBT, Gustavo
Bernardes, para acompanhar o caso pessoalmente. O servidor da SDH/PR
desembarcou no início na tarde desta sexta-feira (17) na capital
paulista, onde deverá conversar com a família e acompanhar o processo
investigativo em curso.
Informamos ainda que a Secretaria
de Direitos Humanos está investindo recursos para a ampliação dos
serviços do Centro de Combate à Homofobia da Prefeitura Municipal de São
Paulo, fortalecendo a rede de enfrentamento à homofobia.
Diante desse quadro, reiteramos a
necessidade de que o Congresso Nacional aprove legislação que
explicitamente puna os crimes de ódio e intolerância motivados por
homofobia no Brasil, para um efetivo enfrentamento dessas violações de
Direitos Humanos.
O Governo Federal reitera seu compromisso com o enfrentamento aos crimes de ódio e com a promoção dos direitos das minorias, em especial, com a população LGBT.
Voltei
Uma ministra de estado ignora dados
técnicos sobre o corpo e prefere emitir uma nota com base em impressões
da família, certamente impactada com a morte. Observem que também Maria
do Rosário usa Kaique como bandeira: lá está ela:
a: a fazer proselitismo em favor da tal lei anti-homofobia; b: a fazer propaganda dos investimentos do governo federal na Prefeitura petista de São Paulo; c: a sugerir que, não fosse a pressão da sua secretaria, a polícia de São Paulo poderia não fazer direito o seu trabalho.
Asqueroso
Trata-se de um comportamento asqueroso,
oportunista. Mais de 50 mil pessoas são assassinadas todo ano no Brasil.
Alguém viu esta senhora emitir antes alguma nota? Observem que a
mobilização do seu ministério é maior nesse caso do que na trágica
ocorrência no Maranhão, que vitimou a menina Ana Clara.
Mais uma
vez, estamos diante da evidência de que, para o governo federal, para os
petistas, há cadáveres e cadáveres. Há aqueles que podem ser
convertidos em causas e que rendem proselitismo. E há os que chamo de os
mortos sem pedigree. É isto: a moral petista transforma em estandarte
os cadáveres de primeira linha para que sua omissão criminosa nos outros
casos não vire notícia. Como boa parte da imprensa é refém de grupos
militantes, a operação é bem-sucedida.
Os
ministros de Dilma se dividem em dois grupos: os com e os sem limites.
Maria do Rosário, junto com Gilberto Carvalho e José Eduardo Cardozo,
entre outros, integra a segunda turma. Para encerrar e para não
esquecer: quando houve aquela corrida para sacar dinheiro do Bolsa
Família em razão de uma barbeiragem da Caixa Econômica Federal, essa
senhora foi a primeira a sacar a pistola retórica no Twitter: acusou a
oposição. E não se desculpou depois.
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