25/01/2014
às 11:22 \ Feira Livre
O áspero colosso
Publicado na edição impressa de VEJA de janeiro de 2012
AUGUSTO NUNES E BRANCA NUNES
A visão da cordilheira de arranha-céus intimida os que acabam de chegar, e quem chega pensando em ficar descobre logo na entrada que o aviso do baiano Caetano Veloso num verso de Sampa vale para qualquer forasteiro: será um difícil começo. O áspero colosso provoca temores que a beleza hipnótica do Rio de Janeiro revoga, sugere perigos que o jeito oferecido de Salvador exorciza. A sexta maior metrópole do planeta jamais sorri no primeiro encontro com desconhecidos (às vezes não sorri nunca) e não consegue ser efusiva com ninguém. Mas tem vagas (e algum tipo de emprego à espera dos aprovados) para todos os que topam submeter-se ao teste de sobrevivência na cidade que completa 458 anos neste 25 de janeiro.
A insegurança dos primeiros meses é acentuada pela sensação de que o perigo mora em cada esquina. Não é bem assim. Em 2000, a taxa de homicídios na cidade era de 64,8 para cada 100 000 habitantes. Em 2010, caiu para treze — uma redução de 80%. Nesse mesmo período, esse índice acusou um crescimento de 113% na aparentemente inofensiva Curitiba. Proporcionalmente, São Paulo é a capital com menos homicídios do país. A campeã é Maceió, com 110 assassinatos para cada grupo de 100.000 habitantes. Mas quem migra para a capital alagoana imagina estar a caminho de um lugar bem menos inquietante e muito mais hospitaleiro que a terra dos bandeirantes.
Essa iniciação invariavelmente sofrida deixa cicatrizes, e mesmo quem se entrega a São Paulo prefere namorar em segredo a cidade que os brasileiros amam odiar em público. Nelson Rodrigues repetiu em várias crônicas que a pior forma de solidão é a companhia de um paulista, Vinicius de Moraes enxergou o túmulo do samba no lugar repleto de bons sambistas. Entre os grandes compositores de outras paragens, só Caetano, o também baiano Tom Zé e o carioca Martinho da Vila cantaram — com ressalvas — os encantos ocultos da metrópole.
Mas São Paulo continua atraindo gente disposta a enfrentar a muralha de concreto e abrir espaço nos 1.522,986 quilômetros quadrados do perímetro urbano. Nesse território se movem mais de 11,2 milhões de habitantes (11.253.503, no censo de 2010), entre os quais 1,3 milhão de moradores acotovelados nos 55.756 barracos de 1.020 favelas e 21 magnatas cujas fortunas somam 85 bilhões de dólares. Segundo a revista Forbes, apenas cinco cidades abrigam mais bilionários. Também circulam pelo perîmetro urbano 2,5 milhões de cães e 562 000 gatos com endereço fixo, outros milhares sem teto e mais de 7 milhões de veículos. Diariamente, são emplacados outros 1.160, cifra que reforça a suspeita de que, algum dia, os 17.000 quilômetros de ruas e avenidas se transformarão num gigantesco beco congestionado — e sem saída.
UMA METRÓPOLE DE SUPERLATIVOS
Os nativos não atingem 60% da população. Os paulistanos adotivos que não param de chegar seguem ampliando o portentoso mosaico etnorracial forjado por estrangeiros e brasileiros procedentes do país inteiro. Abstraído o quase 1 milhão de paulistas nascidos nos outros 644 municípios, mais de 900.000 baianos compõem a maior colônia regional. São Paulo fala português com todos os sotaques e acentos conhecidos e figura entre as cinco cidades mais poliglotas do mundo. O recenseamento anual da Polícia Federal informa que 306.077 imigrantes com domicílio permanente e 1.579 refugiados representam, somados aos nativos, 152 nacionalidades — quarenta abaixo das 192 agrupadas na Organização das Nações Unidas.
Baseado na documentação apresentada na chegada ao Brasil, o levantamento da Polícia Federal preserva espécies que a ONU considera desaparecidas ou perto da extinção. Sobrevivem em São Paulo, por exemplo, sessenta soviéticos e 136 alemães-orientais. A lista reúne um punhado de pungentes solidões: 25 nacionalidades têm só um representante na cidade. Enquanto católicos pertencentes a comunidades mais populosas frequentam igrejas que celebram missas em chinês ou esloveno, o único nepalês da metrópole só poderá matar a saudade da língua natal se falar sozinho.
Como só entra nas contas da PF quem não nasceu na cidade, em São Paulo o ranking das comunidades estrangeiras é liderado pelos 78.073 portugueses. Se fossem computados os descendentes, a maior coleção de sobrenomes italianos do mundo jamais cairia do primeiro lugar que ocupou por quase 100 anos. A longa supremacia contribuiu para transformar o paulistano num devorador de pizzas. Consome-se na cidade 1 milhão delas por dia, o que equivale a 732 por minuto. Colocadas lado a lado, as pizzas engolidas anualmente formariam uma linha reta cujo comprimento equivale a sete viagens de ida e volta a Roma.
Em São Paulo desde 1978, Lin Chung Long, o Mister Lin, é a metade da colônia formada por dois nativos de Taiwan e também o dono da mais requisitada relojoaria de São Paulo. Aos 58 anos, conserta qualquer tipo de relógio, mas só garante a pontualidade dos outros. Não tem hora certa para abrir a loja nem para encerrar o expediente. Quando baixa a porta de ferro, a inscrição numa placa — “Mister Lin dá um tempo” — identifica um náufrago feliz no oceano de gente aparentemente apressada.
“As pessoas querem tudo muito rápido”, lamenta. Essa pressa é enganosa. “Se eu ficar batendo lata no Viaduto do Chá, junto 5.000 pessoas em dez minutos”, garantia Jânio Quadros.
É provável que sim. Os habitantes da cidade que não pode parar vivem parando por qualquer motivo, ou sem motivo algum. Parariam para saber o que fazia aquele homem batendo lata os que param para não comprar o remédio que garante prodígios de virilidade oferecido por um camelô, para comprar uma caixa de Dorflex (o remédio favorito da capital da automedicação) ou para tomar cafezinho e comer pastel de feira. São Paulo bebe 30 milhões de xícaras por dia, 20.833 por minuto. E as barracas das 882 feiras, somadas, vendem 202.000 pastéis por dia, 140 por minuto.
TEMPLO GASTRONÔMICO
Os turistas preferem parar diante das vitrines das 240.000 lojas da cidade. Gastam o que têm nas ruas comerciais do centro, gastam o que não deviam no templo consumista da Oscar Freire ou em alguma das 10.000 lojas entrincheiradas nos shoppings. A cada segundo, dez cartões de crédito e débito são utilizados. A cada dia, são consumadas 864 000 transações. Fazer compras é um item obrigatório na agenda dos 11,7 milhões de turistas — 10,1 milhões de brasileiros e 1,6 milhão de estrangeiros — que desembarcam anualmente em São Paulo.
Segundo o Observatório do Turismo de São Paulo, 43,7% viajam a negócio, 27,5% são participantes de feiras ou congressos e só 12,5% procuram atividades culturais ou outras formas de lazer. A maioria fica de três a quatro dias num dos 42.000 quartos disponíveis nos 410 hotéis. Seja qual for a razão da visita, todos os turistas se enredam alegremente na teia culinária formada por 12.500 restaurantes, que oferecem pratos de 52 tipos de cozinha. No campo da gastronomia, Nova York é a única cidade capaz de rivalizar com São Paulo.
Em 2011, a Virada Cultural juntou 4 milhões de cabeças, a Parada LGBT atraiu 3 milhões e nem a chuva dispersou os 2,5 milhões de participantes do réveillon da Paulista, o principal cartão postal da cidade e a avenida favorita de todos os manifestantes. Em dias normais, 1,5 milhão de pedestres e 90.000 carros circulam pelo antigo reduto dos palacetes dos barões do café que hoje, coerentemente, hospeda o prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A entidade representa as 34.000 indústrias baseadas na capital. Essa cifra ajuda a entender por que um município ocupado por 6% da população brasileira concentra 15% do PIB nacional.
A revolução industrial que pariu a metrópole foi inclemente com a paisagem da cidade provinciana. O local escolhido para a construção do Colégio dos Jesuítas garantiu a São Paulo um berço bordado por três rios e mais de 100 córregos. O azul desse deslumbramento fluvial desbotou ou sumiu. O verde resiste como pode. O Parque Estadual da Cantareira disputa o título de maior floresta urbana do mundo. São Paulo tem 2 milhões de árvores. Colhe-se fruta no pé numa jabuticabeira da Avenida Brasil ou nas pitangueiras da Praça Panamericana. Esses pequenos milagres seriam menos raros se o metrô tivesse nascido antes de 1970, se as linhas subterrâneas não resumissem a 70 quilômetros de extensão e se São Paulo aprendesse que não precisa de tanto asfalto.
Os paulistanos ignoram que é possível deslocar-se sem automóvel nem ônibus, e com mais rapidez. Sabem disso os donos dos 400 helicópteros que compõem uma frota inferior apenas à de Nova York. Muitos voam orientados pelo Edifício Itália (165 metros), que deixou de ser o mais alto da metrópole com a inauguração do Mirante do Vale (175 metros), e costumam passar rente à janela do restaurante de onde um homem saltou de paraquedas.
Os clientes sempre acrescentam à sobremesa a contemplação da cidade que em 2011 registrou 62.989 casamentos, 8.904 divórcios, 2.063 separações judiciais, 186.119 nascimentos e 77.286 mortes.
Nasceram 510 por dia, morreram 211. No áspero colosso que ameaça matar de susto quem chega, ninguém morre de tédio.
Com reportagem de Fernanda Nascimento e Júlia Rodrigues
AUGUSTO NUNES E BRANCA NUNES
A visão da cordilheira de arranha-céus intimida os que acabam de chegar, e quem chega pensando em ficar descobre logo na entrada que o aviso do baiano Caetano Veloso num verso de Sampa vale para qualquer forasteiro: será um difícil começo. O áspero colosso provoca temores que a beleza hipnótica do Rio de Janeiro revoga, sugere perigos que o jeito oferecido de Salvador exorciza. A sexta maior metrópole do planeta jamais sorri no primeiro encontro com desconhecidos (às vezes não sorri nunca) e não consegue ser efusiva com ninguém. Mas tem vagas (e algum tipo de emprego à espera dos aprovados) para todos os que topam submeter-se ao teste de sobrevivência na cidade que completa 458 anos neste 25 de janeiro.
A insegurança dos primeiros meses é acentuada pela sensação de que o perigo mora em cada esquina. Não é bem assim. Em 2000, a taxa de homicídios na cidade era de 64,8 para cada 100 000 habitantes. Em 2010, caiu para treze — uma redução de 80%. Nesse mesmo período, esse índice acusou um crescimento de 113% na aparentemente inofensiva Curitiba. Proporcionalmente, São Paulo é a capital com menos homicídios do país. A campeã é Maceió, com 110 assassinatos para cada grupo de 100.000 habitantes. Mas quem migra para a capital alagoana imagina estar a caminho de um lugar bem menos inquietante e muito mais hospitaleiro que a terra dos bandeirantes.
Essa iniciação invariavelmente sofrida deixa cicatrizes, e mesmo quem se entrega a São Paulo prefere namorar em segredo a cidade que os brasileiros amam odiar em público. Nelson Rodrigues repetiu em várias crônicas que a pior forma de solidão é a companhia de um paulista, Vinicius de Moraes enxergou o túmulo do samba no lugar repleto de bons sambistas. Entre os grandes compositores de outras paragens, só Caetano, o também baiano Tom Zé e o carioca Martinho da Vila cantaram — com ressalvas — os encantos ocultos da metrópole.
Mas São Paulo continua atraindo gente disposta a enfrentar a muralha de concreto e abrir espaço nos 1.522,986 quilômetros quadrados do perímetro urbano. Nesse território se movem mais de 11,2 milhões de habitantes (11.253.503, no censo de 2010), entre os quais 1,3 milhão de moradores acotovelados nos 55.756 barracos de 1.020 favelas e 21 magnatas cujas fortunas somam 85 bilhões de dólares. Segundo a revista Forbes, apenas cinco cidades abrigam mais bilionários. Também circulam pelo perîmetro urbano 2,5 milhões de cães e 562 000 gatos com endereço fixo, outros milhares sem teto e mais de 7 milhões de veículos. Diariamente, são emplacados outros 1.160, cifra que reforça a suspeita de que, algum dia, os 17.000 quilômetros de ruas e avenidas se transformarão num gigantesco beco congestionado — e sem saída.
UMA METRÓPOLE DE SUPERLATIVOS
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NÁUFRAGO FELIZOs nativos não atingem 60% da população. Os paulistanos adotivos que não param de chegar seguem ampliando o portentoso mosaico etnorracial forjado por estrangeiros e brasileiros procedentes do país inteiro. Abstraído o quase 1 milhão de paulistas nascidos nos outros 644 municípios, mais de 900.000 baianos compõem a maior colônia regional. São Paulo fala português com todos os sotaques e acentos conhecidos e figura entre as cinco cidades mais poliglotas do mundo. O recenseamento anual da Polícia Federal informa que 306.077 imigrantes com domicílio permanente e 1.579 refugiados representam, somados aos nativos, 152 nacionalidades — quarenta abaixo das 192 agrupadas na Organização das Nações Unidas.
Baseado na documentação apresentada na chegada ao Brasil, o levantamento da Polícia Federal preserva espécies que a ONU considera desaparecidas ou perto da extinção. Sobrevivem em São Paulo, por exemplo, sessenta soviéticos e 136 alemães-orientais. A lista reúne um punhado de pungentes solidões: 25 nacionalidades têm só um representante na cidade. Enquanto católicos pertencentes a comunidades mais populosas frequentam igrejas que celebram missas em chinês ou esloveno, o único nepalês da metrópole só poderá matar a saudade da língua natal se falar sozinho.
Como só entra nas contas da PF quem não nasceu na cidade, em São Paulo o ranking das comunidades estrangeiras é liderado pelos 78.073 portugueses. Se fossem computados os descendentes, a maior coleção de sobrenomes italianos do mundo jamais cairia do primeiro lugar que ocupou por quase 100 anos. A longa supremacia contribuiu para transformar o paulistano num devorador de pizzas. Consome-se na cidade 1 milhão delas por dia, o que equivale a 732 por minuto. Colocadas lado a lado, as pizzas engolidas anualmente formariam uma linha reta cujo comprimento equivale a sete viagens de ida e volta a Roma.
Em São Paulo desde 1978, Lin Chung Long, o Mister Lin, é a metade da colônia formada por dois nativos de Taiwan e também o dono da mais requisitada relojoaria de São Paulo. Aos 58 anos, conserta qualquer tipo de relógio, mas só garante a pontualidade dos outros. Não tem hora certa para abrir a loja nem para encerrar o expediente. Quando baixa a porta de ferro, a inscrição numa placa — “Mister Lin dá um tempo” — identifica um náufrago feliz no oceano de gente aparentemente apressada.
“As pessoas querem tudo muito rápido”, lamenta. Essa pressa é enganosa. “Se eu ficar batendo lata no Viaduto do Chá, junto 5.000 pessoas em dez minutos”, garantia Jânio Quadros.
É provável que sim. Os habitantes da cidade que não pode parar vivem parando por qualquer motivo, ou sem motivo algum. Parariam para saber o que fazia aquele homem batendo lata os que param para não comprar o remédio que garante prodígios de virilidade oferecido por um camelô, para comprar uma caixa de Dorflex (o remédio favorito da capital da automedicação) ou para tomar cafezinho e comer pastel de feira. São Paulo bebe 30 milhões de xícaras por dia, 20.833 por minuto. E as barracas das 882 feiras, somadas, vendem 202.000 pastéis por dia, 140 por minuto.
TEMPLO GASTRONÔMICO
Os turistas preferem parar diante das vitrines das 240.000 lojas da cidade. Gastam o que têm nas ruas comerciais do centro, gastam o que não deviam no templo consumista da Oscar Freire ou em alguma das 10.000 lojas entrincheiradas nos shoppings. A cada segundo, dez cartões de crédito e débito são utilizados. A cada dia, são consumadas 864 000 transações. Fazer compras é um item obrigatório na agenda dos 11,7 milhões de turistas — 10,1 milhões de brasileiros e 1,6 milhão de estrangeiros — que desembarcam anualmente em São Paulo.
Segundo o Observatório do Turismo de São Paulo, 43,7% viajam a negócio, 27,5% são participantes de feiras ou congressos e só 12,5% procuram atividades culturais ou outras formas de lazer. A maioria fica de três a quatro dias num dos 42.000 quartos disponíveis nos 410 hotéis. Seja qual for a razão da visita, todos os turistas se enredam alegremente na teia culinária formada por 12.500 restaurantes, que oferecem pratos de 52 tipos de cozinha. No campo da gastronomia, Nova York é a única cidade capaz de rivalizar com São Paulo.
Em 2011, a Virada Cultural juntou 4 milhões de cabeças, a Parada LGBT atraiu 3 milhões e nem a chuva dispersou os 2,5 milhões de participantes do réveillon da Paulista, o principal cartão postal da cidade e a avenida favorita de todos os manifestantes. Em dias normais, 1,5 milhão de pedestres e 90.000 carros circulam pelo antigo reduto dos palacetes dos barões do café que hoje, coerentemente, hospeda o prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A entidade representa as 34.000 indústrias baseadas na capital. Essa cifra ajuda a entender por que um município ocupado por 6% da população brasileira concentra 15% do PIB nacional.
A revolução industrial que pariu a metrópole foi inclemente com a paisagem da cidade provinciana. O local escolhido para a construção do Colégio dos Jesuítas garantiu a São Paulo um berço bordado por três rios e mais de 100 córregos. O azul desse deslumbramento fluvial desbotou ou sumiu. O verde resiste como pode. O Parque Estadual da Cantareira disputa o título de maior floresta urbana do mundo. São Paulo tem 2 milhões de árvores. Colhe-se fruta no pé numa jabuticabeira da Avenida Brasil ou nas pitangueiras da Praça Panamericana. Esses pequenos milagres seriam menos raros se o metrô tivesse nascido antes de 1970, se as linhas subterrâneas não resumissem a 70 quilômetros de extensão e se São Paulo aprendesse que não precisa de tanto asfalto.
Os paulistanos ignoram que é possível deslocar-se sem automóvel nem ônibus, e com mais rapidez. Sabem disso os donos dos 400 helicópteros que compõem uma frota inferior apenas à de Nova York. Muitos voam orientados pelo Edifício Itália (165 metros), que deixou de ser o mais alto da metrópole com a inauguração do Mirante do Vale (175 metros), e costumam passar rente à janela do restaurante de onde um homem saltou de paraquedas.
Os clientes sempre acrescentam à sobremesa a contemplação da cidade que em 2011 registrou 62.989 casamentos, 8.904 divórcios, 2.063 separações judiciais, 186.119 nascimentos e 77.286 mortes.
Nasceram 510 por dia, morreram 211. No áspero colosso que ameaça matar de susto quem chega, ninguém morre de tédio.
Com reportagem de Fernanda Nascimento e Júlia Rodrigues
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