Por seis votos a um, o Tribunal Superior Eleitoral indeferiu o primeiro recurso do ex-governador
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Com um discurso cheio de metáforas, José Roberto Arruda (PR) anunciou ontem aos seus partidários que a campanha continua e que assim será enquanto houver possibilidade de recurso na Justiça. “Só não há jeito para a morte. Enquanto temos chance de recurso, por mais difícil que seja, eu me mantenho na luta”, disse, ontem, na sede do PR.
O ex-governador recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da decisão do Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF) que impugnou sua candidatura. Por seis votos a um, o Tribunal indeferiu o recurso. Agora, os advogados devem entrar com embargos declaratórios, questionando o julgamento no próprio TSE.
Depois disso, entrarão com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF), alegando violação à Constituição
“Mudar a interpretação da lei, justamente no meu caso, me dá o direito de recorrer”, disse Arruda, alegando que o TSE já tinha jurisprudência firmada, mas foi mais rigoroso no seu caso, “inovando na interpretação da lei”. Ele foi condenado em segunda instância cinco dias após registrar a candidatura.
“Democracia em risco”
Por mais de uma vez, disse que se sente como um motorista que trafega por uma via onde a velocidade máxima permitida é de 80 km/h e é multado por que o guarda de trânsito decidiu que só o seu carro pode andar, no máximo, a 60 km/h.
Com a metáfora, Arruda se diz vítima de “pessoas do mal”, de perseguições, manobras e golpe. “Uma democracia se constrói quando uma lei é igual para todos. Quando a mesma lei tem interpretações diferentes em casos específicos, rompe-se um primado do sistema democrático de direito e coloca-se em risco a própria democracia”, disse.
Sem admitir um plano B, ele disse confiar na Justiça. “Temos chances reais de reverter essa decisão negativa”, discursou, sob gritos de “É verdade!” e “O povo quer Arruda”, da plateia.
O ex-governador diz acreditar na celeridade do julgamento dos recursos para que a situação se resolva antes das eleições: “Eu acho importante que, quando chegar a data do pleito, não haja mais dúvidas sobre a minha candidatura”.
Agora, “ganho em emoção”
Aos apoiadores, Arruda reconheceu que os últimos dias têm sido sofridos e cheios de emoção, com notícias
ruins e muito boas, citando as pesquisas de intenção de votos: “Tem
hora que, mesmo calejado, as chibatadas doem”. Disse que apesar de
“estar arriado” e com “cicatrizes dolorosas pelo corpo”, vai em frente.
“Não sou covarde, não sou frouxo”, repetiu.
O ex-governador disse que as dificuldades vão aumentar, mas que
sua campanha ganha mais emoção. “Os próximos dias, até a decisão final
do Supremo, serão muito difíceis”, discursou, pedindo ainda mais empenho
dos cabos eleitorais.
Primeiro turno
Usando números da pesquisa eleitoral do Ibope, divulgada anteontem, que mostra o ex-governador com 37% das intenções de voto, Arruda disse que está perto de ganhar a eleição no primeiro turno.
“Se o Ibope diz que eu tenho 37% e os adversários, juntos, têm
39%, falta tomar deles só um ponto para ganhar no primeiro turno. E se
a gente não quiser tomar votos deles, para eles não ficarem tristes,
basta a gente buscar dois pontos dos indecisos”, disse.
Para o tudo ou nada
Em cima
de uma cadeira e ao lado da mulher, Flávia Arruda, do vice Jofran
Frejat, do senador Gim Argello (PTB) e dos demais candidatos da
coligação, José Roberto Arruda reconheceu que está indo para o tudo ou
nada. “Nós vamos ter que vencer um obstáculo jurídico grande”, afirmou.
Ele disse que a decisão de continuar na disputa e
“lutar até o fim” pela candidatura foi tomada junto com a mulher e com os presidentes dos partidos da coligação União e Força. “São eles que dão o respaldo legal às nossas candidaturas”, pontuou.
Ponto de vista
O vice-presidente do TSE, Gilmar Mendes, criticou ontem a decisão contrária à candidatura do ex-governador Arruda. De acordo com
ele, o TSE mudou a jurisprudência no meio do processo eleitoral sem
justificar. "Quem tem responsabilidade institucional justifica: estou
mudando por causa disso.
E não faz de conta que, ontem eu estava votando
assim, e hoje é assado", afirmou. Para o ministro, essa justificativa
faltou. “Quem faz isso é tribunal nazista", criticou.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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