Depois de lembrar que Beto Albuquerque, seu vice, articulou a aprovação da lei da soja transgênica, defendeu pesquisas com células-tronco embrionárias e recebeu doações de fabricantes de armas e bebidas –tudo na contramão de sua pregação–, William Bonner olhou sério para Marina Silva e perguntou: "Esses exemplos não mostram que Marina e Beto Albuquerque são aquela união de opostos tão comum da velha política, apenas para viabilizar uma chapa, uma eleição?"
A pergunta é ruim, pois, da forma como foi feita, só comporta uma hipótese de resposta por parte da entrevistada/acusada: "Não".
É claro. Mesmo se a vice de Marina fosse a senadora Kátia Abreu, a pugnaz líder dos ruralistas, parece óbvio que, confrontada assim, a ex-ministra do Meio Ambiente jamais responderia algo como "é mesmo, Bonner, você tem razão, isso tudo que você falou de mim é uma grande contradição e um exemplo lamentável da velha política".
Mas se não serve para extrair uma informação, a pergunta não deixa de se prestar a outras coisas importantes. A principal, no caso, é atrelar o tema à candidata. Com boa vontade, dá para dizer que é o jeito que o "Jornal Nacional" encontrou para transmitir uma (ou sua) informação.
Com esse método, Bonner e Patrícia Poeta foram bem-sucedidos na tarefa de inocular três temas insalubres na campanha de Marina:
1) a existência do vice que depõe contra o discurso da "nova política";
2) o fantasma do avião do PSB comprado por "laranjas"; e
3) sua baixa popularidade no Acre, seu berço eleitoral, região onde é bem mais conhecida.
O "JN" fez aquilo que, no debate ou no horário eleitoral, os rivais de Marina não tiveram coragem de fazer.
A presidenciável Marina Silva (PSB), em entrevista ao Jornal Nacional |
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