20/09/2014 11h28
- Atualizado em
20/09/2014 15h38
Cantareira tem reservatório mais baixo desde a captação do volume morto.
Sabesp diz que adotou medidas para amenizar a crise hídrica no estado.
A Sabesp considera o nível do Sistema Cantareira pelo volume útil mais a reserva técnica (volume morto) das represas Jaguari/Jacareí e Atibainha. O Cantareira abastece, atualmente, cerca de 6,5 milhões de pessoas só na Grande São Paulo.
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No dia 16 de maio, com o início da captação do volume morto, o nível do
sistema Cantareira também estava em 8,2% e subiu para 26,7%, com a
adição de 18,5% de água da reserva técnica.A Sabesp admite que a situação é crítica por causa da falta de chuva, mas diz que tem adotado medidas para o problema, como interligação dos sistemas, redução de perdas na distribuição, uso do volume morto e bonificação aos moradores que economizarem água.
De acordo com a companhia, a queda dos reservatórios que atendem a Região Metropolitana é resultado da falta de chuva no último verão, o mais seco dos últimos 84 anos, época em que começaram as medições, e as temperaturas que permaneceram altas mesmo durante o inverno.
Nesta sexta (19), a Agência Nacional de Águas (ANA) propôs o fim do grupo técnico formado por órgãos reguladores para auxiliar o governo paulista em sua gestão do Sistema Cantareira. Em ofício, a ANA também comunicou sua saída do grupo por discordar da postura da Secretaria Estadual de Recursos Hídricos sobre os limites adotados para captação de água e abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo.
O Grupo Técnico de Assessoramento para a Gestão do Sistema Cantareira (GTAG-Cantareira) foi criado em fevereiro para discutir alternativas à crise hídrica que causou queda no nível dos reservatórios.
Decisão ANA
O diretor-presidente da ANA, Vicente Andreu, afirmou em ofício enviado à superintendência do Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE) que o secretário de Recursos Hídricos, Mauro Arce, tem negado acordo à proposta de novos limites de retirada de água do Cantareira para a Região Metropolitana de São Paulo.
Na quinta-feira (18), a agência já havia divulgado alerta sobre a demora do governo em convocar nova reunião do GTAG para concluir a análise da proposta apresentada em reunião em 21 de agosto, e acordada pessoalmente entre Arce e Andreu, de reduzir as vazões de captação.
Desde o fim do mês passado, o G1 tem solicitado informações sobre as discussões da reunião do grupo, mas os detalhes não foram informados pela Secretaria de Recursos Hídricos e o Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE)
O departamento informou, em nota, que não comentará a saída da ANA e a proposta de encerramento do grupo porque cabe à Secretaria de Recursos Hídricos falar sobre questões relacionadas ao GTAG. A pasta foi procurada, mas não se manifestou até as 19h15 desta sexta-feira.
Redução na captação
A ANA propôs, em reunião do GTAG em 21 de agosto, redução da retirada de para 18,1 metros cúbicos por segundo de água do Cantareira a partir de 1º de outubro e para 17,1 metros cúbicos por segundo a partir de 1º de novembro.
Segundo a agência, o governo afirmou que a diminuição nas captações estaria sendo compensada por transferências de vazões em outros sistemas operados pela Sabesp. A indefinição, de acordo com a ANA, dificulta o ajuste necessário entre as disponibilidades e demandas por água nas regiões atendidas pelo Cantareira.
Discussões
O GTAG foi criado em 12 de fevereiro com a objetivo de assessorar a administração do armazenamento de água do Sistema Cantareira no período de crise hídrica. Além de ANA e DAEE, também fazem parte do GTAG representantes da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, do Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Comitê PCJ) e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê (CBH-AT).
As reuniões do GTAG, presenciais ou à distância, foram realizadas a partir de convite encaminhado pelo DAEE, designado secretaria do Grupo, e na sequência foram expedidos comunicados disponibilizados nos sites das instituições integrantes do grupo.
A Sabesp defende que a queda dos reservatórios que atendem a Região Metropolitana de São Paulo é resultado da falta de chuva no último verão, o mais seco dos últimos 84 anos, época em que começaram as medições, e as temperaturas que permaneceram altas mesmo durante o inverno.
Entre as medidas adotadas para reduzir o consumo e a sobrecarga no Cantareira está o programa de bônus de 30% na conta para os moradores que economizarem pelo menos 20% de água na Região Metropolitana de São Paulo, Campinas e Bragança Paulista.
Desde maio, a Sabesp conta com 182,5 bilhões de litros de água da reserva técnica, o volume morto, das represas Jaguari/Jacareí e Atibainha, que compõem o Sistema Cantareira. Mesmo assim, os reservatórios seguem em queda.
A companhia também já pediu mais 106 bilhões de litros de água, que serão usados “apenas se for necessário”, segundo nota. Os órgãos reguladores deram aval para a obra de implantação das bombas, mas a captação ainda não foi autorizada.
A Sabesp disse, em nota, que tem tomado medidas importantes para garantir o abastecimento na região metropolitana e aposta na retomada da chuva a partir de setembro. “Se tudo ocorrer dentro da normalidade, os níveis dos reservatórios deverão ser recompostos como ocorre anualmente durante esse período”, consta no comunicado.
Represa Jaguari-Jacareí, do Sistema Cantareira, em Vargem, em abril
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