Josias de Souza
A 12 dias do encontro com
as urnas, o eleitor brasileiro permanece no escuro em relação ao
essencial. Admita-se que há duas crises sobre a mesa: a econômica e a
ética. Quanto à primeira, os candidatos
revelam-se capazes de quase tudo, menos de esmiuçar seus planos. Quanto
à segunda, sabe-se que nem o petróleo é mais nosso. Um delator
esclareceu que já não existem coisas nossas. Só existe Cosa Nostra. Mas o
manto diáfano do segredo processual ainda protege a máfia.
À
medida que o PIB cai e a inflação sobe, os receituários econômicos dos
candidatos vão se tornando mais aguados, seus discursos mais evasivos.
Todos sabem o que terá de ser feito. Nesta segunda-feira, o
ex-presidente do BC Armínio Fraga, guru econômico de Aécio Neves, disse
que a economia brasileira foi acometida de infecção generalizada.
“É uma septicemia, não é uma verruga que você precisa tirar. É grave mesmo”, disse Armínio. Com maior ou menor ênfase, a gravidade do quadro é admitida também atrás das cortinas nos comitês de Marina Silva e até no de Dilma Rousseff.
Considerando-se que ninguém combate septicemia com aspirina, vêm aí providências mais duras. Por exemplo: corte pesado de despesas, realinhamento dos preços da luz e da gasolina, reformulação do seguro-desemprego, reforma da Previdência e um imenso etcétera. Os presidenciáveis não falam sério com o eleitor porque a política virou apenas um ramo da publicidade.
Na semana passada, na sessão da CPI da Petrobras, o deputado Sandro Mabel (PMDB-GO) suplicou ao delator Paulo Roberto Costa que confirmasse ou desmentisse a lista que corre o noticiário com os nomes dos supostos beneficiários de petropropinas —gente graúda do Executivo e do Legislativo, incluindo o número 3 e o número 4 da linha sucessória.
“O senhor sabe que, hoje, o nome que o senhor acusar está morto”, enfatizou Mabel. E o delator: “Me permito ficar calado.” Nem todo político é bandido. Mas o silêncio de Paulinho, como o delator costumava ser chamado por Lula, deixa todos os gatunos um pouco mais pardos, desafiando a falta de discernimento do eleitor.
Se a sucessão de 2014 fosse um parque de diversões, poder-se-ia dizer que começou no carrossel, encontra-se na montanha russa e vai terminar no trem-fantasma.
Candidato
à Presidência da República, Aécio Neves (PSDB), negou ter se
comprometido com o fim do fator previdenciário, como centrais sindicais
alegaram durante a campanha. "Eu não disse que vou acabar com
o fator previdenciário. Eu me reuni com as centrais sindicais, em
especial com a Força Sindical, e assumi um compromisso de discutirmos
uma alternativa ao longo do tempo ao fator previdenciário", disse Aécio
em entrevista veiculada nesta terça-feira (23) ao programa Bom Dia
Brasil, da Rede Globo Leia mais João Cotta/Globo
“É uma septicemia, não é uma verruga que você precisa tirar. É grave mesmo”, disse Armínio. Com maior ou menor ênfase, a gravidade do quadro é admitida também atrás das cortinas nos comitês de Marina Silva e até no de Dilma Rousseff.
Considerando-se que ninguém combate septicemia com aspirina, vêm aí providências mais duras. Por exemplo: corte pesado de despesas, realinhamento dos preços da luz e da gasolina, reformulação do seguro-desemprego, reforma da Previdência e um imenso etcétera. Os presidenciáveis não falam sério com o eleitor porque a política virou apenas um ramo da publicidade.
Na semana passada, na sessão da CPI da Petrobras, o deputado Sandro Mabel (PMDB-GO) suplicou ao delator Paulo Roberto Costa que confirmasse ou desmentisse a lista que corre o noticiário com os nomes dos supostos beneficiários de petropropinas —gente graúda do Executivo e do Legislativo, incluindo o número 3 e o número 4 da linha sucessória.
“O senhor sabe que, hoje, o nome que o senhor acusar está morto”, enfatizou Mabel. E o delator: “Me permito ficar calado.” Nem todo político é bandido. Mas o silêncio de Paulinho, como o delator costumava ser chamado por Lula, deixa todos os gatunos um pouco mais pardos, desafiando a falta de discernimento do eleitor.
Se a sucessão de 2014 fosse um parque de diversões, poder-se-ia dizer que começou no carrossel, encontra-se na montanha russa e vai terminar no trem-fantasma.
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