Com globofobia desde que foi imprensada no Jornal Nacional, Dilma Rousseff refugou convite para participar de uma nova série de entrevistas com presidenciáveis, dessa vez no Jornal da Globo.
Sorteio feito com a participação de representante da campanha de Dilma
definira que ela seria a segunda entrevistada —depois de Marina Silva,
já ouvida na segunda-feira, e antes de Aécio Neves, que deve ir ao ar na
noite desta quarta...
Em reação à ausência de Dilma, os apresentadores William Waack e
Christiane Pelajo leram “algumas das perguntas que seriam feitas a ela.”
Antes, realçaram que foi a primeira vez que um candidato à Presidência
se recusou a conceder a entrevista desde que a série começou a ser
realizada, na sucessão de 2002. Se Dilma ainda fosse a favorita, sua
ausência seria apenas um erro. Com Marina Silva no seu encalço, foi
burrice.
Vão abaixo as perguntas de Waack e Pelajo. Para demonstrar que Dilma
não passaria aperto, o blog recolheu de declarações que ela tem feito
nas últimas semanas esboços das respostas que ela provavelmente teria
dado se não tivesse fugido das perguntas:
— Os últimos índices oficiais de crescimento indicam que o país entrou
em recessão técnica. A senhora ainda insiste em culpar a crise internacional, mesmo diante do fato de que muitos países comparáveis ao nosso estão crescendo mais?
Meu querido, não há recessão no Brasil. O que há é uma redução
momentânea da atividade econômica. Que só aconteceu porque tivemos uma
seca histórica, menos dias úteis por causa da Copa
e grande contração do mercado internacional. Nós estamos esperando que o
segundo semestre seja melhor. No que se refere à crise internacinal, a
Europa desempregou 60 milhões de pessoas. Nós criamos 5,5 milhões de
empregos novos só no meu período de governo. É mais do que foi criado em
todo o governo do Fernando Henrique.
— A senhora continuará a represar os preços da gasolina e do diesel
artificialmente, para segurar a inflação, com prejuízo para a Petrobras?
A oposição diz que o preço da gasolina
está defesado. Gostaria que mostrassem de quanto é a defasagem. No que
se refere ao reajuste, ele pode acontecer a qualquer momento. Mas, vejam
bem: não estou dizendo que haverá um aumento. Digo que pode haver. Não
tenho competência para tomar decisão sobre isso.
— A forma como é feita a contabilidade dos gastos públicos no Brasil no seu governo tem sido criticada por economistas, dentro e fora do país, e apontada como fator de quebra de confiança. Como a senhora responde a isso?
Sugiro que a gente trate dessa questão sem as paixões político-eleitorais. Vivemos um momento de campanha eleitoral, e isso tende a politizar processos técnicos
que sempre ocorreram e nunca foram politizados. A informação que tenho é
a de que se trata de um processo similar ao que ocorre em outros
momentos. Meu governo não esconde nada.
— A senhora prometeu investir R$ 34 bilhões em saneamento básico e abastecimento de água até o fim do mandato. No fim do ano passado, tinha investido menos da metade, segundo o Ministério das Cidades. O que deu errado?
Meu querido, nós deflagramos no início de maio a terceira das ações de
saneamento básico do PAC 2. Tudo vem dando muito certo. No nosso
governo, o meu e o do presidente Lula, o Brasil deu um salto no que se
refere a investimento em saneamento. O total do investimento em
saneamento no Brasil chega a R$ 37,8 bilhões para todos os municípios do
país, pequenos médios ou grandes.
— Em 2002, o então candidato Lula prometeu erradicar o analfabetismo,
mas não conseguiu. Em 2010, foi a vez da senhora, em campanha, fazer a
mesma promessa. Mas foi durante o seu mandato que o índice aumentou pela
primeira vez, depois de 15 anos. Por quê?
Vejam bem, William e Christiane, no que se refere à área de Educação eu
tenho muito orgulho de tudo o que fizemos em 12 anos. Só pra citar um
exemplo: no nosso governo, o meu e o do presidente Lula, alcançamos a
marca 422 escolas técnicas
federais. Isso é tres vezes mais do que tudo o que foi construído no
Brasil em um século. E não posso deixar de mencionar que eu criei o
Pronatec. São R$ 14 bilhões investidos e 6,8 milhões de matrículas. Ah,
sim, também aprovamos a lei que destina 75% dos royalties e 50% do fundo
social pré-sal para a Educação. E ainda tem gente por aí dizendo que
não vai explorar o pré-sal. Isso é obscurantismo.
— A senhora considera correto dar dentes postiços para uma cidadã pobre
um pouco antes de ser feita com ela uma gravação do seu programa eleitoral de televisão?
Achei lamentável. Isso aconteceu na cidade de Batatinha, na Bahia. Ali,
bem pertinho, tem uma unidade do Brasil Sorridente, com um laboratório
de prótese. Foi um erro ter dado pra ela só um dia antes da minha
chegada. Tinha a obrigação de dar
a prótese quando ela recebeu o Bolsa Família. É o que prevê a parceria.
A propósito, no que se refere à saúde pública como um todo, não posso
deixar de falar do Mais Médicos. Hoje, temos 13.462 médicos atuando no
programa, beneficiando 50 milhões de brasileiros.
Autor de célebres entrevistas fantasiosas, Nelson Rodrigues dizia que
nada é mais falso e cínico do que a entrevista verdadeira. Na definição
do cronista, a entrevista verdadeira é uma sucessão de poses e de
máscaras. Ao passo que a entrevista imaginária, justamente pelo fato de
ser imaginária, não mente jamais. Por meio delas, o leitor fica sabendo
de tudo o que o entrevistado pensa, sente e não diz de jeito nenhum.
No caso da entrevista que Dilma não deu ao Jornal da Globo, o blog teve
o cuidado de manter nas respostas inventadas as mesmas poses que
costumam estar presentes nas entrevistas supostamente verdadeiras de
Dilma.
Fonte: Blog do JOSIAS DE SOUZA - 03/09/2014 - - 06:56:27
Nenhum comentário:
Postar um comentário