Troca de acusações entre candidatos e poucas propostas marcam o debate Também foi possível ver uma polarização entre o senador Rodrigo Rollemberg (PSB) e o governador Agnelo Queiroz (PT).
A pouco mais
de um mês do primeiro turno das eleições, os cinco candidatos ao
Governo do Distrito Federal protagonizaram, na noite de ontem, numa mesa redonda,
um debate marcado por trocas de acusações, pouquíssimas propostas e
pela visível polarização entre o senador Rodrigo Rollemberg (PSB) e o
governador Agnelo Queiroz (PT), que brigam para chegar ao segundo turno.
O ex-governador José Roberto Arruda (PR), que naturalmente teria uma
postura mais defensiva por ter tido o registro da candidatura negado
pela Justiça Eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa, conseguiu, com
sua conhecida retórica, neutralizar boa parte dos ataques...
Procurou se mostrar como um candidato que estava ali apenas para
debater propostas. Sempre que tinha oportunidade, colocava Agnelo,
Rollemberg e o candidato Toninho do PSol no mesmo saco. Repetia que os
três defendem um modelo de gestão
intervencionista. Ao responder aos questionamentos éticos dos
oponentes, ressaltou, por mais de uma vez, que acreditava na Justiça, em
Deus e que teria os recursos acatados. Em julho, Arruda foi condenado
por improbidade administrativa pelo Tribunal de Justiça do Distrito
Federal e dos Territórios. A condenação é referente à Operação Caixa de Pandora,
que investigou o esquema de corrupção que ficou conhecido como Mensalão
do DEM. Questionado sobre as garantias de governabilidade que oferecerá
aos eleitores, caso saia vitorioso das urnas em outubro, deu a velha
resposta de sempre: “Havendo trabalho e vontade política, haverá
estabilidade. A Justiça vai se posicionar antes das eleições”, atestou.
O principal
e mais quente embate do encontro teve início com o tema concurso
público, que descambou para ataques pessoais entre Agnelo e Rollemberg. O
governador, que havia sido chamado de incompetente e questionado sobre
aluguel de jatinhos, respondeu que o senador do PSB entrou no Senado
“pela janela, pela porta dos fundos”. O petista também lembrou que, como
analista, o socialista ganha um salário maior do que os vencimentos de
um senador e partiu para o ataque. “Quem precisa explicar sobre aluguel
de jatinhos é o PSB”, disse, numa referência aos mistérios que cercam a
utilização do avião que caiu em Santos, em 13 de agosto, matando o então
candidato à Presidência da República do partido, Eduardo Campos.
Rollemberg questionou o governador sobre o deficit que a gestão do
petista deixará, que pode chegar a R$ 2,5 bilhões. Durante todo o
debate, Agnelo repetiu, quase como um mantra, números numa tentativa de
se colocar como um gestor eficiente, realizador. “Fiz 5,3 mil obras e 28
creches. Fiz o maior investimento em execução orçamentária. Construí 6
mil quilômetros de asfalto novo
e 440 de ciclovias”, defendeu. Ao responder que é preciso combater o
deficit público, o senador do PSB aproveitou para fustigar Agnelo mais
uma vez. “No Distrito Federal, corrupção virou regra. Drena de 15% a 20%
dos recursos públicos.”
Voto de confiança
No primeiro bloco, jornalistas fizeram perguntas aos candidatos.
Toninho do PSol foi questionado sobre como governaria sem uma bancada
de peso na Câmara Legislativa. Respondeu que a população lhe ofereceria o
respaldo para pressionar os parlamentares, caso seja eleito. “Tenho
certeza de que atrás de mim teremos um forte movimento social que espera por mudanças identificadas no programa que temos apresentado”, disse.
Agnelo respondeu sobre segurança e saúde
no DF, pontos críticos de sua gestão. Ele aproveitou a resposta para
mostrar números de todas as áreas. “Meu governo é conhecido como
território livre do analfabetismo. Meu governo é recorde em transplantes de rim
e córnea”, completou. Arruda respondeu sobre as dúvidas jurídicas que
cercam a sua candidatura. Rollemberg foi questionado sobre suas alianças
e ressaltou que estava feliz com as pessoas que conseguiu trazer para o
seu lado. “Estamos muito satisfeitos com a aliança. Queremos discutir
esse programa e é assim que vamos governar, dialogando com a população”,
afirmou.
Nas considerações finais, os candidatos pediram o tradicional voto de
confiança aos eleitores. Agnelo voltou a atacar Rollemberg, Arruda se
colocou como gestor eficaz, Toninho disse ser o único diferente, Luiz
Pitiman abraçou o estado mínimo e o candidato do PSB alegou que não
estava na disputa para fazer mais do mesmo.
Fonte: Correio Braziliense - 03/09/2014 - - 08:25:47
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