O pronunciamento do ministro da Justiça,
José Eduardo Cardozo, foi a tentativa do PT de transformar um limão numa
limonada. Tive de escutar o discurso entre panelaço e vaias, como boa
parte do país. Merecidos! Quando o ministro diz que esse é um governo
democrático e aberto ao diálogo, ele ignora que Dilma sempre adotou
postura arrogante e autoritária. Quando ele afirma que a presidente
governa para todos, não só para os que nela votaram, ele ignora que foi a
própria Dilma que fomentou o clima de segregação, deixando inclusive de
citar o nome de Aécio Neves no discurso de vitória, seu opositor que
recebeu nada menos do que 51 milhões de votos.
Cardozo tentou pintar a imagem de um
governo super tolerante e democrático, e se mostrou preocupado com o
discurso de ódio e o autoritarismo de alguns. Curioso, vindo de um
defensor do regime cubano, a ditadura mais antiga da América Latina!
Cardozo falando em democracia tolerante é como Suzane von Richthofen
falando de amor aos pais: não cola. Antes, Cardozo precisa condenar
publicamente Cuba e Venezuela, para depois falar em defesa da democracia
e da tolerância.
A imagem abatida não combinava, porém,
com as palavras. Cardozo sabe que o governo sofreu um duro golpe hoje,
com o enorme sucesso das manifestações espontâneas contra Dilma. Ao usar
tais protestos para puxar da cartola a reforma política, colocando a
culpa do petrolão e tudo mais no financiamento privado, Cardozo chegou
ao ápice da cara de pau e falta de noção da realidade. Tentar desviar o
foco dessa forma é desprezar o recado das ruas que o governo finge ter
escutado.
Os brasileiros que foram às ruas hoje não
compram a tese furada de que as empreiteiras, e não o PT, são as
culpadas por tudo. Não! Sabemos que o patamar absurdo, indecente em que a
corrupção chegou no Brasil tem tudo a ver com o PT no poder. Tudo! A
voz de milhões nas ruas hoje não pedia reforma política, muito menos
financiamento público de campanha. Mas sim a saída de Dilma e do PT.
Cardozo sabe disso, mas não pode admitir. Por isso sua expressão de
derrota, sua linguagem corporal de cansaço, contradizendo seu discurso
de reformas e mudanças propostas pelo próprio governo.
Já Miguel Rosseto tentou defender o
indefensável: a gestão econômica de Dilma. Disse que o governo da
“presidenta” tem feito o possível para preservar as conquistas sociais.
Como assim? Todos estamos vendo o estelionato eleitoral em curso, o
golpe do marqueteiro sob o aval da presidente. Alta de juros, alta da
gasolina, alta das tarifas de eletricidade, alta geral da inflação, alta
do dólar, aumento de impostos, tudo isso é fruto de um engodo, de uma
mentira de campanha, pois Dilma garantiu que não faria nada disso, e que
o PSDB, se vencesse, faria. É essa enganação escancarada que tanta
revolta gera na população.
A situação econômica está caótica e as
“conquistas sociais” estão escorrendo pelo ralo pois Dilma foi
incompetente, adotou uma ideologia equivocada, e uma política
extremamente populista. Ao negar tudo isso e jogar a culpa para ombros
alheios, a presidente despertou a fúria dos brasileiros que entendem o
que está acontecendo. Eis o problema maior. Talvez o povo brasileiro
tivesse um pouco mais de tolerância e paciência com Dilma se ela tivesse
sido honesta, sincera, e reconhecesse seus erros. Mas a postura de
Dilma é oposta, e isso é revoltante, mais ainda do que o estrago feito
por sua incompetência.
Quando o PT oficialmente, sob orientação
da presidente Dilma, diz que o mais importante é resgatar a agenda da
reforma política, ele está jogando mais lenha na fogueira. Os
brasileiros não vão parar, não vão sair das ruas. Não é essa a nossa
pauta. Não é o financiamento público de campanha que vai resolver essa
roubalheira toda. O PT e a presidente Dilma tratam o povo como uma
cambada de idiotas. Ainda não entenderam que algo mudou. Estamos nas
ruas, e vamos continuar exigindo mais investigações e a severa punição
dos corruptos. O resto é cortina de fumaça de petistas desesperados…
PS: Ao mandar dois ministros para dar seu
recado, a presidente Dilma demonstrou ser covarde, não ter sequer a
coragem de se comunicar diretamente com a população após as
manifestações que tomaram as ruas do país hoje. Dilma é uma presidente
acuada, sitiada. Não pode ir nas ruas. E não pode nem mesmo falar na
televisão!
Rodrigo Constantino
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