domingo, 15 de março de 2015

Ministro Cardozo aproveita manifestações contra Dilma para resgatar agenda de reforma política

5/03/2015 às 19:13 \ Democracia



O pronunciamento do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi a tentativa do PT de transformar um limão numa limonada. Tive de escutar o discurso entre panelaço e vaias, como boa parte do país. Merecidos! Quando o ministro diz que esse é um governo democrático e aberto ao diálogo, ele ignora que Dilma sempre adotou postura arrogante e autoritária. Quando ele afirma que a presidente governa para todos, não só para os que nela votaram, ele ignora que foi a própria Dilma que fomentou o clima de segregação, deixando inclusive de citar o nome de Aécio Neves no discurso de vitória, seu opositor que recebeu nada menos do que 51 milhões de votos.


Cardozo tentou pintar a imagem de um governo super tolerante e democrático, e se mostrou preocupado com o discurso de ódio e o autoritarismo de alguns. Curioso, vindo de um defensor do regime cubano, a ditadura mais antiga da América Latina! Cardozo falando em democracia tolerante é como Suzane von Richthofen falando de amor aos pais: não cola. Antes, Cardozo precisa condenar publicamente Cuba e Venezuela, para depois falar em defesa da democracia e da tolerância.


A imagem abatida não combinava, porém, com as palavras. Cardozo sabe que o governo sofreu um duro golpe hoje, com o enorme sucesso das manifestações espontâneas contra Dilma. Ao usar tais protestos para puxar da cartola a reforma política, colocando a culpa do petrolão e tudo mais no financiamento privado, Cardozo chegou ao ápice da cara de pau e falta de noção da realidade. Tentar desviar o foco dessa forma é desprezar o recado das ruas que o governo finge ter escutado.


Os brasileiros que foram às ruas hoje não compram a tese furada de que as empreiteiras, e não o PT, são as culpadas por tudo. Não! Sabemos que o patamar absurdo, indecente em que a corrupção chegou no Brasil tem tudo a ver com o PT no poder. Tudo! A voz de milhões nas ruas hoje não pedia reforma política, muito menos financiamento público de campanha. Mas sim a saída de Dilma e do PT. Cardozo sabe disso, mas não pode admitir. Por isso sua expressão de derrota, sua linguagem corporal de cansaço, contradizendo seu discurso de reformas e mudanças propostas pelo próprio governo.


Já Miguel Rosseto tentou defender o indefensável: a gestão econômica de Dilma. Disse que o governo da “presidenta” tem feito o possível para preservar as conquistas sociais. Como assim? Todos estamos vendo o estelionato eleitoral em curso, o golpe do marqueteiro sob o aval da presidente. Alta de juros, alta da gasolina, alta das tarifas de eletricidade, alta geral da inflação, alta do dólar, aumento de impostos, tudo isso é fruto de um engodo, de uma mentira de campanha, pois Dilma garantiu que não faria nada disso, e que o PSDB, se vencesse, faria. É essa enganação escancarada que tanta revolta gera na população.


A situação econômica está caótica e as “conquistas sociais” estão escorrendo pelo ralo pois Dilma foi incompetente, adotou uma ideologia equivocada, e uma política extremamente populista. Ao negar tudo isso e jogar a culpa para ombros alheios, a presidente despertou a fúria dos brasileiros que entendem o que está acontecendo. Eis o problema maior. Talvez o povo brasileiro tivesse um pouco mais de tolerância e paciência com Dilma se ela tivesse sido honesta, sincera, e reconhecesse seus erros. Mas a postura de Dilma é oposta, e isso é revoltante, mais ainda do que o estrago feito por sua incompetência.


Quando o PT oficialmente, sob orientação da presidente Dilma, diz que o mais importante é resgatar a agenda da reforma política, ele está jogando mais lenha na fogueira. Os brasileiros não vão parar, não vão sair das ruas. Não é essa a nossa pauta. Não é o financiamento público de campanha que vai resolver essa roubalheira toda. O PT e a presidente Dilma tratam o povo como uma cambada de idiotas. Ainda não entenderam que algo mudou. Estamos nas ruas, e vamos continuar exigindo mais investigações e a severa punição dos corruptos. O resto é cortina de fumaça de petistas desesperados…



PS: Ao mandar dois ministros para dar seu recado, a presidente Dilma demonstrou ser covarde, não ter sequer a coragem de se comunicar diretamente com a população após as manifestações que tomaram as ruas do país hoje. Dilma é uma presidente acuada, sitiada. Não pode ir nas ruas. E não pode nem mesmo falar na televisão!


Rodrigo Constantino

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