Dilma promete "recuperar" a Petrobras. Deveria começar com os R$ 44,8 bilhões de prejuízo irrecuperável do Comperj.
A Petrobras calcula em US$ 14,3 bilhões (R$ 44,8 bilhões) o prejuízo
mínimo que terá com o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj),
em Itaboraí (RJ). No cálculo estão investimentos que não poderão ser
recuperados e gastos com manutenção durante a paralisação da obra. A
estimativa está em documento apresentado pela estatal, em fevereiro, ao
Tribunal de Contas da União (TCU) ao qual o jornal O Globo teve acesso.
Um processo no TCU examina irregularidades no Comperj, empreendimento
no qual, segundo a Operação Lava Jato, houve participação de cartel de
empreiteiras e pagamento de propina a diretores e políticos em troca de
contratos. O projeto é considerado o maior do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC).
A previsão inicial da Petrobras era que as obras custassem US$ 6,1
bilhões. Com esse valor, a companhia pretendia construir uma unidade de
gás natural, duas refinarias e uma petroquímica. Só a unidade de gás
está em andamento, com previsão de término em 2017. A primeira
refinaria, com 82% das obras concluídas, foi suspensa em dezembro por
causa de restrições orçamentárias. A segunda não saiu do papel. Já o
projeto da petroquímica foi cancelado em julho do ano passado.
De acordo com o Globo, a Petrobras discute com o TCU o
destino do Comperj: a desistência de parte do projeto ou seu andamento.
Técnicos da estatal estimam que a retomada da primeira refinaria geraria
um prejuízo menor (os US$ 14,3 bilhões). Já a desistência traria
prejuízo de US$ 17 bilhões (R$ 53,1 bilhões). Segundo os repórteres
Patrícia Cagni e Eduardo Bresciani, a planilha apresentada pela
Petrobras revela que, qualquer que seja a opção, a empresa não tem como
recuperar os US$ 13 bilhões (R$ 40,7 bilhões) já investidos. Procurada
pelo Globo, a Petrobras não se manifestou sobre o assunto.
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