domingo, 24 de maio de 2015

Grupo argentino Corporación América compra a parte da empreiteira Engevix nos aeroportos de Brasília e Natal

Brasil: efeito Lava Jato



Marcia Carmo

A construtora Engevix é uma das envolvidas na chamada Operação Lava jato.



Buenos Aires, 05 de maio de 2015

O grupo empresarial argentino Corporación América e a Engevix eram sócios no consórcio Inframerica, que administra os dois aeroportos brasileiros.

Segundo fontes que acompanharam as negociações, a holding Corporación América tomou a iniciativa de comprar os percentuais da Engevix por dois motivos: “financeiro e imagem”.

Como outras construtoras envolvidas na Lava jato, trama bilionária que envolve a Petrobras, políticos e empreiteiras e é investigada pela Justiça, a Engevix também passou a ter dificuldades para assumir seus compromissos financeiros, de acordo com a imprensa brasileira.

Por questões contratuais, os números da transação entre a Corporación América e a Engevix ainda não podem ser revelados, segundo afirmou a diretora de Relações Internacionais e Assuntos Públicos do grupo, Carolina Barros,
 
Ela informou ainda que o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) a ANAC e o BNDES devem ter a última palavra sobre a transferência acionária da Engevix para a Corporación América.


Se aprovada, o Inframerica passará a contar com 100% da administração do aeroporto de Natal, no Rio Grande do Norte, e com 51% do aeroporto de Brasília – os demais 49% correspondem à Infraero, afirmou.

A expectativa é que a Corporación América busque um sócio para compartilhar estes dois investimentos realizados no Brasil.

Sócio

Em fevereiro deste ano, em entrevista exclusiva ao Clarín em Português, o empresário argentino Eduardo Eurnekian, presidente do grupo Corporación América, já antecipava que buscava novo parceiro para o lugar da Engevix.


“Devido à situação, a Engevix deve reduzir sua exposição”, disse Eurnekian, na ocasião.


O futuro sócio da Corporación América no Inframerica vai entrar no aeroporto que já é o segundo maior do Brasil. Com 18,14 milhões de passageiros, um crescimento de 10%, em 2014, Brasília passou Congonhas (SP) e Galeão (RJ) e caminha em direção a ser hub para distribuir vôos ao Peru, Bolívia e Equador.
           


Eunekian é  dono de uma das maiores fortunas da Argentina, segundo a revista Forbes, algo em torno de US$ 2 bilhões.


Histórico

De acordo com informações disponíveis no site do Inframerica, o consórcio é “fruto da união da Infravix Empreendimentos S/A, empresa controlada pelo Grupo Engevix, com a Corporación América S/A maior operadora aeroportuária do mundo”


O grupo argentino conta com 53 aeroportos, ainda segundo o site. Entre eles estão as  concessões de aeroportos na Argentina, no Uruguai, Armênia, Equador, Itália, Peru e os do Brasil (Brasília e Natal).

O consórcio Inframerica venceu o leilão para administrar o aeroporto de Natal em 2011 e no ano seguinte, 2012, a concorrência pelo aeroporto de Brasília.


Desde o fim do ano passado, quando a Engevix foi citada na Operação Lava Jato, a sociedade vinha preocupando o grupo argentino, disseram as fontes do setor.  


Desinvestimento

Em fevereiro, a Engevix já tinha vendido a Desenvix, de energias renováveis, para sua então sócia norueguesa Stakraft, para “levantar capital”, em meio às investigações da La Jato, segundo a imprensa brasileira.

Sócios da Engevix foram presos por envolvimento na Lava Jato. E no dia 24 de abril passado, a Justiça determinou o bloqueio dos bens da empreiteira Engevix até o valor de R$ 153,9 milhões, atendendo pedido do Ministério Público Federal (MPF) "a fim de garantir o ressarcimento pelos prejuízos causados com desvios de recursos na Petrobras", segundo informou a agência estatal de notícias EBC.

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