Pais reforçam cuidados após adolescente ser esfaqueado na porta de escola
Em dia de provas, colégio onde estudante esfaqueado estuda teve fila grande de carros na portajessica.antunes@jornaldebrasilia.com.br
Vinte e quatro horas após o esfaqueamento de um jovem em frente a uma instituição de ensino particular na Asa Norte em uma tentativa de assalto, estudantes voltaram às salas de aula para realização de provas. Depois do ocorrido, filas de carros se formaram para deixar os estudantes, algo que não ocorre normalmente. Entre os que lá estavam, o assunto foi o mais comentado. A maioria crê em um fato isolado, enquanto outros culpam a falta de policiamento ostensivo no local. A recomendação é por mudança de hábitos.
Vitor (nome fictício) foi encaminhado ao Hospital de Base de Brasília (HBDF) e liberado no mesmo dia. A estudante Ana (nome fictício), de 13 anos, conhece o jovem e diz que o dia após o incidente foi diferente na escola. “Foi um caos para chegar. Parece que todos os pais ficaram sabendo e resolveram trazer os filhos de carro e deixar na porta da escola. A fila de carros ficou grande e acho que não queriam deixar os filhos virem andando ou atravessar a pista sozinhos”, conta.
Silas Sousa, de 23 anos, comercializa balas e doces em frente à escola há cerca de um ano. De acordo com ele, a região parece ser segura. “Foi uma situação isolada, nunca vi acontecer nada do tipo por aqui”, diz. Normalmente, conta, viaturas do Batalhão Escolar ficam em frente à escola. No entanto, afirma que muitos evitam descer até a W3 Norte, onde o policiamento não é visto normalmente.
Padrão
O engenheiro Marcelo de Carvalho, 38 anos, deixou o filho na escola para realizar a prova e o aguardou dentro do carro no estacionamento. O procedimento, diz, é padrão. Ele lembra que o filho chegou em casa contando o ocorrido na frente do colégio. “Ele achou algo impressionante, nunca havia tido contato com alguém que tivesse sofrido um atentado”, lembra.
Acostumado a deixar e buscar o filho na escola, Marcelo pensa que a atitude é mais segura. A segurança, afirma, se limita ao Batalhão Escolar. “Antigamente havia até certa insegurança por causa do Caje, mas sempre pensei que se fugissem e fossem cometer algum crime seria o mais distante possível”, observa. A Unidade de Internação para menores do Plano Piloto foi desativada há dois anos.
Roubo por oportunidade é mais comum
O comerciante Richard Farias, 45 anos, tem uma livraria e papelaria a poucos metros da escola e revela que o local é perigoso pelo que chama de “característica da população”. “É comum entrar no carro e ficar parado, mexendo no celular. Um assaltante chega lá, já era. No final do ano passado teve um cara que roubou a bolsa de uma mulher”.
Ele e os lojistas em volta usam a tática de segurança visual. Todos controlam a movimentação e, se percebem alguma coisa, avisam entre si para inibir a atuação suspeita. No entanto, considera que os crimes que lá ocorrem são feitos por “ladrões de galinha”. “Chamamos também de ladrão por oportunidade. Está passando, vê a oportunidade e assalta. A coordenadora da escola recomendou que os alunos andem em grupos, nunca sozinhos”, explica.
Richard destaca que, quando soube do esfaqueamento, ficou apavorado: “O garoto falou para o cara que tinham roubado seu celular e ele meteu a faca assim mesmo. É ruindade, não tem outra descrição”.
Versão Oficial
Comandante do Batalhão Escolar do DF, o tenente-coronel Júlio César
Lima de Oliveira explica que, hoje, há 419 policiais ativos no batalhão
para cobrir 1,2 mil escolas. “Gostaríamos de cobrir com policiamento
fixo todas as escolas, mas, pelo efetivo, não tem condições. Com o que
temos conseguimos cobrir apenas de forma não fixa, dando atenção às
escolas de forma geral”, afirma.
Ele explica que nem todos os colégios apresentam problemas, então, o
policiamento é realizado a partir de estatísticas e acontecimentos
específicos nos locais. O tenente-coronel considera, ainda, que a
situação que levou ao esfaqueamento de dois estudantes foi atípica.
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
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