quinta-feira, 18 de junho de 2015

Escândalo: por que o Congresso não julga as contas do governo desde 2002?

Aí tem, e tem mais escândalo. O economista Mansueto de Almeida questiona a omissão do Congresso nacional na aprovação ou rejeição das contas do governo. E levanta a dúvida que eu também tenho: "não vejo como as contas do governo de 2014 serem aprovadas". Bene, só acrescento que Eduardo Cunha defende, agora, a análise das contas do governo:


Por que o Congresso Nacional não julga as contas do governo federal desde 2002? Eu confesso que não sabia disso, mas é claro que se trata de um verdadeiro absurdo (clique aqui). Se o TCU analisou as contas ao longo dos anos e fez o parecer prévio recomendando a aprovação, o Congresso Nacional deveria ter julgado as contas e aprovado ou rejeitado.

Eu não vejo como as contas do governo de 2014 serem aprovadas. Na verdade, o mais correto é que as contas do governo, mesmo em 2010, quando o governo Lula fez uso de truques contábeis, não tivessem sido aprovadas. Explico. Em 2010, o governo fez um empréstimo de R$ 25 bilhões ao BNDES para o Banco, com o empréstimo do governo, comprasse ações da Petrobras para a companhia pagar à vista parte da cessão onerosa.

Entendeu? não? Explico de novo. O governo cederia 5 bilhões de barris de petróleo para a Petrobras que “pagaria” ao governo com o equivalente em ações da companhia. A operação seria neutra do ponto de vista fiscal. Mas o governo na época resolveu nos fazer de bobos – desculpem a linguagem dura.

O Governo fez a cessão onerosa os 5 bilhões de barris de Petróleo, mas ao mesmo tempo aumentou a divida em R$ 25 bilhões para emprestar ao BNDES, que com o dinheiro da expansão da dívida comprou ações da Petrobras e, a petroleira, com esse dinheiro que teve origem na expansão da divida, pagou parte dos 5 bilhões de barris de petróleo repassado pela União para a Petrobras. Com essa manobra toda conseguiu transformar um crescimento da divida de R$ 25 bilhões em uma receita primaria de R$ 25 bilhões para fechar as contas de 2010. Uma das operações mais absurdas no menu de contabilidade criativa.

Assim, “o problema não são os 20 centavos”! O problema não é apenas 2014, mas um sucessão de coisas absurdas que o governo fez pelo menos em 2010, 2012, 2013 e 2014 e que ao longo do tempo foram se agravando. Foram truques cuidadosamente planejados com o objetivo único de fazer todos nós de bobos. Truques tinham objetivo de entregar metas de primário que eram mera ficção.

O que impressiona são pessoas acharem essa praticas defensáveis. Não são. O TCU deveria recomendar a não aprovação das contas do governo federal de 2014 e já deveria ter feito isso antes.

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