No Piauí, quatro adolescentes foram brutalmente agredidas e estupradas. Mas não houve revolta pública da militância feminista de esquerda. Muito provavelmente porque há cinco suspeitos/acusados
com idades de 15 a 17 anos. Em tempos de debate da redução da
maioridade penal, algumas pessoas que dizem militar pelas mulheres
preferem, antes e acima disso, militar pela esquerda.
Guardadas as proporções, a situação tem
similaridades com o atentado terrorista contra o jornal Charlie Hebdo. A
atrocidade obviamente deveria ser condenada por todos, mas houve casos
de silêncio obsequioso e até relativização, já que os perpetradores eram
muçulmanos e o fato poderia fortalecer a direita europeia (não faltaram
esquerdistas brasileiros tomando essa postura, alguns publicamente,
outros chegando ao ponto de “lacrar” dizendo que talvez os humoristas
tivessem provocado).
A história se repete (como a velha farsa
de sempre): um ato bárbaro contra meninas é agora solenemente ignorado
por boa parte da militância esquerdista do feminismo nacional. Devem
acreditar que jogar luz a esse fato pode, ao fim e ao cabo, ajudar na
diminuição da maioridade penal – e aí preferem deixar de lado a bandeira
que alegam defender como a principal.
Bobagem, claro. Antes da causa, seja
qual for, vem a ideologia maior, a causa-mãe. Por essas e outras, chega a
ser patético verificar aquelas militantes, sempre em fúria contra
comerciais de TV, programas humorísticos ou fanpages de humor, agora em
total silêncio – algumas, para além disso e sem condenar o estupro com a
mesma veemência, surgem em discussões nas redes atacando a delegada que
teria sugerido castração química dos estupradores.
A lógica dessa militância é deplorável:
primeiro, o esquerdismo; depois, e só mesmo depois, os direitos das
mulheres. E isso vale até mesmo para o caso de adolescentes estupradas.
Triste, sem dúvida. Mas nada de novo, em
se tratando dessa gente que não defende uma causa, mas sim se infiltra
em movimentos específicos para fazer prevalecer, bem acima da pauta
específica, o esquerdismo mais doentio possível.
A parte boa: muitas feministas não mais toleram esse oportunismo esquerdista – valendo como exemplo o ótimo blog Margaretes. E isso vem ocorrendo com várias outras bandeiras, em maior ou menor escala. Já estava na hora.
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