sábado, 20 de junho de 2015

Senadores de oposição querem Venezuela fora do Mercosul


9/06/2015 11h29 - Atualizado em 19/06/2015 23h35


Eles foram hostilizados em Caracas, onde visitariam presos políticos.


Parlamentares alegam que país vizinho não respeita princípios democráticos.

Fernanda Calgaro Do G1, em Brasília
Após serem hostilizados em viagem a Caracas, senadores da oposição defenderam nesta sexta-feira (19) a saída da Venezuela do Mercosul. Eles alegam que o país vizinho não cumpre a cláusula democrática do Protocolo de Ushuaia, documento assinado pelos integrantes do Mercosul que afirma o compromisso do bloco com a democracia.



Os senadores  foram a Caracas nesta quinta (18) para visitar presos políticos do governo do presidente Nicolas Maduro, mas não conseguiram cumprir o objetivo porque a van em que estavam não pôde deixar as proximidades do aeroporto. Eles voltaram a Brasília na madrugada.


Segundo o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), um dos integrantes da comitiva, o veículo ficou preso por duas horas no trânsito. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse que o grupo foi "sitiado" e a van, atacada por manifestantes.


“Vamos discutir que forma podemos rever a participação da Venezuela no Mercosul, por não cumprir o acordo de Ushuaia e desrespeitar a cláusula democrática”, afirmou Aécio, em entrevista coletiva convocada pelos oposicionistas nesta sexta.


Para o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), o episódio, que classificou de “arapuca do governo venezuelano”, deixou claro que o país não vive uma democracia. “A imprensa é cerceada, há violência nas ruas contra manifestantes”, disse. Aloysio também comentou que deve ser levaada à Organização dos Estados Americanos (OEA) o pleito de excluir a Venezuela do Mercosul.


Outra medida que o grupo pretende tomar é apresentar uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para permitir que o Congresso Nacional possa rever acordos internacionais, como o que disciplina o Mercosul. Hoje, apenas o Executivo de cada país-membro é que tem poder de atuar no bloco e decidir sobre a sua permanência ou não.
Ação no Supremo
Também presente na coletiva desta sexta o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) informou que o grupo oposicionista vai acionar o Supremo Tribunal Federal com a alegação de que a presidente da República foi omissa no cumprimento do acordo internacional.



"Já temos pronta para entrar com uma ADPF [Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental] no Supremo por omissão de controle da Presidência da República, porque, quando o Brasil assina um acordo e o Congresso vota e legitima, essa cláusula democrática faz parte da legislação brasileira, e a presidente da República tem sido omissa no controle dessa legislação”, argumentou o deputado.


"Estamos estudando uma ação junto ao Supremo de descumprimento de cláusula democrática. Há princípios e preceitos que não podem ser desrespeitados e vamos exigir o cumprimento dos acordos internacionais", destacou o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), que também viajou a Caracas.


Os oposicionistas pretendem ainda convocar ao Senado o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o embaixador brasileiro na Venezuela, Rui Pereira. Segundo os senadores não havia um representante do Itamaraty acompanhando a comitiva na tentativa de  visita ao presídio. Segundo o Itamaraty, o embaixador Pereira recebeu os senadores no aeroporto e, em outro carro acompanhou o grupo. Depois, seguiu com eles para o aeroporto de volta.

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