As
manifestações do dia 16 de agosto e o rompimento do presidente da
Câmara Eduardo Cunha com o governo Dilma repõem a tese do impeachment,
que deve voltar a debate após o recesso do Legislativo. Convém lembrar
que apenas 7 por cento da população apóia a presidente:
Rejeitada
em abril pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e depois
abandonada pelo PSDB, a proposta de pedir o impeachment da presidente
Dilma Rousseff no Congresso deve voltar para agenda do Legislativo após o
recesso.
Depois de romper oficialmente com o governo no dia 17, o peemedebista
decidiu tirar os pedidos da gaveta e pediu que seus autores ajustassem
os documentos dentro das exigências regimentais. O procedimento é
incomum. Quando as petições não se enquadram no formato, elas
normalmente são remetidas direto ao arquivo. A iniciativa foi a senha
para que os grupos de oposição à presidente Dilma Rousseff selassem um
pacto informal de não agressão com o presidente da Câmara.
Apesar de ter sido acusado por um dos delatores da Operação Lava Jato de ter recebido propina, Cunha será poupado nas
manifestações contra a corrupção marcadas para o dia 16 de agosto. Em
contrapartida, os ativistas esperam que os pedidos de impeachment, agora
devidamente formatados e encorpados, sejam acolhidos.
Se antes negava de forma veemente que não encamparia a tese, agora
Cunha faz mistério sobre a possibilidade de usar o expediente como mais
um elemento de pressão sobre o Planalto. Segundo um aliado, o presidente
da Câmara sinalizou que pode acolher os pedidos depois do recesso e
antes das manifestações. Procurado pela reportagem, Cunha preferiu não
comentar.
Até agora, 12 documentos foram protocolados na Casa, mas os mais
consistentes serão entregues até quinta feira. “Tivemos na sexta-feira
uma reunião com o (jurista) Ives Gandra e mudamos nossa argumentação.
Acrescentamos pareceres dos juristas Adílson Abreu Dallari e Bernardo
Cabral, além dos argumentos do TCU sobre as pedaladas (fiscais)”, diz
Carla Zambelli, líder do Nas Ruas e porta-voz da Aliança Nacional dos
Movimentos Democráticos, coalizão que reúne dezenas de grupos anti-Dilma
que estão organizando as manifestações do dia 16. “Não vamos para cima
do Cunha no dia 16. Ele tem um papel importante. Nosso foco é o
impeachment”, completa.
O Movimento Brasil Livre (MBL), que se reuniu com Eduardo Cunha
depois da marcha ocorrida em maio entre São Paulo e Brasília, também
encorpou seu material. “Nos baseamos na tese das pedaladas fiscais.
Apresentamos o parecer completo do jurista Adilson Dallari mostrando que
a lei do impeachment é de 1950, portanto anterior a reeleição”, afirma
Renan Santos, um dos líderes do MBL.
Desde a gestão do ex-presidente Fernando Collor, um presidente da
Câmara não acolhe um pedido de impeachment. Se Cunha romper a
“tradição”, os requerimentos serão analisados por uma comissão composta
por integrantes de todas os partidos com bancadas da Câmara.
Entusiasmo. O
rompimento de Cunha com o governo e a manifestação do dia 16 reascendeu
na bancada do PSDB o entusiasmo com a tese do impedimento. Os tucanos
reconhecem que Dilma ainda tem força para vencer em plenário, mas
avaliam que os pedidos já seria mais um fator de desgaste. “A crise se
agravou e o evento do dia 16 tende a influenciar o que acontecerá no dia
17. Se os pedidos tramitarem, o PSDB da Câmara votará a favor”, afirma o
deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), líder da minoria. Os deputados tucanos
retomaram a campanha pelo impedimento nas redes sociais.
“Amigos, no dia 16 de agosto vamos voltar às ruas não mais para
protestar. Agora vamos pedir o impeachment de Dilma, responsável maior
por um governo corrupto, mentiroso e incompetente”, postou no Facebook o
deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), líder do PSDB na Câmara. “Se ele
(Cunha) quisesse arquivar, já teria arquivado. A briga será rua versus
plenário”, completa o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), único parlamentar
que pediu formalmente o impedimento. (Estadão).
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