"Hoje é dia do Cerrado, mas não vou comemorar"
Adriano Gambarini - 11/09/13
Não há o que comemorar. Nestes últimos 3 meses viajei pelos Estados de Minas Gerais, Goiás, Bahia e Mato Grosso e efetivamente o que vi foram áreas extensas cobertas com monocultura e pecuária. E como se não bastasse o regaço feito nos campos de cerrado e rupestres destes lugares, estão articulando mudanças nos fluxos dos rios para que a tão vangloriada (pelo governo) produção de grãos mato-grossense seja mais facilmente escoada para o outro lado do mundo.
De acordo com a WWF-Brasil, 40% do Cerrado brasileiro estão ocupados pela agropecuária, e ao todo, o bioma já perdeu mais da metade da vegetação original. E para piorar, menos de 3% desta savana brasileira estão protegidos de fato.
Decididamente, não há o que festejar. Só um lamento pelas espécies que desaparecem sem ao menos serem descobertas e identificadas. Só um desconsolo pelas espécies conhecidas com cada vez menos área para sobreviver e proliferar. Só um triste futuro sem luz no final do túnel. Ou melhor, luz há de ter... do fogo das queimadas. Por isto, este ensaio não vai ter fotos de 'bichos fofinhos' ou 'paisagens nostálgicas'. O que se vive hoje é o Dia de permanente melancolia pelo que um dia foi o Cerrado brasileiro.
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